Filha de pais artistas, Sara Chaves tem a arte correndo nas veias. Cantando e dançando desde pequena, aos 10 anos entrou para o teatro e soube que faria aquilo para o resto da vida. Agora aos 24, a atriz já coleciona papéis de relevância em grandes musicais que rodaram o país, já foi backing vocal do “The Voice Kids” (TV Globo) e protagonizou o maior espetáculo de teatro musical à céu aberto do país, “Mundaréu de Mim”.
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Apesar do vozeirão, a artista revelou ao Pop Now que se vê como uma atriz que canta, mas que nunca fecha uma porta. Sobre o momento onde a luta pelo protagonismo preto vem ganhando destaque, Sara afirma que “A luta de fato não está vencida, mas é lindo ver produções com abertura e um olhar atento para protagonismo preto. Fico feliz de ser inspiração para jovens artistas pretos, o que é uma responsabilidade enorme.”
Confira:
1- Além dos palcos, você tem uma conexão muito forte com a música, certo? Pretende algum dia investir um pouco mais na carreira de cantora ou prefere a atuação?
S: Por mais que a música tenha chegado na minha vida primeiro que o teatro, confesso que sempre tive uma preferência maior pela atuação. Gosto de pensar que sou uma atriz que canta. Minha formação foi na área da arte cênica, mas nunca digo nunca! Quem sabe algum dia me desperte uma vontade de investir na carreira de cantora. Mas por enquanto, meu foco é como atriz e amo o que faço.
2- Você já foi backing vocal do The Voice Kids. Como foi essa experiência?
S: O trabalho como backing vocal do The Voice Kids foi inesperado, mas uma experiência incrível. Uma amiga da época da faculdade de artes cênicas me indicou para fazer backing para os candidatos, fui ao projac para audicionar e foi tudo muito rápido. Lembro da empolgação da minha família em todo processo, desde a ligação da Globo até o dia do programa ao vivo. Por mais que tenha sido 1 dia só foi uma experiência maravilhosa que me deu bagagem para tantos outros trabalhos. O tratamento de toda produção e candidatos foi ótimo. [backing] É uma área que tenho muito interesse também.
3- “Mundaréu de Mim” foi um dos maiores espetáculos de teatro musical a céu aberto do país. Como foi se apresentar para um público tão grande em um espaço aberto? Quais foram os maiores desafios?
S: Foi lindo ver uma multidão de pessoas interessadas por essa história, sedentas por serem atravessadas por esse enredo (que se enreda), sedentas por teatro. Tiveram sessões com mais de 3 mil pessoas. Sempre era um misto de emoção e gratidão por ter essa oportunidade de troca com um público tão grande. Por ser um musical open air, as maiores dificuldades foram climáticas. Acho que todo extremo é ruim: tanto muito frio quanto muito calor. Em casos de chuva, tínhamos que cancelar sessão para proteção de todos: público, atores, produção. Mas o Mundaréu proporcionava justamente essa experiência de arena, de céu aberto e era lindo!
4- Teve alguma situação curiosa ao longo dessa temporada do espetáculo que te marcou?
S: Tiveram algumas situações que se repetiram ao longo da temporada, um pouco antes de anunciarem as sessões canceladas de Mundaréu de Mim, devido ao tempo. O público chegava cedo no Parque – às vezes com 3 horas de antecedência – formava fila para garantir um bom lugar e quando começava a chover, ninguém queria sair do local que estava. Muitas pessoas já iam preparadas com capas de chuva, guarda sol, sombrinhas. E mesmo quando a produção anunciava que infelizmente não teria sessão, todos continuavam lá pois queriam muito assistir o espetáculo. Teve dia que o elenco foi embora e ainda tinha gente esperando a possibilidade de ter a peça. Era lindo ver um público fiel que estava com a gente, faça chuva, faça sol (literalmente).
5- Você protagonizou o espetáculo no momento em que o protagonismo preto está, finalmente, cada vez mais forte. Como é para você fazer parte desse movimento?
S: É uma conquista importante para mim e me sinto representando tantas histórias parecidas com a de Graciela, menina criada somente pela mãe e cheia de sonhos. Vejo passos marcantes sendo dados no audiovisual e teatro quanto a luta contra o racismo, papéis estereotipados. Esse ano, vi atores/amigos pretos em papéis de destaque com personagens solares, falando sobre amor. A luta de fato não está vencida, mas é lindo ver produções com abertura e um olhar atento para protagonismo preto. Fico feliz de ser inspiração para jovens artistas pretos, o que é uma responsabilidade enorme.
6- Qual a sua dica para atores pretos que também desejam se destacar?
S: A mensagem que quero transmitir para atores pretos e artistas em geral é: estudem, leiam muito (obras teatrais, críticas, história mundial do teatro, livros de grandes pensadores) e não desistam. Procurem cursos de especialização, bolsas de estudo, formem grupos e companhias teatrais. O caminho é longo e às vezes, bem cansativo, principalmente para nós [pretos]. Mas vale muito a pena no final. Podem fazer vocês acreditarem que não são merecedores de muitos locais e papéis. Porém, se tiver medo, vá com medo mesmo!
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