Brasil
Após estreia de sucesso, espetáculo ‘Cria’ leva dança dos morros cariocas para o Centro Coreográfico
Ser cria, de pai e mãe, de uma localidade; de criação artística; de ter uma cria, e de criar: filhos e arte. “Cria” é como se chama o novo trabalho da coreógrafa Alice Ripoll. O espetáculo do grupo Suave, que mescla passinho e dança contemporânea, traz para o palco uma verdadeira mistura de estilos, amarrados pelo olhar atual da coreógrafa. Após curta temporada de “Cria” – e casa cheia – no Espaço Cultural Municipal Sergio Porto, no Humaitá, o espetáculo desembarca do dia 30 de novembro a 3 de dezembro no Teatro Angel Vianna, do Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro, na Tijuca.
Após o trabalho de estreia do grupo, o homônimo “Suave”, – apresentado em diversas cidades do Brasil e países na Europa – Alice Ripoll desenvolveu junto ao grupo de 10 dançarinos uma pesquisa de um ano que culminou em uma linguagem de hibridismo inovador e construiu corpos capazes de expressar a ginga da dança nascida nas favelas, o virtuosismo do passinho e o questionamento e a teatralidade da dança contemporânea. O trabalho passeia pela dança afro, o afrofunk, o passinho, a dancinha, o contato-improvisação e ainda por uma elaborada pesquisa sonora.
Ao transcorrer das cenas de “Cria”, o público pode sentir a busca pela força criadora que mantém o desejo de estar vivo, e se movimentando.
“Desde o início do grupo nossos processos falam de estar aberto a se modificar através do contato com os outros. Isso gerou uma força muito intensa que se manifesta nas cenas de conjunto, isso é maior do que qualquer coreografia ou técnica.” – Alice Ripoll.
Com o ritmo eletrizante misturado ao gingado do funk, o espetáculo também traz a camada sonora de uma linguagem teatral desenvolvida a partir de falas, das conversas, discussões, do “tum ta ta tum”, beat box do funk cantado.
“Fiquei com vontade de explorar essa relação deles com a fala. Uma linguagem que não é bem valorizada, digamos assim, num mundo mais formal, mas que é muito potente e precisa ser escutada. Naturalmente a fala deles é teatral. Então desenvolvemos um gromelô que anula o sentido da palavra e foca nos sons, que também tem conteúdo – explica a coreógrafa.” – Alice Ripoll.
Os ingressos para assistir a essa mistura alegre de culturas e artes custam R$20,00 (Meia-entrada R$10,00). Nos dias 30 de novembro e 1º, 2, 3 de dezembro o trabalho é apresentado no Teatro Angel Vianna, que fica no Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro (Rua José Higino, 115 – Tijuca, Rio de Janeiro – Telefone: 3238-0601), onde os ingressos podem ser comprados na bilheteria). A classificação indicativa é de 14 anos.