Era um desejo antigo, guardado a sete chaves, homenagear a icônica cantora Clara Nunes nos palcos. Depois de quase dois anos – e ainda por cima com uma pandemia no meio – , a cantora Vanessa da Mata vai estrelar, enfim, no final do ano, o espetáculo “Clara Nunes – A Tal Guerreira“, na visão do diretor Jorge Farjalla, em formato online. “Idealizei tudo isso há muitos anos. Tive uma reunião em 2019 com o diretor e amigo Jorge Farjalla e o produtor Marco Griesi. Sempre fui apaixonada pelos Brasis que Clara canta! Ela sempre me capturou de uma forma especial”, conta Vanessa, empolgada.
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A trajetória da singular cantora – morta aos 40 anos, em 1983 -, após complicações causadas por uma cirurgia – não será o fio condutor do musical. “O projeto não falará sobre a Clara órfã, que viu seu irmão ser preso após defender a honra em tragédia! Nosso musical será sobre a obra e o seu sagrado. Clara é um dos ícones que sustentam um orgulho de nascermos aqui. Nós precisamos levar às novas gerações esses ritmos, jeito, pureza, fogo, invencibilidade e pluralidade musical dela”, explica, sobre as danças, religiosidade e cultura afro-brasileira que Clara Nunes sempre celebrou nas suas canções, no palco e nas vestimentas.
“Clara tinha o trabalho lindo de trazer músicas originais de várias partes do Brasil e transformar isso em música nacional, como caboclinho, lundu, samba de roda, sambas em geral, maracatus e tantos outros que estão desaparecendo com seus condutores morrendo, e não há renovação com os jovens”, completa.
Pela primeira vez, o lado atriz de Vanessa vai aparecer em primeiro plano e, segundo o diretor Jorge Farjalla, será mais do que especial. “Legítima, verdadeira. Normalmente, Vanessa interpreta de maneira muito particular as canções dela, quero isso para a sua atriz, essa singularidade de olhar o novo, de brincar com essa Clara Nunes, levar o corpo da personagem na medida certa”, aposta ele. “O musical não é um documentário sobre a vida da Clara Nunes e, sim, uma homenagem, uma celebração à essa artista plural que marcou época. Vejo o musical como se essa luz pudesse nos livrar da escuridão em que vivemos nesses dias de hoje. Vamos falar de Clara para uma geração que talvez nem sabe o que ela significa para a MPB e para a cultura do nosso Brasil”, torce Farjalla.
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