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‘É um disco que tem vários simbolismos importantes’: Art Popular lança o álbum Batuque de Magia – Tan Tan

Foto: Divulgação

Quando se depararam com a quantidade de composições que tinham em mãos, os seis componentes do Art Popular tomaram o caminho correto – foram escutar os fãs. O resultado da conversa é o disco tríptico “Batuque de Magia”, que chega ao terceiro e mais festivo volume com “Tan Tan”.

O alto-astral despejado nas oito músicas deste volume não é por acaso. Entre os três instrumentos segundo os quais foi dividido o álbum – além de tan tan, cavaquinho e pandeiro -, o que carrega o nome do terceiro volume é focado no samba de roda e o que mais representa o Carnaval, nesta sua proximidade da festa ao lançamento.

“Tan Tan” traz, igualmente, o samba-enredo “Axé Meu Camisa Axé”, uma homenagem a todas as escolas de samba e escrito para a Camisa Verde-e-Branca, que só não a levou antes para a avenida por causa da pandemia, única canção que não é de Leandro, uma composição de Nikinha, Sandro Simões, Gustavo Santos, Rodrigo Correia, Pablo do Cavaco, Xuxo do Cavaco, Ricardo Diegues, Zé Robertto, Toninho 44.

De qualquer maneira, Denilson Franco, Evandro Art, Leandro Lehart, Malli, Ricardo Lima e Tcharlinho capricharam nesta ode à festa popular mais famosa e vibrante do país.

De cara, “ Filhos da América”, “Sentimental”, “Caô” e “Castelo de Areia” dão o tom de celebração carnavalesca em sambas executados com maestria pelo sexteto.

Se as canções que abrem o terceiro disco são de autoria exclusiva de Leandro Lehart, em “Tá Pensando o Quê?” ele tem a contribuição de Danilo Holanda na caneta. E em “Candeeiro”, os parceiros de composição são Marcelo Malli e Kleber Santos.

Todas marcam o tom inequívoco de direção da intenção do grupo.

Em “Cavaquinho”, lançado no ano passado, a pegada das canções era do samba romântico, tanto que entre as parcerias estão as de mestres como Jorge Aragão (“Até que Aprendi”). Já em “Pandeiro”, que abre o trabalho de “Batuque de Magia”, o norte era o partido alto, o samba mais tradicional – algo bem conhecido e executado pelo Art Popular desde a sua fundação até este 2022 ainda pandêmico.

O conjunto já havia mudado de direções sem abandonar o samba anteriormente – haja visto o flerte com funk e forró, no meio dos anos 1990, e com a música eletrônica, no final daquela década.

Já hoje, conforme colocado no início do texto, o flerte é com a maior proximidade dos fãs, que opinaram pelo grupo de conversas do Art Popular no aplicativo Telegram e foram atendidos pelos seis sambistas.

O disco finaliza com mais uma composição de Leandro Lehart, “Energia do Momento”, e o já citado samba-enredo “Axé Meu Camisa Axé” (a única que Lehart não assina).

E pode se preparar para ainda mais experiências sonoras com o grupo, já que o trabalho foi mixado em Dolby Atmos, que forma sonoridade espacial e uma experiência no ouvinte de mergulho sonoro pleno por meio dos fones de ouvido.

O grupo chega à quarta década de trajetória ofertando o 22° disco da carreira, 23 canções inéditas e esbanjando fôlego e energia.

Confira a entrevista com o Leandro do Art Popular:

O disco Batuque de Magia vem chegando com seu terceiro volume, como o Art Popular se sente ao ver tamanho sucesso?

R: Essa é uma coisa que eu agradeço todos os dias, a gente tá falando de mais de 30 anos de estrada e lançar um disco depois de tanto tempo e ainda ter uma legião de fãs que gosta, que tá atrás, ver tantos artistas regravando nossas musicas, pra gente é um motivo de muita alegria. Passa um filme na cabeça porque o começo foi realmente muito difícil e hoje, a melhor fase da nossa vida é agora.

Esse terceiro volume traz a brasilidade do samba de roda, carnaval, como é para vocês trazer essas referencias para o álbum?

R: O Batuque de Magia TanTan é o disco mais alegre dos 3. É um disco de sambas de roda, é um disco que depois de dois anos de pandemia a gente estava louco pra lançar. E ao mesmo tempo é um disco carnavalesco. É um disco que a gente regrava o samba-enredo do Camisa Verde e Branca, que é uma escola super tradicional daqui de São Paulo. E o Camisa que é apadrinhado pela Mangueira do Rio e ao mesmo tempo a gente sabe de como as escolas de samba estão sofrendo com dois anos sem carnaval. Então é um disco que tem vários simbolismos importantes de um monte de coisas que a gente conseguiu relatar e colocar ali no disco. E a gente imagina que esse disco vai ser trilha sonora de muitas bagunças por aí, tenho certeza!

E sobre as composições, todas foram feitas pelo grupo ou receberam alguma de presente?

R: A maioria das musicas são de autorias minhas, só tem uma musica que é um samba enredo que a gente regravou do Camisa Verde e Branco que é “Axe meu Camisa axé”, que foi pedido de um grande amigo meu, um tal de Jorge Aragão, que pediu pra eu regravar esse samba que ele adorava. A gente trouxe o carnaval pra dentro do Art Popular pra poder ter um pouco do carnaval o ano inteiro.

As musicas do novo álbum ganharão videoclipes?

R: Sim! A gente já lançou Batuque de Magia que já está disponível no Youtube, tem Ouro em Pó também que é do segundo disco e Castelo de Areia que é a musica que a gente gravou um videoclipe lindo e que é um samba rasgado e pra frente.

O Art Popular é um dos grandes nomes do samba no Brasil, sempre inovando, mas nunca perdendo a essência. Qual o segredo de tantos anos de estrada e sucesso?

R: Vontade de viver, de contar historias, criar experiências novas. O Art Popular nunca sentou em cima de seu sucesso, a gente sempre teve muito respeito com nossos clássicos, agradecemos todos os dias essas musicas que fizeram historia na musica brasileira nos últimos 30 anos. Mas a gente quer mostrar que estamos vivo para o novo e lançar esse disco de alguma maneira estabelece que o melhor das nossas vidas vai acontecer a qualquer momento, não é que já aconteceu lá atrás, é que vai acontecer ainda. E eu acho que essas musicas são tão legais e emblemáticas quanto as que foram consagradas pelo publico. Tenho certeza que o tempo vai dizer que eu estou certo e que isso vai acontecer!

Quais os planos e projetos para esse ano, além do novo lançamento?

R: A gente quer fazer a turnê do Batuque de Magia. A gente tem ideia e um projeto de fazer rodas de samba com o Batuque de Magia, sair do palco e estar perto do povo. A gente sempre esteve um pouco separada, palco e galera, separadas. Então a gente quer fazer muita roda de samba, coisa que a gente nunca fez nos últimos 30 anos, mesmo sendo um grupo de pagode e a gente quer visitar o Brasil inteiro.

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