Tudo é uma enorme descoberta positiva no álbum de estreia de Ana Morais, “Pensei em Esquecer o Amanhã”. A música é fluida, orgânica, quase indecifrável nos inúmeros caminhos sonoros que abraça e soa devidamente maduro para seu primeiro passo, dado que todas as composições e letras são da artista de 22 anos.
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E as surpresas não encerram por aí – Ana é simplesmente a quinta artista a brotar de uma família de gigantes das artes. O pai é Orlando Morais; a mãe, Gloria Pires; suas irmãs são Antonia Morais e Cleo. Mesmo com tal linhagem familiar, é incomum o talento depositado em sua primeira obra.
Ana, aliás, não buscou atalhos. Somente quando o álbum tinha forma definida ela o apresentou em casa. “Na verdade, eu nunca tinha pensado em seguir o caminho musical, apesar da carreira do meu pai. Mas fui escrevendo e compondo, usando o que queria colocar para fora, e o trabalho foi se construindo naturalmente“, diz.
Seu instrumento de composição é o piano. Ela também domina o violão. E foi no computador que começou a costurar com beats e levadas uma receita que vai de Radiohead a Teresa Cristina, do Trap à MPB. Tudo faz cama para um vocal tão suave quanto maduro, que enlaça o produto de maneira sublime.
De cara, “Gatilhos” fornece a carta de intenções de Ana, em Pop que trafega pelo R’n’B, Trap e MPB, com arranjos suaves pelas mãos do produtor do disco, Gaspar Pini.
“Eu Não Ligo” é puxada por um lindo violão. “Olhe o Céu” é uma canção que remete à Brasília, onde ela morou, à “Corra e Olhe o Céu”, de Cartola, e ao sample de piano de seu pai, Orlando.
“Stay” traz a facilidade de compor em inglês de Ana, dada a itinerância familiar e a educação bilíngue que as andanças ofertaram como bônus. Esta apresenta um Trip Hop no caldeirão de influências da artista, e “Sem Te Ver” finca o pé na variedade de cores que ela consegue apresentar na música que escreve.
O dedilhado de violão e a cadência ditada pela voz ficam ainda mais saborosos se vistos no seu segundo clipe, “Não Tenha Dó de Mim”, e este primeiro trabalho autoral tem um desfecho com sonoridade em crescente em “Longe Daqui”.
“Pensei em Esquecer o Amanhã”, o álbum, carrega contemporaneidade sonora, bom gosto em letras, melodias e arranjos e é prova definitiva de que o fruto não cai longe da árvore.
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