O diretor de fotografia é o profissional responsável por, efetivamente, capturar as imagens de um filme. Enquadramento, movimento de câmera, iluminação… tudo isso está sob sua alçada. Em suma, ele trabalha, junto com o diretor, na construção de um tratamento visual que traga a atmosfera ideal para a obra. O vencedor do ano passado foi Linus Sandgren, por La La Land.
Então vamos conhecer os indicados deste ano! Eles são…
Blade Runner 2049
O diretor de fotografia Roger Deakins conta que ele o diretor Denis Villeneuve decidiram por um visual “futurista, mas ancorado na realidade do início de século 21, com a aceleração das mudanças climáticas e o aumento da desigualdade econômica”. Procuraram combinar o mundo ficcional do primeiro filme com a criação do que realmente poderia ser uma Los Angeles do futuro. Deakins usou como referência a maneira como os arquitetos usam a luz em construções modernas, especialmente a forma como a luz cai nas grandes estruturas de concreto. Também serviram de inspiração imagens isoladas de alguns lugares do mundo, como uma paisagem na Islândia e uma tempestade de areia na Austrália, entre outras.
Deakins é um diretor de fotografia veteraníssimo. Já foi indicado 13 vezes ao Oscar, anteriormente, por filmes como: Um Sonho de Liberdade (1994), Fargo – Uma Comédia de Erros (1996), Onde os Fracos Não Tem Vez (2007), Bravura Indômita (2010), Skyfall (2012). Acontece que ele nunca ganhou, e por isso é tido como uma das pessoas com quem a Academia possui grande débito. Será que dessa vez Deakins leva?
O Destino de uma Nação
“Ele era um cara que queria se esconder, mas que queria ter o poder também”, pondera o diretor de fotografia Bruno Delbonnel sobre Winston Churchill, personagem principal do filme. E, de fato, evocar essa dubiedade do primeiro-ministro britânico, bem como ressaltar seus momentos de dúvida interna, foi a ideia-chave para a composição visual do filme. Por isso, há sempre uma variação entre luz e sombra, especialmente representada no contraste entre a luz exterior do sol e a escuridão dos ambientes interiores, através de largas janelas.
Esta é a quinta indicação do francês Delbonnel ao Oscar, sem vitórias até o momento. Ele assinou a fotografia de filmes como O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (2001), um trabalho clássico e muito lembrado até hoje, e Harry Potter e o Enigma do Príncipe (2009).
Dunkirk
A ideia do diretor Christopher Nolan e do diretor de fotografia Hoyte van Hoytema era a de criar uma experiência imersiva, tentando ao máximo capturar a imagem numa situação de ponto de vista, de modo a permitir que o espectador experienciasse aqueles momentos (da Batalha de Dunkirk) como se estivesse lá. Hoytema conta que, apesar da divisão de linhas de tempo entre terra, céu e mar, na narrativa do filme, ele procurou não fazer nenhuma demarcação visual nesse sentido. Assim, ele optou por uma abordagem documental, através de câmera na mão e aproveitamento da luz natural – usando o menos possível de efeitos de chroma-key.
Hoytema é suíço de pais holandeses. Ele ganhou notoriedade por seu trabalho no terror sueco Deixa Ela Entrar (2008), tendo posteriormente cuidado da fotografia de filmes como O Vencedor (2010), Ela (2013) e Interestelar (2014), este também de Christopher Nolan. Esta é sua primeira indicação ao Oscar.
Mudbound – Lágrimas Sobre o Mississippi
A diretora de fotografia Rachel Morrison conta que, inicialmente, achava que a natureza do projeto pedia que ele fosse filmado em celuloide, mas que limitações de orçamento fizeram com que ela tivesse que adaptar sua conceitualização visual do filme para o digital. Ela e a diretora Dee Rees não buscaram referências em obras narrativas, mas nas belas artes, como em pinturas e esculturas. O tratamento visual foi usado como recurso para retratar as diferentes fases da trama – e, assim, evolui-se de uma paleta de cores mais saturadas e câmera fluida para um paleta mais drenada e uso de câmera na mão.
Rachel Morrison faz história no Oscar. Em 90 edições da premiação, ela é a primeira mulher a ser indicada em Melhor Fotografia. Morrison tem 39 anos e também é responsável pela fotografia de Pantera Negra, atualmente em cartaz nos cinemas.
A Forma da Água
A ideia inicial era que o filme fosse em preto e branco, mas assim que o diretor Guillermo del Toro decidiu filmá-lo em cores, o trabalho se tornou inteiramente sobre “cores, sentimentos e atmosferas”, relata o diretor de fotografia Dan Laustsen. Esse trabalho de cores, aliás, foi feito todo na câmera, através de filtros, ao invés de digitalmente na pós-produção. Segundo ele, seu principal dilema era lidar com a diferença entre um mundo de pureza e beleza fantástica e outro de sombras profundas e momentos brutais. Um fator importante era o de usar bastante câmera em movimento, pois del Toro queria manter a sensação de uma câmera flutuante o tempo todo.
Laustsen tem uma larga experiência no cinema da Dinamarca, seu país natal – tendo recebido vários Prêmios Robert, o Oscar de lá – mas fez pouca coisa em Hollywood. Entre seus trabalhos mais conhecidos estão A Liga Extraordinária (2003) e A Colina Escarlate (2014), filme anterior de Guillermo del Toro. Esta é sua primeira indicação ao Oscar.
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