Opinião

Rock in Rio 2024: O que funcionou e o que não funcionou no primeiro final de semana

Rock in Rio. Foto: Reprodução / Instagram

O Rock in Rio deu início à sua edição comemorativa de 40 anos com um fim de semana memorável, repleto de grandes shows, momentos nostálgicos e algumas dificuldades. Reconhecido como um dos maiores festivais de música do mundo, o Rock in Rio 2024 celebrou sua trajetória ao longo de quatro décadas, trazendo uma mistura de passado e presente, em uma programação que reuniu grandes nomes do cenário musical global e nacional. Contudo, como é natural em um evento desse porte, nem tudo saiu conforme o esperado, com alguns desafios técnicos e críticas à produção.

Fundado em 1985, o Rock in Rio não apenas redefiniu o calendário de festivais no Brasil, como também ajudou a projetar o país como um polo internacional de grandes eventos musicais. Ao longo dos anos, o festival tornou-se um marco cultural, não apenas pela música, mas também pelas experiências imersivas que proporciona, reunindo diversas gerações de fãs que compartilham sua paixão por diferentes gêneros musicais. A edição de 2024 foi organizada para homenagear essa rica história, e até agora, já entregou momentos inesquecíveis para o público.

A Magia da Cidade do Rock

O ambiente da Cidade do Rock, mais uma vez, se transformou em um grande parque de diversões para os fãs de música, com luzes, shows de pirotecnia e performances aéreas. Uma das grandes novidades foi o retorno da Esquadrilha Céu, que fez uma exibição sincronizada com trilha sonora composta por Zé Ricardo, uma homenagem à memorável exibição aérea da edição de 2001. A Cidade do Rock também ofereceu experiências interativas, como o musical “Sonhos, Lama e Rock n’ Roll”, que atraiu 7 mil espectadores, recontando a história do festival.

No entanto, alguns problemas no planejamento de ativações de marcas – que exigiam agendamentos via aplicativo – frustraram alguns visitantes, que esperavam maior acessibilidade às experiências no local. Os brinquedos, como a roda-gigante e a montanha-russa, continuam sendo uma das atrações mais procuradas.

Primeiro Dia: Travis Scott faz com show apoteótico

O primeiro dia, sexta-feira, 13 de setembro, trouxe uma mistura de trap, funk e rap para o Palco Mundo, com destaque para o show apoteótico de Travis Scott, que fechou a noite. O rapper norte-americano hipnotizou a multidão com sua performance audiovisual impressionante, repleta de efeitos visuais e fogos de artifício, criando um dos momentos mais memoráveis da edição. Hits como “SICKO MODE”, “STARGAZING” e “HIGHEST IN THE ROOM” sacudiram a Cidade do Rock.

Antes de Travis, o público foi agitado pela performance de 21 Savage, um dos grandes nomes do rap internacional, que trouxe um setlist pesado com sucessos como “A Lot” e “Bank Account”.

Já a brasileira Ludmilla teve sua estreia no Palco Mundo, trazendo o melhor do funk carioca para o festival, com hits como “Rainha da Favela” e “Verdinha”. Apesar de problemas técnicos que atrasaram o início do show e comprometeram parte da performance, Ludmilla mostrou sua resiliência, interagindo com o público e entregando uma apresentação memorável.

Matuê também fez história ao convidar seus parceiros de cena Wiu e Teto para uma apresentação conjunta no Palco Mundo. O trio, que representa uma nova geração do trap brasileiro, empolgou os fãs com sucessos como “Quer Voar” e “Groupies”, mostrando a força do rap nacional no festival.

Segundo Dia: Imagine Dragons explode o Palco Mundo

O sábado, 14 de setembro, foi o dia mais eclético do fim de semana, com uma programação que equilibrou pop, rock e música brasileira no Palco Mundo. O retorno do Imagine Dragons foi o grande destaque da noite. A banda norte-americana levou o público ao delírio com seus maiores sucessos, incluindo “Believer”, “Thunder” e “Radioactive”, em uma apresentação eletrizante que mostrou por que são um dos nomes mais queridos pelo público brasileiro. O vocalista Dan Reynolds mais uma vez cativou os fãs com sua energia e carisma, entregando um dos shows mais emocionantes do festival até agora.

O Palco Mundo ainda contou com apresentações de Zara Larsson, que trouxe o melhor do pop europeu para a Cidade do Rock, e OneRepublic, com uma performance cheia de hits como “Counting Stars” e “Apologize“. Fechando a programação brasileira da noite, Lulu Santos subiu ao palco com um repertório cheio de clássicos, fazendo o público cantar junto em um momento de pura nostalgia. Lulu, que já é um veterano do Rock in Rio, trouxe todo o peso de sua carreira e demonstrou porque é uma lenda viva da música brasileira.

No Palco Sunset, o destaque foi para o show da banda NX Zero, que fez uma performance emocionante repleta de nostalgia, especialmente com sua homenagem a Chorão, vocalista do Charlie Brown Jr., em uma comovente versão de “Céu Azul”. O show foi um ponto alto para os fãs do rock nacional, celebrando uma geração de hits que marcou o cenário musical brasileiro.

Terceiro Dia: Rock em alta com Incubus, Evanescence e Avenged Sevenfold

O domingo, 15 de setembro, foi inteiramente dedicado ao rock, celebrando a essência que deu nome ao festival. No Palco Mundo, quem abriu os trabalhos foi a banda Os Paralamas do Sucesso, ícones do rock brasileiro, que trouxeram ao público um show repleto de clássicos como “Alagados” e “Meu Erro”. Logo em seguida, foi a vez de Journey subir ao palco, levando os fãs em uma viagem nostálgica pelos seus grandes sucessos como “Don’t Stop Believin’” e “Any Way You Want It”.

A noite também contou com a poderosa performance de Evanescence, liderada pela inconfundível voz de Amy Lee, que trouxe ao público sucessos como “My Immortal” e “Bring Me to Life“. O show foi um dos mais emocionantes do festival, misturando a intensidade das guitarras com a suavidade e potência vocal de Amy.

Encerrando o dia, o Avenged Sevenfold tomou conta do Palco Mundo com seu heavy metal pesado e performances incendiárias. O grupo norte-americano trouxe à Cidade do Rock sucessos como “Hail to the King” e “Nightmare”, em uma apresentação cheia de energia e solos de guitarra, fechando o domingo com chave de ouro.

Problemas e Frustrações

Apesar dos momentos mágicos, nem tudo correu perfeitamente nos primeiros dias de Rock in Rio 2024.

Sustentabilidade contestada com os copos reutilizáveis: A tentativa de promover a sustentabilidade com o uso de copos reutilizáveis gerou críticas entre o público. Embora o objetivo fosse eliminar copos descartáveis, a exigência de adquirir novos copos para cada bebida, em vez de reutilizar o mesmo, frustrou muitos frequentadores. Para alguns, a medida foi vista mais como uma estratégia comercial do que uma real preocupação ambiental, gerando discussões acaloradas nas redes sociais sobre a verdadeira eficácia da ação.

Problemas com show de Ludmilla: A estreia de Ludmilla no Palco Mundo foi um dos momentos mais aguardados do festival, mas acabou ofuscada por problemas de produção. Ludmilla, uma das maiores artistas do Brasil atualmente, mostrou resiliência diante dos contratempos.

Banheiros e Infraestrutura: Apesar da grandiosidade do evento, um dos principais problemas relatados pelos visitantes foi a infraestrutura dos banheiros. As longas filas e a falta de limpeza adequada foram pontos de crítica, e muitos esperavam que uma edição especial de 40 anos tivesse uma logística mais eficiente para lidar com o grande volume de público.

A Importância do Rock in Rio e Seus 40 Anos de História

O Rock in Rio 2024 não é apenas mais uma edição do festival; é a celebração de quatro décadas de música, cultura e união entre diferentes gerações. Desde sua criação em 1985, o evento se tornou um marco global, ajudando a consolidar o Brasil no circuito dos grandes festivais internacionais e promovendo uma experiência que vai muito além dos shows. A edição comemorativa busca reviver momentos icônicos e criar novas memórias para fãs de todas as idades, reafirmando o legado do festival como um dos maiores eventos de música do mundo.

Com mais de 300 mil pessoas passando pela Cidade do Rock nos primeiros três dias, o festival já proporcionou momentos inesquecíveis, tanto pelos grandes nomes da música quanto pela atmosfera única que ele oferece. E com mais dias de festival pela frente, incluindo apresentações aguardadas de Ed Sheeran, Katy Perry, Mariah Carey e Shawn Mendes, além do inédito Dia Brasil.

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