Há cerca de um ano, fui convidado pela Universal Music Brasil à conhecer e entrevistar uma incrível cantora de jazz australiana. Em sua primeira passagem pelo Brasil, a artista chegou ao país para inaugurar uma famosa casa de shows do gênero na cidade, e se apresentar ainda na unidade de São Paulo. Além da entrevista ao PopNow, a cantora se apresentou em programas de TV e conheceu alguns artistas brasileiros.
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Quando cheguei ao hotel, localizado no bairro de Ipanema, Zona Sul do Rio, logo avistei a assessora de imprensa, que ao lado estava do filho de um dos maiores músicos da música brasileira de todos os tempos. Com um sotaque gostoso da Bahia, pegamos o elevador juntos logo após sermos apresentados. Tudo rolou bem na entrevista. A australiana, ótima, respondeu lindamente às perguntas, em mais o que foi um “brunch entre amigos” que propriamente uma entrevista. À mesa estavam eu, o músico, e dois assessores que acompanhavam a artista em sua passagem pelo Brasil. Após posarem para fotos exclusivas no restaurante do hotel, a cantora e o músico ficaram conversando comigo por alguns momentos, até que seguisse de volta para casa.
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Quase um ano depois, começo, via Direct no Instagram, a conversar com Alice Caymmi usando a conta oficial do PopNow na rede social. Após algumas marcações e divulgações em nosso site, a mesma entrou em contato conosco se oferencendo para uma entrevista. Conversamos por alguns momentos e, em outubro de 2018, às vésperas das eleições, conversamos sobre diversos assuntos, entre música, política e aceitação. Esta entrevista permeia um material exclusivo (a ser publicado) em produção pela equipe deste portal.
Sabe aquele papo de mais de uma hora no telefone que simplesmente flui? Ali, naquele momento, eu me senti amigo íntimo de uma das maiores vozes da minha geração – e foi muito legal!
Meses depois, estou eu na Livraria da Travessa do BarraShopping, quando, após toda uma ideia de um trabalho completamente novo e único no PopNow, me deparei com meu álbum favorito da Alice: “Rainha dos Raios”. Se não ouviu, por favor, ouça esta obra prima da música brasileira. Alice, que é conhecida pelos seus vários momentos musicais, faz uma passagem incrível permeada em verdade e sentimentos. Fotografo o álbum e envio a foto via WhatsApp para a mesma, que me responde: “Onde você encontrou isso?”. Eu, aproveitando, enviei um textão falando da ideia de produzir um material exclusivo com ela, e todos os detalhes.
Em dezembro de 2018, enfim chegou o dia onde, entre loucuras e amores, passamos longas horas juntos realizando este trabalho lindo que será apresentado em breve como pacote de novidades deste portal. Ali, pude conhecer ainda mais uma artista incrível que eu já admirava, em toda sua essência.
Falamos sobre diversos assuntos como sua parceria com Pabllo Vittar, família, música, novas ideias, e ouvi em primeira mão as agora já lançadas novas versões de “Louca”: a capela, um remix assinado por João Brasil e, sim, uma versão em funk 150 BPM – para todos os gostos! -. Ali, em mais um episódio de admiração, vi o quanto uma artista se empenha para agradar seus fãs e se desafiar.
Meses se passaram, leio uma entrevista, através de um contato com Wes Santos, dono da Agência O Raio e assessor de Alice, sobre uma matéria da Folha onde Nana Caymmi, grande nome da música e tia de Alice, fala sobre a carreira da sobrinha. Entre fala e outra, a artista exaspera que “Eu tinha muita esperança de que ela fosse pro meu caminho. Achei que Alice ia dar mel, mas não deu”. Li como um chute no estômago.
Em seu show “Para Minha Tia Nana”, que percorreu o Brasil entre 2017 e 2018, Alice faz uma releitura das músicas que sua tia gostava de ouvir cantar. Alice, que apostava em uma estrutura semi-autoral para as faixas, entregava, não apenas seu empenho vocal, mas pessoal, na apresentação das músicas que, segundo ela, faziam um show “pesado”, por sua carga emocional. Imagine uma pessoa com um talento inigualável ter seu potencial afetado pela atitude de um familiar tão querido.
Qualquer artista que se preze não deveria desmerecer o trabalho do outro, por mais que não goste de sua composição e/ou sonoridade. Há tantos ritmos e estilos musicais diferentes, sons para todos os gostos, eventos de todos os tipos e pessoas interessadas nas mais diversas formas de expressão. O “caldo” de Alice não está no mainstream, mas na forma em que interpreta sua verdade em meio a explosão de músicas sem sentido, sem amor, que são feitas “para hitar“. Meu próximo encontro com Alice Caymmi será na Virada Cultural de São Paulo, no próximo sábado (18), onde a verei colocar toda esta verdade para fora em algumas das faixas mais incríveis que sua voz pode representar.
Carta para Alice
Tudo aquilo que foi dito e falado não diminui o que foi vivido. Viva, experimente, faça! Assim como tenho tatuado em meus braços, “SEJA!”. Simplesmente.
*Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete a opinião do Portal PopNow.
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