Opinião
La Casa de Papel – Parte 4 tem morte de personagem e fim de assalto
*Atenção: o texto a seguir contém spoilers. Caso não esteja de acordo com este tipo de publicação, não role a tela.
“La Casa de Papel” é uma daquelas séries que nos deixam eletrizados. Em sua quarta parte, um dos fenômenos da Netflix retorna com oito episódios inéditos para mostrar o desfecho do assalto ao Banco Central da Espanha.
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A série começa no exato momento em que parou. Raquel Murillo / Lisboa (Itziar Ituño) é pega pelas autoridades policiais da Espanha e, para o Professor (Álvaro Morte), é encenada uma execução. Com o passar da trama, a quarta temporada vai utilizando recursos de flashbacks onde faz regressar à história personagens conhecidos e consagrados desde a primeira temporada. Berlin (Pedro Alonso), integra boa parte da trama que recorre ao recurso de apresentar ao expectador parte do planejamento do segundo assalto da série. Em contato direto com o Professor, a série mostra como ele e Palermo (Rodrigo de la Serna) se conhecem. Sob desconfiança do mentor dos crimes, o personagem passa a liderar a tropa.
Apesar de eletrizante, a quarta temporada só engata mesmo a partir do quarto episódio. Antes, muito influenciada pela temática das duas primeiras temporadas, mostra a fuga do Professor e a captura de Lisboa (a Inspetora Raquel) pelas tropas policiais. Alicia Sierra (Najwa Nimri) trava um verdadeiro embate com ela, mostrando sua imponência no trabalho que já foi desempenhado pela agora oponente.
E em contraponto à questão na base policial, o clima dentro do Banco Central fica quente. Se na terceira temporada o que se viu foi um domínio claro dos assaltantes perante os reféns e um caminho livre para o Professor seguir seu plano, a quarta temporada revela um mundo de improvisações. Desde uma briga interna entre os assaltantes, até a constante trocas de liderança, a fundição do ouro fica em total segundo plano. Arturo Román (Enrique Arce) volta a tentar tomar as rédeas do assalto, batendo de frente com os sequestradores. Mas não é ele quem dá uma guinada na história desta vez.
Após levar um tiro quando assumirá o controle, Nairobi (Alba Flores) é submetida a uma cirurgia de emergência. Sua colega, Tokio (Úrsula Corberó) é quem fica à frente do procedimento, onde precisa retirar a bala alojada no pulmão. Com a eficácia do plano, entre intercorrências, Tokio “dá um golpe” e assume o poder, após um surto de Palermo, agora preso junto aos reféns.
Reviravolta
A reviravolta desta vez fica dentro da próprio Banco da Espanha. Diante à apatia das autoridades policiais motivadas pelo descrédito perante à opinião pública, que clama pela vitória dos assaltantes, a polícia permanece apática sempre um passo atrás do Professor.
Mas se do lado de fora falta ação e adrenalina, Palermo é o responsável por dar aventura à trama. Querendo causar discórdia, ele dá dicas ao personagem Gandía (José Manuel Poga), que apareceu na terceira parte da trama como chefe da segurança da Banco Central da Espanha, mas que só na metade da quarta temporada começa a ganhar destaque. Isso porque ele, como refém, se utiliza de dicas de Palermo para se soltar das algemas. Em seguida, vai à Nairobi e tenta matá-la, sem sucesso. Com domínio privilegiado dos locais mais remotos da construção, se estabeleça em um bunker, onde tem acesso à armas militares e à câmeras por toda a unidade, tendo contato ainda com as autoridades policiais. Dito isto, ele começa uma verdadeira caçada como um justiceiro, capturando Tokio e mantendo-a em cativeiro.
Morte de Nairobi
Uma das personagens mais populares de “La Casa de Papel”, o destino de Nairobi não é feliz. Após confidenciar ao Professor seu desejo de ser novamente mãe (as outras temporadas explicam esta parte), a personagem consegue convencer o mentor dos crimes a ser doador genético para uma futura inseminação artificial. Contudo, como condição para tal, o Professor estabelece que quaisquer ação será feita apenas após o fim do assalto.
No entanto, com o desenrolar da trama e em processo de recuperação da cirurgia, Nairobi se apaixona por Marsella (Lukas Peros). O amor repentino sequer tem tempo de se fortificar, já que a personagem morre numa fuga de Gandía.
Lado humano de Sérgio
Conhecido como um personagem forte e com o controle da ação, Sérgio mostra seu lado mais emocional. Popularmente chamado de “Professor”, ele entra em diversos dilemas que não haviam sido apresentados nas outras temporadas do televisivo. Perdidamente perdido e agindo com o coração, ele se vê em diversos dilemas, incluindo quando Lisboa é pega pela polícia. Numa medida desesperada e sem planejamento prévio, ele se vê em plena cena do novo assalto, com o objetivo de buscar informações sobre a morte de Raquel.
Cartadas finais
Em meio à briga dentro do Banco, Professor retoma o controle do caso. Ao lado de amigos de Moscou, mineiros e afins, estabelece um plano de desmoralizar e desqualificar a polícia, conseguindo assim resgatar Raquel / Lisboa, além de atrair para si mais apoio popular.
Com uma ação baseada em quatro atos: um cortejo fúnebre para Nairobi; divulgação de depoimento sobre tortura de Rio à imprensa, confirmação e desmoralização das autoridades e um vídeo próprio falando sobre a prisão de Raquel / Lisboa, eles conseguem, em uma manobra emocionante, a fuga da personagem.
Final
Os dois últimos capítulos da trama revelam ainda mais novidades. Eletrizante, eles mostram a virada de jogo e a retomada do poder de Professor e sua turma, tanto dentro quanto fora do Banco Central da Espanha.
Uma grande fuga, por exemplo, é orquestradas pelo Professor para libertar Raquel / Lisboa. Com ajuda de amigos de Moscou, eles cavam um túnel que sai de um restaurante chinês abandonado e vai até a área de estacionamento do fórum onde Raquel vai para julgamento, levada por um comboio com 26 policiais. De forma eletrizante e em poucas horas, eles conseguem chegar à base e, rendendo os policiais, libertam a prisioneira.
Deste momento para frente, são só êxitos da equipe que provocam no público um misto de ansiedade e positividade, afinal a grande maioria está com os sequestradores mais amados do mundo, não é?
E numa manobra de ainda maior ousadia, Professor orienta os ladrões a fazerem o inesperado: fingindo um possível último confronto entre Guadía e os assaltantes, após a morte de Nairobi. Ele então solicita uma planejada ajuda aérea, que é enviada por ninguém menos que o Professor. No helicóptero militar estão Marsella e Lisboa, que entra no Banco como mais um suporte ao crime.
Expectativa
Já Sierra, no auge do desespero, é obrigada a falar toda a verdade sobre as torturas de Rio. E após ser aponta como pivô da ação, fala em coletiva de imprensa que todas as ações foram solicitadas pelas autoridades do país, estabelecendo um colapso. Neste momento, ela vira a pessoa mais procurada de toda a Espanha quando, em fuga, consegue ligar os pontos e chegar ao Professor.