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Brasil

Solid Rock: Deep Purple dá show e conduz o público a uma experiência sensorial do hard rock dos 70-80s

Foto: Clara Carvalho/UDR.

Tesla, Cheap Trick e Deep Purple. Essa foi a trinca que o Solid Rock trouxe para a América do Sul após a baixa do popular grupo de southern rock Lynyrd Skynyrd. No Brasil, o Rio de Janeiro foi a cidade que encerrou a tour, com cerca de dez mil pessoas presentes na Jeunesse Arena, casa de espetáculos localizada na Barra da Tijuca, na última sexta, 15. A proposta que o festival tinha desde o princípio era reunir bandas que tenham ajudado a construir o cenário do hard rock mundial dentre as décadas de 70 e 80 e que ainda tivessem apelo de público atualmente.

Por esse motivo, primordialmente, a faixa etária predominante do público variava entre 30-40 anos, com algumas exceções para alguns mais jovens que poderiam ter sido influenciados por seus pais ou que simplesmente fizeram questão de buscar e acompanhar a história do rock ‘n roll. Senhores(as) de idade aparentemente por volta de seus sessenta e poucos anos – idade da maioria dos músicos – também foram contemplados com a escolha do lineup pela produção. A ausência dos roqueiros do Lynyrd Skynyrd, no entanto, com certeza contribuiu para que a lotação da arena não fosse esgotada, já que a escalação do septeto que tem no repertório clássicos como “Simple Man” e “Sweet Home Alabama” ao lado de Deep Purple traria um peso diferenciado para o evento. Como não foi possível a vinda dos músicos, por questões de saúde da filha de um dos integrantes, todos os holofotes se voltaram para os ingleses de Hertford.

Tesla:

Solid Rock, 15/12/2017, na Jeunesse Arena

Dave Rude, Tesla. Foto: Clara Carvalho.

Os californianos do Tesla foram os primeiros a subir ao palco da Jeunesse Arena, pontualmente às 19h30. Com oito álbuns de estúdio no currículo (sendo um acústico), o grupo de Sacramento formado em 1985 por Jeff Keith (vocais), Brian Wheat (baixo), Dave Rude (guitarra), Frank Hannon (guitarra) e Troy Luccketta (bateria) não é dos mais conhecidos do público brasileiro e fez sua estreia justamente no Solid Rock, mas isso não intimidou em nada os norte-americanos. A energia e visual de Jeff Keith, frontman da banda, remetem ao glam rock, estilo popular na década de 80. No som e na maneira de cantar do vocalista, dá pra perceber uma influência notória de Steven Tyler e Aerosmith, banda norte-americana de hard rock que mais vendeu discos na história, cerca de impressionantes cento e cinquenta milhões de cópias.

Dentro do festival, o Tesla teve apenas uma hora de apresentação e trouxe um setlist reduzido, com oito músicas apenas – sendo duas, covers. A casa, apesar de ainda estar bem vazia por conta do horário, se empolgou e interagiu várias vezes sob o comando de Jeff, que fez a diferença no palco por sua performance extravagante, tanto nos vocais como nos elogios. “Muito bom, Rio!”, disse em português antes da última música. “Love Song”, principal hit da banda, tem mais de 33 milhões de views no YouTube e foi acompanhada por alguns fãs que vestiam a camisa do Tesla. “Modern Day Cowboy”, música mais animada do set, pôs todo mundo pra dançar.

Setlist:

Edison’s Medicine (Man Out of Time)
The Way It Is
Hang Tough
Heaven’s Trail (No Way Out)
Signs (Five Man Electrical Band cover)
Love Song
Little Suzi (Ph.D. cover)
Modern Day Cowboy

Ouça um trecho de “Love Song”, um dos hits do Tesla:

Cheap Trick:

Solid Rock, 15/12/2017, Jeunesse Arena.

Antecessores do Tesla, nascidos em 1974, o Cheap Trick foi o substituto do Lynyrd Skynyrd. Apresentados com todas as honras, sendo anunciados pelos alto-falantes da Jeunesse Arena como “a banda de rock mais foda que vocês conhecem!”, o quarteto de Illinois liderado por Robin Zander já lançou dezenove (!) álbuns de estúdio nos 43 anos que estão na ativa e são bastante interessantes e originais quando se trata de estilo e sonoridade. Trajando um chapéu de cowboy e um conjunto de calça, jaqueta e guitarra com a mesma estampa de quadrinhos, o vocalista Robin é daqueles sessentões do rock com muita vitalidade e voz. Mas quem roubou a cena em simpatia e carisma foi o guitarrista Rick Nielsen, de 68 anos. Em diversos momentos do espetáculo, ele fez chover (ou quase isso) palhetas na Pista Premium, premiando alguns sortudos que guardaram sua posição privilegiada desde cedo.

“Essa próxima música foi gravada antes da maioria de vocês terem nascido”, comentou o vocalista antes do cover de “Ain’t That a Shame”, gravada por Fats Domino em 1955. De fato, não houve muita movimentação e as pessoas não sabiam cantar, mas observaram com atenção os passos dos músicos e os acompanharam com palmas e coros, como durante todo o show. Em português, o clássico e clichê “obrigado”. Mas mesmo em inglês, os diálogos foram pontuais e basicamente se limitaram a agradecer ao público, não tomando muito do tempo da apresentação que teve o maior set da noite: 18 músicas. Dentre os destaques, “In The Street”, cover de Big Star e que fez parte da trilha da série That ’70s Show, que revelou artistas como Ashton Kutcher e Mila Kunis. Além dela, “I Want You To Want Me” e “Dream Police”, mais pro fim do show, foram as mais aplaudidas.

O palco e a iluminação seguiram a mesma premissa da simplicidade. No cenário, apenas um pano de fundo preto com a logo da banda. O foco ali era a música e o som porradeiro e versátil produzido pelos músicos. A versatilidade foi tanta que até uma maraca, instrumento musical de percussão comum na América Latina, foi usado.

Setlist:
Hello There
Big Eyes
You Got It Going On
She’s Tight
Ain’t That a Shame (Fats Domino cover)
Clock Strikes Ten
When I Wake Up Tomorrow
Long Time Coming
Baby Loves to Rock
In the Street (Big Star Cover)
Stop This Game
I’m Waiting for the Man (The Velvet Underground Cover) 
The Flame
I Want You To Want Me
Dream Police
Run Rudolph Run
Surrender
Goodnight Now

Pontuais como bons britânicos que são, o Deep Purple subiu ao palco às 23h em ponto e foi a atração principal da noite. Com um setlist enxugado, mas bem selecionado, a banda empolgou, emocionou e conduziu o público por mais de quarenta anos de carreira, com clássicos como “Strange Kind of Woman”“Perfect Strangers” e “Smoke On the Water” cantados com pura emoção e entrega, entre palmas, aplausos e berros histéricos.

A qualidade magistral com que cada músico desempenhava sua função é um ponto a se destacar. Roger Glover, no baixo, e Steve Morse, na guitarra, deram show nos momentos em que solaram. E Don Airey? Já da metade pro fim do show, fez uma versão especial de “Aquarela do Brasil” e outros clássicos da música no seu teclado para uma merecida ovação do público. Definitivamente, não apenas Ian Gillan – frontman da banda – e seus agudos impecáveis chamaram a atenção e fizeram a apresentação ter um impacto sobre a plateia.

Até a iluminação, luzes e projeções no telão. Tudo com um nível de disparidade imenso para as bandas que haviam se apresentado. Afinal de contas, era apenas o Deep Purple, um dos grupos de precursores do hard rock e heavy metal reunido para apresentar o que tinham de melhor no cartel.

Veja o vídeo com um trecho de “Smoke On the Water”!

Setlist:
Highway Star
Pictures of Home
Bloodsucker
Strange Kind of Woman
Uncommon Man
Lazy
Birds of Prey
Knocking at Your Back Door
Keyboard Solo
Perfect Strangers
Space Truckin’
Smoke on the Water

Bis:
Hush (Joe South cover)
Black Night

Veja a galeria de fotos do show:

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Jornalista, publicitária, pós-graduada em Marketing, apaixonada por música e esportes e com experiência de cerca de dez anos na área do entretenimento. Leonina e workaholic, já atuei na produção e imprensa de eventos como Rock in Rio (2013, 2015, 2017, 2019, 2023), Lollapalooza Brasil, Maximus Festival e Olimpíadas Rio 2016. A música é como uma extensão da minha alma e a diversidade cultural e linguística me fascinam. Livros não podem faltar na minha estante, shows na minha agenda e esportes na minha programação dia-a-dia. Se pudesse me descrever em uma frase na atual fase da vida, esta seria: "Find what you love and let it kill you." BUKOWSKI, Charles.

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