Eu admito: estava com o coração na mão. Em uma era de sequências e reboots que nem sempre fazem jus aos originais, a notícia de uma continuação para “Sexta-Feira Muito Louca” mais de 20 anos depois me deixou igualmente eufórico e apreensivo. Mas, ao subir dos créditos de “Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda”, eu não só estava com a alma lavada, como tinha a certeza de que a Disney não apenas acertou, mas criou uma obra que, ouso dizer, é ainda melhor que a primeira.
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Voltar a ver Tess e Anna Coleman, a dupla imortalizada por Jamie Lee Curtis e Lindsay Lohan, foi como reencontrar velhos amigos. E o mais incrível é perceber que, mesmo depois de tanto tempo, a química entre elas continua sendo o coração pulsante da história.
O mais legal é ver como as personagens cresceram e parecem pessoas como nós. Anna não é mais a adolescente rebelde; agora ela é uma mãe, tentando equilibrar carreira, uma nova dinâmica familiar e a criação dos filhos. Apesar de eu não ter filhos, sinto que essa realidade bate na porta da minha geração. Muitos dos meus amigos estão começando a ter, e vejo neles os dilemas que o filme retrata tão bem. Não sou mais um adolescente, e os conflitos de Anna como adulta são questões que, de uma forma ou de outra, se passarão por todos nós. Essa conexão com a passagem do tempo é, talvez, o toque mais genial e afetivo do filme.
A trama, que agora envolve uma troca de corpos em quatro vias, poderia facilmente ter se tornado confusa, mas é conduzida com uma maestria que só serve para ampliar as risadas e a emoção. É uma carta de amor para os millennials que, como eu, assistiram ao primeiro filme na adolescência e agora retornam ao cinema, entendendo um lado totalmente novo da história.
A nostalgia renovada e os figurinos que conversam conosco
Um dos maiores triunfos do filme é como ele reverencia o legado dos anos 2000 sem se tornar refém dele. As referências são um banquete para os fãs: a banda Pink Slip está de volta, há acenos inteligentes para clássicos da carreira de Lohan como “Meninas Malvadas” e “Operação Cupido”, e até a trilha sonora nos transporta diretamente para aquela época, com direito a Britney Spears. É a nostalgia de uma maneira renovada, que aquece o coração sem parecer forçada.
E o que falar dos figurinos icônicos? A figurinista Natalie O’Brien merece todos os aplausos por criar um guarda-roupa que conta uma história. Vemos a evolução de Anna Coleman, que trocou o punk rock adolescente por um estilo “cool rocker mom”, chique e autêntico. Tess, por sua vez, exibe uma elegância sofisticada que torna ainda mais hilário o momento em que, após a troca, seu terninho azul impecável é picotado e transformado em algo saído de um desfile de Vivienne Westwood. Cada peça de roupa serve à narrativa, especialmente quando vemos o desconforto cômico e brilhante de Jamie Lee Curtis em um vestido magenta vibrante, claramente inspirado na moda Y2K, que sua personagem jamais usaria.
O renascimento de duas estrelas
Contudo, o brilho maior de “Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda” está em seus protagonistas. Este filme revive, sem sombra de dúvida, uma das melhores fases na carreira de Jamie Lee Curtis e Lindsay Lohan. Ver Curtis, uma atriz vencedora do Oscar, se jogar na comédia física com a mesma energia de antes, incorporando os trejeitos de uma adolescente, é uma aula de atuação.
Para Lindsay Lohan, este é o retorno triunfal que todos esperávamos. Ela não apenas revisita a personagem que marcou uma geração, mas o faz com uma nova camada de maturidade e talento. Lohan está radiante, engraçada e com um timing cômico impecável. A troca de olhares e a cumplicidade entre ela e Curtis são genuínas e emocionantes, provando que algumas parcerias são, de fato, atemporais.
Ao final da sessão, a sensação era unânime: a Disney conseguiu. Criou um filme que faz jus ao primeiro, que nos faz rir e chorar, e que celebra a complexidade das relações familiares de uma forma divertida e genuína. “Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda” não é apenas um filme para quem amou o original; é uma comédia familiar perfeita para uma nova geração, provando que, quando se tem coração e respeito pela história, é possível criar magia de novo. E de novo.
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