Apresentado ao Brasil pela cantora Anitta, com quem gravou Downtown e outras três músicas, o colombiano J Balvin estourou após o sucesso do reggaetón Mi Gente. Com hits como I Like It, Un Dia (One Day), Ritmo e Con Altura, ele se tornou o maior nome da música latina na atualidade. Lançado no Amazon Prime Video no dia de seu aniversário, junto com a canção 7 de Mayo, The Boy From Medellín aponta para uma fase mais madura e política do artista.
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Documentários de bastidores de turnê de artistas costumam ser puro fan service, ou seja, um conteúdo mais restritos aos admiradores mais fanáticos. The Boy From Medellín foge à regra e essa não era a intenção quando o colombiano começou a gravar a semana que antecedeu o show de encerramento da turnê Arcoíris, em sua cidade natal, Medellín. Naqueles dias, a Colombia estava em pólvora com protestos estudantis – coincidentemente, na semana do lançamento do documentário, o país novamente enfrenta protestos que resultaram em cenas de violência policial.
The Boy From Medellín acaba tocando em um tema espinhoso no mundo da música pop e que também se aplica ao reggaetón quando o artista conquista a dimensão de astro pop: por ser uma arte para as massas, é consenso que politizar-se é perder público e, consequentemente, dinheiro. Afinal, não é possível agradar gregos e troianos quando se fala em política – a brasileira Anitta, por exemplo, relutou em marcar posição contra Bolsonaro em 2018. Assim como aconteceu com a intérprete de Girl From Rio, porém, a pressão por politizar-se chegou também para J Balvin.
O documentário fala sobre a relação da arte para as massas e a política, a relação do artista pop com a política, e o peso disso para J Balvin que, assim como Anitta e muitos outros, nunca foi chegado no tema. Balvin é precavido, com razão: como os protestos de 2013 e 2016 no Brasil bem mostraram, não é porque há muitas pessoas protestando nas ruas que elas estão certas. Mas a coincidência do grande show de sua vida ser justamente no estopim dos protestos, agravados pela morte de um jovem, o obriga a repensar a postura do silêncio. A melhor parte do filme é quando o colombiano conversa com o empresário, Scooter Braun (sim, aquele que levou Taylor Swift a regravar suas músicas – ele também agencia nomes como Ariana Grande, Justin Bieber e Demi Lovato). Com a fama, vem responsabilidades.
The Boy From Medellín também fala sobre saúde mental, com J Balvin falando abertamente sobre depressão e ansiedade, e sobre não desistir de seus sonhos. Quem vê J Balvin levando reggaetón ao Super Bowl com Jennifer Lopez pode nunca ter visto o colombiano pintando paredes para ganhar o sustento em Miami.
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