Opinião
A indústria da fofoca e o despropósito comunicacional
Domingo é dia de descanso e família. Para mim, foi o dia da comemoração de aniversário do meu pai, mas quem dera se o dia tivesse sido de apenas flores. Enquanto celebrávamos sem sairmos de casa, o Twitter e sites de fofoca pipocavam de informações após vazamentos de supostos áudios que movimentaram o mundo da música.
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De início, evitei a dar uma olhada porque, no dia em que o país superou oficialmente o número de 300 mil infectados e mais de 20 mil mortes, achei prudente não desviar meu olhar para algo tão sem propósito quanto acusações em redes sociais. No WhatsApp, no entanto, até os grupos menos movimentados os quais faço parte, só falavam deste assunto: Anitta x Leo Dias + acusações a Preta Gil e Jojô Matonttinni, além de suposta traição de Ludmilla.
Dito isto, ao abrir sites de música consagrados, que eu tenho o prazer de ler todos os dias, invadiram suas capas com informações baseadas em apenas um lado da notícia, aumentando o despropósito comunicacional. O jornalista deve informar a partir de bases técnicas, mostrando os diferentes pontos de vista. Caso não aconteça, haverá um lado apenas da informação.
O Portal PopNow, desde sua criação em 2016, evita a técnica de clickbait ou qualquer que seja a atuação em prol de views. Por este motivo, a linha editorial em meio à pandemia tem mostrado um lado mais leve da vida, sem deixar de apresentar dados importantes. Há duas semanas, o site apresentou uma interface que mostra, usando bases oficiais da OMS, o número de infectados combo Covid-19 em todo o mundo, destacando as pessoas que conseguiram se curar do vírus. São pais, mães, filhos, avós e etc, de todos os lugares do mundo, que venceram essa praga viral.
No Brasil, tem-se o comum e infeliz constante objetivo de se desviar o foco. Na política, independente de posicionamentos, temos sido bombardeados por uma série de atividades que movimentam Brasília e todo o país diariamente. Tem sido até difícil acompanhar o jogo das cadeiras do atual governo.
A cultura, que já fora um ministério, há um ano e meio virou secretaria especial. No carnaval de 2019, conheci o primeiro secretário especial de cultura, na Sapucaí, que não durou muito. De lá pra cá, foram tantos. Um saiu por parafrasear um ministro nazista, outra, por não ter feito nada. Enquanto isso, a classe artística, sem shows, teatro, eventos em geral, peleja.
Não estamos aqui para fomentar o ódio, muito pelo contrário. O objetivo do portal é promover uma integração, mostrando trabalhos de diferentes artistas, presenteando novos, e discorrendo sobre as informações. Estamos todos muito tristes, abalados e cansados de ficar em casa, com desejo continuo de vencermos esse vírus para termos de volta nossas vidas normais. A realidade é que o “novo normal” tem apresentado dilemas em nossas vidas. Tudo vai mudar. Já mudou.
Certo ou errado, não falamos sobre fofoca, não fomentamos o ódio ou o medo. Estamos para a cultura assim como os gestores da classe deveriam estar.