Almanac lançou “Baile”, nova colaboração com RICCI, que traz muita referência do funk carioca – um universo que conversa muito com a personalidade do duo. “Baile” vem junto com um videoclipe que transmite uma associação direta com o movimento musical das favelas, ambientando a temática dos “pegas” de carros.
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A relação do Almanac com a cultura da favela tem sido cada vez mais forte. O duo lançou, no ano passado, uma música chamada “Pa Pa Pa (Vai)”, cujo clipe foi gravado na comunidade da Rocinha, a maior favela da América Latina. Em breve o duo também lançará um set no YouTube transmitido em plena laje de uma comunidade na Zona Norte do Rio de Janeiro.
Ouça:
Confira a entrevista com Lester, do duo Almanac:
A banda vem chegando com o lançamento do single “Baile”, como aconteceu o processo de composição:
R: A Baile é uma musica bem diferente de todas as que a gente vem trabalhando no nosso projeto. A gente tentou fazer um negocio que apesar de ter elementos de musica de rua do Brasil, a gente quis fazer um drop que conversa com o mercado internacional. É uma musica mais explosiva, que conversa muito lá na gringa e eles chamam isso de beats house, a gente quis trabalhar essa parada. E o Ricci que fez essa musica com a gente tem um domínio muito bom com o beats house. Então como já tinha esse interesse da nossa parte, o Ricci estava há um tempo mandando umas ideias, é um cara que a gente sempre admirou e está há mais tempo na musica eletrônica, já tem um histórico. E ele falou: ”Cara, tô com essa ideia aqui, o que vocês acham?” e a gente decidiu ver e era a “Baile”, gostamos pra caramba, e falamos: “mano, a gente vai fazer sim, manda os arquivos”, por que dentro da musica eletrônica funciona muito assim, muita colaboração online. Ele mandou pra gente e em dois dias estava pronto, fizemos tudo que tinha que fazer. A gente deu um match muito legal.
Sobre o nome do single, aconteceu no processo de composição ou depois?
R: O Ricci canta também, que é uma parada muito legal, faz vocal de varias musicas dele e na Baile ele fala “welcome to the baile, bitch”. E ela veio sem nome, só que na hora que chegou ele falou “tem que chamar BAILE”. Então a gente decidiu deixar Baile pra ficar mais fácil.
E essa parceria com o RICCI, como aconteceu?
R: O Ricci mais ou menos em 2016, 2017, ele era um dos projetos mais promissores e bombados da musica eletrônica, que coincidentemente foi no mesmo período que eu e o Dave estávamos começando com o Almanac. A gente era fã do Ricci, quando fomos evoluindo e aprendendo a fazer musica, mandamos uns projetos pra ele, mas não deu muito certo. O tempo foi passando e a gente manteve contato, começamos a nos seguir nas redes sociais e há um ano atrás ele falou que estava curtindo o nosso projeto, falou pra fazermos uma musica e foi assim que nasceu a Baile. Ele acertou na ideia que mandou pra gente e deu uma conexão boa aí.
O single vem acompanhado de um videoclipe, vocês participaram da criação?
R: Sim! Isso é um negocio que eu gosto de fazer, acompanho todos os clipes. Eu que geralmente dou a ideia de tudo que a gente vai fazer, junto com o Lucas que é um dos meninos que trabalham no nosso time. A gente fica fazendo reuniões toda semana, assiste muita coisa junto, está sempre conectado com o mundo da musica inteiro, anota umas referencias, ver musicalmente o que a gente pode seguir. E quando veio a BAILE a gente olhou no nosso caderninho de ideias. É um negocio que eu sinto muito orgulho, porque musica eletrônica, principalmente do Brasil, a galera não quer explorar esse mercado de clipe, não quer mostrar esse conteúdo pra o seu publico e eu acho uma pena por que é uma parada muito legal.
Essa ligação do Almanac com a cultura da favela é bastante forte. Inclusive, ano passado fizeram um single “PA PA PA (Vai)”, com clipe e tudo mais. O que isso significa na vida de vocês?
R: É muito doido falar disso por que a gente veio de uma cidade com 40 mil habitantes e quando a gente lançou a “PA PA PA”, gravamos na Rocinha, onde tem mais de 100 mil habitantes, maior que a nossa cidade. Viemos dos bairros mais pobres da nossa cidade, crescemos em um universo que quando chegamos na Rocinha pra gravar “PA PA PA” tivemos uma identificação muito grande. o comercio é muito parecido, ficávamos fazendo varias associações ao nosso mundo. Lembrava muito onde a gente cresceu e morou a vida inteira. E o principal disso é a gente consumir muita musica que nasce nesses lugares. A gente gosta muito do funk, o trap nacional agora está crescendo muito, escutamos o dia inteiro. A gente tem essa identificação, gostamos dessa galera, dessa energia que traz, colocamos muitos elementos da musica brasileira de rua na nossa musica que é eletrônica. E o lance da musica eletrônica ser explorada de uma forma muito elitizada aqui no Brasil, hoje está quebrando isso, está ficando cada vez mais popular. E a gente trazer isso, mostrar esse outro lado pra o publico de musica eletrônica é muito legal, que coloca uma verdade na nossa musica muito grande e mostra que nesses lugares também tem fãs de musica eletrônica, gera identificação, dá pra fazer musica eletrônica com esses elementos de musica brasileira.
Voltando para o novo single, o que pretendem entregar ao publico que ouve esse novo projeto?
R: A gente espera ter um pouco de alcance internacional, porque esse estilo funciona muito na gringa. A gente quer atingir um publico diferente com ele e testar o poder que a gente tem de atingir outros países. Estamos muito ansiosos para saber como iremos chegar no mercado internacional com a BAILE, se outros djs irão tocar, o caminho que as gravadoras irão fazer, eu não sei, mas é o que a gente espera muito com o som.
E quais planos para esse ano?
R: Posso falar de uma forma superficial. Com o retorno dos eventos estamos bem empolgados, estamos murando em São Paulo, no segundo semestre a gente toca no Rock in Rio (dia 3 de setembro) e provavelmente será a apresentação mais importante do ano pra gente, estamos preparando muitas coisas pra esse show. Estamos estudando um novo estilo de musica eletrônica que queremos trazer pra o Brasil e que ainda não chegou aqui. Enfim, estamos muito fresh, com a mente sempre pensando, criando e tentando trazer coisa nova pra o nosso mercado.
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