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Lady Gaga e Joaquin Phoenix brilham em ‘Coringa: Delírio a Dois’, mas o caos do personagem original faz falta

Coringa: Delírios a Dois. Foto: Divulgacão / Universal Pictures Brasil

Com Coringa: Delírio a DoisTodd Phillips volta a mergulhar na mente perturbada de um dos vilões mais icônicos da cultura pop, desta vez trazendo um novo elemento com a adição de Lady Gaga ao elenco. Joaquin Phoenix, que ganhou o Oscar de Melhor Ator por sua interpretação devastadora no primeiro Coringa, retorna ao papel com a mesma intensidade, entregando mais uma performance extraordinária.

Phoenix, como esperado, não decepciona. Ele é novamente o coração da narrativa, mostrando a evolução (ou degradação) do seu Coringa, um homem cuja mente desmorona à medida que a realidade e o delírio se misturam de forma indistinguível. Sua atuação é tão hipnotizante quanto visceral, trazendo nuances emocionais que vão desde o desespero à exaltação. Phoenix continua a explorar a fragilidade humana do personagem, oferecendo uma visão única e perturbadora do vilão que, apesar de sua loucura, parece incrivelmente real e tangível.

Uma nova abordagem cinematográfica

Coringa: Delírios a Dois. Foto: Divulgacão / Universal Pictures Brasil

O diretor Todd Phillips, que já havia revolucionado a visão de filmes de quadrinhos com um estilo mais sombrio e psicológico em Coringa (2019), continua a se afastar da fórmula comum. Desta vez, Phillips ousa ainda mais, utilizando recursos cinematográficos que envolvem cenários distorcidos, uma paleta de cores desbotada e ângulos de câmera que provocam desconforto, refletindo a mente caótica dos protagonistas. As intervenções musicais — com a presença marcante de Lady Gaga — são outro ponto de inovação, sendo usadas não como meros entretenimentos, mas como dispositivos narrativos que intensificam o mergulho na loucura dos personagens.

Essa escolha de Phillips cria uma experiência imersiva, oferecendo uma nova perspectiva sobre uma história que poderia facilmente cair na repetição. As cenas musicais, embora inesperadas, são tão perturbadoras quanto belas, servindo como uma representação do estado psicológico fragmentado de Coringa e Harley Quinn. O espectador é levado a questionar o que é real e o que é fruto da imaginação dos personagens — um recurso eficaz que dá nova vida a essa narrativa.

A falta do caos clássico do Coringa

Coringa: Delírios a Dois. Foto: Divulgacão / Universal Pictures Brasil

No entanto, apesar das atuações poderosas e da ousadia cinematográfica, Coringa: Delírio a Dois fica aquém quando se trata de retratar o caos pelo qual o Coringa é conhecido. Nos quadrinhos e nos inúmeros filmes do Batman, o personagem é sinônimo de destruição, anarquia e uma imprevisibilidade que o torna assustador. Neste filme, porém, esse aspecto é atenuado. Enquanto o primeiro Coringa capturou perfeitamente o início dessa transformação anárquica, a sequência parece mais focada na relação doentia entre Coringa e Harley Quinn, deixando de lado o caos grandioso que muitos fãs esperam.

A história, embora envolvente, perde parte da energia descontrolada que faz o Coringa ser quem ele é. O foco na psique dos personagens e na loucura compartilhada entre eles, embora fascinante, não substitui o sentimento de pânico e caos total que o Coringa geralmente traz ao mundo ao seu redor. A falta desse elemento torna Delírio a Dois menos impactante em termos de ação e caos generalizado, características essenciais nas encarnações anteriores do vilão.

Conclusão

Em Coringa: Delírio a DoisLady Gaga e Joaquin Phoenix são um duo formidável, e o filme se beneficia da intensidade de suas atuações. O uso criativo de elementos cinematográficos por Todd Phillips renova uma história já familiar, tornando-a mais imersiva e perturbadora. No entanto, o filme carece da anarquia e do caos que tornaram o Coringa um vilão icônico em outras versões.

É uma obra intensa e psicológica, mas aqueles que esperam o caos e a destruição do Coringa dos quadrinhos e dos filmes do Batman podem sentir que algo essencial está faltando. Mesmo assim, Delírio a Dois é uma adição provocativa à mitologia do Coringa, com performances que certamente serão lembradas por muito tempo.

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