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O ano em que cruzei o Canadá rumo a Georgian Bay e suas 30.000 ilhas

Georgian Bay, Canada. Foto: Thaty Rolim

O que se pode dizer de 2020? Posso falar sem dúvidas que foi surpreendentemente marcante! Tudo começou no final de março com uma “road trip” de 3,210km de paisagens inolvidável que eu e meu esposo Rob fizemos. Praticamente cruzamos o Canadá pelos vales e as imensas montanhas cobertas por florestas de British Columbia, as infinitas pradarias de Alberta, Saskatchewan e Manitoba e, por fim as montanhas rochosas e os lagos gigantescos de Ontário para então, trocar o carro por uma embarcação movida a ar, que nos levou ao nosso destino final, umas das 30.000 ilhas de Georgian Bay!

O trajeto desde a marina até a ilha foi emocionante e repleto de paisagens únicas e inusitadas. Ao mesmo tempo que o barco deslizava pelo gelo harmonizado com neve e algumas piscinas de água aberta, eu me perdia na imensidão da baía, as rochosas ilhas que abrigavam casas arquitetônicas e os magníficos “Windswept pines”, ou seja, os pinheiros varridos pelo vendo como eles dizem por aqui. Explicando um pouco melhor, são pinheiros que crescem no sentindo do vento e parecem ter sido empurrados pelo mesmo e, já não estão mais retos e sim um pouco caídos.

Assim, consumida pela emoção eu me perguntava: “Será que estou sonhando ou isso existe mesmo?” Meus queridos, eu jamais em minha vida poderia pensar que existia algo tão magnificente, como essa baía de água totalmente cristalina azul que no meu ponto de vista parecia mais o mar.

Para você ter uma ideia da dimensão da coisa, a baía de “Georgian Bay” abriga 30.000 ilhas, tem a maior praia e é o maior arquipélago de água doce do mundo, com 9.321 quilômetros quadrado. Além disso, fora do Canadá, os 2 maiores complexos de ilhas de água doce estão no Lago Victoria, na África (3.000 ilhas), seguido pelo arquipélago de 400 ilhas do Parque Nacional de Anavilhanas, que fica na nossa tão exuberante Amazônia (o parque fica às margens do Rio Negro e à 200km de Manaus). Meu caro, ilhas de água doce são globalmente raras, consegue imaginar a grandiosidade da experiência?!

Baía de Georgian Bay Foto: Georgian Bay Islands National Park

Depois de 15 minutos de deleite (tempo ao qual durou a viagem de barco no hovercraft), chegamos à ilha. Uma modesta cabana branca com detalhes em azul claro, rodeada por muitos pinheiros, árvores e vegetação rasteira e claro muita água (rs rs). Dentro dela, me deparei com sua sensível forma escultórica de madeira natural nas paredes, teto e algumas mobílias… um verdadeiro convite para um bom aconchego.

Após examinar tudo ao meu redor, eu e Rob começamos a limpar e organizar a pequena cabana, que seria nosso refúgio por 4 semanas. Após algumas horas, terminamos a organização e sentamos para apreciar o pôr do sol com uma deliciosa taça de vinho. Desse forma brindamos em comemoração a nossa primeira aventura juntos e a façanha de chegar a ilha ao final do inverno para o começo da primavera. Uma vez que, essa área é destino de férias de verão e não se pode viver ali quando o clima começa a esfriar, pois as águas congelam, dificultando o acesso até as ilhas, além do frio ser muito duro.

No dia seguinte, ao som dos pássaros e dos gansos acordamos, tomamos um bom café da manhã e planejamentos nossa primeira semana, pois, iríamos ficar definitivamente ilhados porque a água da baía ainda não estava totalmente descongelada e por consequência não tínhamos como colocar o barco na água para nos locomover. Uma vez que o hovercraft era de um amigo do Rob e ele somente nos levou até a ilha.

Apreciando o por do sol

A semana na ilha voou, pelas inúmeras atividades que fizemos lá. Ligamos o sistema de água, checamos os painéis e baterias para a eletricidade solar, conectamos os docks, limpamos e colocamos o barco na água e fora diversas outras coisas. Mas, tudo isso combinado com uma boa comida, vinho, risadas e muita músicas.

Os dias foram passando, a primavera chegou trazendo mais calor e consequentemente a água da baía foi descongelando. Claro, que eu e Rob contribuímos para que o gelo derretesse mais rápido. Saímos muitas vezes de canoa para quebrar o gelo, para que esse ficasse em blocos menores e pudessem derreter mais rápido. Pois, já queríamos nos aventurar por outras partes e óbvio, comprar mais comida, cerveja e vinho.

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Passeio de canoa para quebrar o gelo

Foram muitos momentos memoráveis em Georgian Bay. Ali, passei a páscoa. Fiz um almoço multicultural para Rob, com direito a bacalhoada com batatas e charuto de repolho. Além disso, nos divertimos muito nas várias festas que fizemos quase todas às sextas a noite e os passeios de barco e canoa para explorar a região ou apenas ir aclamar o pôr do sol. Sem contar todo aprendizado e inserção da cultura canadense, principalmente de ter a oportunidade de conhecer algo tão peculiar, onde muitos imigrantes desconhecem e poucos têm acesso. Enfim, foram 4 semanas inesquecíveis em meio ao caos de uma pandemia global.

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