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PopEntrevista

Mayra apresenta seu EP, ‘Voices’, e fala sobre feminismo, reconhecimento e luta

Mayra é um nome que ouviremos com muita frequência nos próximos anos. Pode anotar aí.

Originalmente chamada de Mayra Arduini, a moça é cantora, compositora, atriz e escritora. Herdou o gosto pela música de seu pai, Frankye Arduini, músico e compositor, mas seguir um caminho bastante diferente: enquanto o pai foi um dos precursores da soul e funk music no Brasil, Mayra decidiu que seguiria por um caminho mais popular.

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Atualmente, Mayra é uma das cantoras e compositoras mais requisitadas da América do Sul. Não por acaso: desde 2008, Mayra escreve com seu amigo e parceiro, Bruno Martini, e já esteve em turnê por todo o país, além de ter tido o seu próprio programa de TV na América Latina (College 11) e ter trabalhado com a Disney Records por anos.

Em busca por solidificar a sua imagem enquanto artista solo, Mayra acaba de lançar o seu EP de estreia, “Voices“, que estará disponível em todas as plataformas digitais hoje, dia 17 de Maio.

O EP “Voices” é composto por três faixas, “Listening”, “Looking For You” e “Monster”, que compõem uma narrativa.

Ficou curioso para saber mais? Leia a nossa entrevista exclusiva com a Mayra abaixo, então!

POPNOW: Conta para gente um pouco da sua trajetória. O seu contato com a música veio do seu pai, mas quando você soube que esse caminho era para você também?

MAYRA: Ahn, nossa! (risos) Eu acho que a música sempre esteve dentro de mim, desde criança. Eu fazia shows na sala para os meus pais, cantando Christina Aguilera, sabe? Esse foi o primeiro contato que eu tive com a música pop.

Eu não pensava em levar a música como trabalho porque ela era normal na minha vida; acho que só cheguei à conclusão de que gostaria de trabalhar com isso quando tinha uns treze, quatorze anos de idade. Eu comecei a escrever música na minha casa, tocava violão mal pra caramba (risos). Meu pai viu que era sério e resolveu me colocar em uma aula, para que eu aprendesse a tocar melhor.

A verdade é que meu pai queria me produzir. Mas ele é da velha guarda, trabalhou com Tim Maia, Raul Seixas… A praia dele não é a música pop. Foi quando eu conheci o Bruno (Martini) e bateu a química musical de primeira.

A gente começou a escrever música, logo depois de conversar e descobrir que tinha muita coisa em comum. O negócio deu tão certo que, certo dia, a gente conseguiu escrever seis músicas em quatro horas. Foi incrível. Acabou que surgiu a oportunidade de apresentar o trabalho para a Disney e foi… Bem, a gente mandou as demos, eles gostaram. O resultado é que, com 16 anos, eu assinei com a Walt Disney Records. Foi um marco incrível na minha vida.

POPNOW: E como aconteceu essa transição da Disney para a carreira solo?

MAYRA: A gente trabalhou com a Disney, a gente teve programa de televisão, trabalhar com a Disney é uma experiência maravilhosa. A gente conseguiu fazer coisas que poucas pessoas no Brasil fizeram.

É maravilhoso ter trabalhado com eles; essa é uma coisa pela qual eu sempre serei grata. Depois de mais de seis anos nessa linha, a gente percebeu que era a hora de buscar a nossa voz, de entender quais seriam as mensagens que gostaríamos de passar. Foi aí que notamos que era o momento de seguir o nosso caminho como artistas.

O Bruno partiu para investigar o caminho dele; eu tive um pouco mais de dificuldade. Eu me perguntei qual seria a minha mensagem, então tive que ir me descobrindo. Nesse processo, eu também trabalhei com o Bruno, porque ele é para sempre, mas eu fui em busca de entender qual é a minha linha de trabalho, a minha mensagem.

Criar uma coisa pessoal, para mim, é o início da Mayra. É o meu início solo, na busca por passar uma mensagem positiva, dar mais voz às causas. Eu não sou a única pessoa que faz isso, é claro, mas eu acredito que é importante que haja cada vez mais gente falando sobre essas coisas.

POPNOW: Quais são os artistas que fizeram parte da sua história?

MAYRA: Quando eu comecei, eu escutava Beatles! Eu tenho uma tatuagem dos Beatles nas costas, então… é algo que me marcou bastante. Eu sempre ouvi muita coisa, porém. Eu escutava Nat King Cole, eu escutava música clássica, ouvia Pop Rock também.

Eu me apaixonei por uma banda chamada McFly e, cara… eu acho que eles foram uma grande inspiração. Eles tinham uma pegada meio pop, mas um quê de Beatles, eu acho, e isso me ajudou bastante a criar.

Inevitável citar o Michael Jackson também. Tenho um pôster dele na minha parede até hoje. Nessa minha criação musical, foram esses.

POPNOW: E hoje, o que você tem escutado?

MAYRA: Eu tenho descoberto coisas novas; sempre procuro por isso. Atualmente, eu tenho ouvido BTS. Eu entrei no mundo do BTS faz mais ou menos um ano e meio… e nunca mais saí. (Risos)

A mensagem que eles passam é uma mensagem que eu nunca pensei que eu ouviria de um artista. Eles têm essa preocupação de ensinar amor próprio, que é algo que transcende a parte artística, que toca na parte humana mesmo.

A Ariana Grande é uma artista inspiradora, não só musicalmente. É claro que existe a parte do marketing, mas eu me preocupo em ouvir a música em si. Ela faz isso bem.

Tem artistas nacionais que são muito inspiradores também, como a Gloria Groove, a Day Lima… São pessoas que eu admiro muito, que eu conheço pessoalmente.

POPNOW: Sobre Voices: as três faixas que compõem o EP, quando unidas, contam uma história. De onde veio a ideia do formato?

MAYRA: É uma trilogia, sim. Quando eu comecei a ouvir BTS, eu fiquei encantada com a ideia de um dos álbuns dele, que tinha uma narrativa incrível. Eu fiquei apaixonada e sonhando em poder fazer algo parecido.

O meu EP conta uma história, os videoclipes também. Trabalhei com uma equipe só de mulheres, para poder criar algo que fizesse sentido. A minha diretora, aliás, foi minha mãe, amiga, tudo. Ela me ajudou a criar os roteiros, me ajudou a pensar sobre o que é ser mulher, em como abordar a dificuldade de ser mulher, as limitações e desafios. Foi um processo longo, complicado, mas foi maravilhoso.

POPNOW: Os videoclipes estão prontos?

MAYRA: Dois estão prontos; a gente tá trabalhando no último. Estamos corrigindo cores, organizando algumas ideias, mas estão praticamente prontos.

POPNOW: Você tem uma data de lançamento?

MAYRA: Não sei dar datas certas, mas acredito que vai rolar um intervalo de três semanas entre um clipe e outro. Preciso confirmar, mas acho que é por aí. (risos)

POPNOW: Você criou uma narrativa sobre a experiência de ser mulher. Você pode nos contar mais sobre esse interesse?

MAYRA: Eu acho que não escolhi a temática, sabe? Parece que ela só veio, como algo natural mesmo. Não houve uma escolha consciente, digamos assim.

A “Listening” (primeira música do EP, cujo videoclipe você vê no final da entrevista)… Eu conversei com uma amiga, ela tinha acabado de passar por uma situação complicada e me ligou chorando. Ela me contou tudo e eu fiquei pensando em como a gente normaliza as coisas.

Depois de um tempo, eu pensei que deveria escrever algo sobre a experiência dela, como forma de enxergar isso. Eu nunca conheci uma mulher que não tenha passado por isso, vivenciado abusos. Apesar de a gente estar na era do feminismo, a gente não pode ser egocêntrico, falar só do particular. É necessário falar sobre as dificuldades do outro, entender que existem diferenças nas vivências de uma mulher branca e de uma mulher negra, de uma mulher de trans e de uma mulher asiática.

Eu não sirvo de voz para todas. Eu gostaria de mostrar que elas podem falar sozinhas, que elas têm sua voz. Nos videoclipes, eu coloquei mulheres na tela e atrás das telas. A maioria das pessoas envolvidas no que nós produzimos é mulher. Não é só passar a mensagem; é fazer com que ela seja real.

Eu nunca entendi músicas sobre mulheres sendo escritas sobre homens. Eu achei necessário pegar esse lugar. Acho que foi o tema que me escolheu.

POPNOW: Quais são os seus próximos passos?

MAYRA: A partir de agora, quero focar no EP. Eu estou montando um show também, porque eu amo fazer show. (Risos) É uma das melhores partes de ser artista. Não quero esquecer, porém, que eu também sou compositora. Eu quero fazer música, eu quero escrever. Vai ter muita música pra sair.

Eu acho que é isso; tem muita música pra rolar, muitas parcerias com o Bruno, com outros artistas que gravaram músicas que eu escrevi. Eu tô muito orgulhosa de ter trabalhado com eles (Mayra trabalhou com o Rouge, por exemplo). Só coisas boas estão a caminho.

Ficou interessado em saber mais sobre o trabalho da Mayra?

Então aproveite!

Confira o clipe de “Listening“:

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