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Brasil

‘TODAS ELAS’: Novo álbum de Vanessa da Mata apresenta as diversas faces de uma artista múltipla

Créditos: Priscila Prade

Vanessa da Mata lança seu novo álbum – Todas Elas, com onze músicas autorais, no próximo dia 12, com participação de João Gomes, Robert Glasper e Jota.pê, nas faixas Demorou e Um Passeio Com Robert Glasper Pelo Brasil e Troco Tudo, respectivamente. “Esse álbum poderia contar a história de várias mulheres. São várias mulheres dentro dele: mulheres que compõem a minha pessoa, as minhas facetas, os meus momentos, os momentos de grandes e boas ilusões e algumas desilusões”, define Vanessa.

Sobre as parcerias, a artista conta como está sendo trabalhar ao lado de pessoas que ela tanto estima: “O João (Gomes) é já um amigo querido que admiro muito. Gosto muito da voz dele, gravíssima, que faz um casamento perfeito com a minha nesse reggae. A música com o Jota.pê fala sobre a aparência das redes sociais, que jamais mostra psicologicamente como realmente estamos. Foi uma música muito rápida de ser feita. Ela fluiu em uma capacidade linda. Ele me mandou a primeira parte da melodia e eu fiz o restante.  E fizemos a letra juntos. O Robert Glasper é um dos caras mais notáveis dos últimos tempos. Certa vez  eu fui em um show dele em São Paulo, fiz contato e mandei um material para ele. Ele gostou muito e me mandou várias ideias de música, e aí a gente fez essa parceria.”

Assim como no disco anterior, Vanessa da Mata assina a produção musical do álbum Todas elas. Os arranjos têm criação coletiva, envolvendo a banda formada por músicos como Marcelo Costa (bateria), Maurício Pacheco (violão e guitarra) e Rafael Rocha (trombone), entre outros instrumentistas. Gravado e mixado no estúdio Visom Digital, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), o álbum tem como faixa foco a música “É Por Isso Que Eu Danço”.

Uma Vanessa de muitas faces e olhares diversos sobre a vida*

*O texto a seguir foi escrito pela poetisa, filósofa e psicóloga Viviane Mosé

Vanessa da Mata é uma artista multifacetada. Desde o seu primeiro disco, com raras exceções, é autora de todas as suas canções, compõe letra e música, mas também concebe o conceito do disco, que por sua vez define a cara do show. Além de ter interpretado recentemente no teatro a grandiosa Clara Nunes. Sua multiplicidade artística se manifesta em sua musicalidade polirrítmica, influenciada por uma cantoria  rural mato-grossense, mas também pela brasilidade múltipla de Rita Lee, Caetano, Gil e Bethânia, que por sinal deu voz ao seu primeiro sucesso ainda como compositora, A força que nunca seca. Vanessa é uma artista brasileira, herdeira da pluralidade presente em nossa música, uma artista que foi construindo uma trajetória própria, única, trazendo sempre discos potentes, dançantes e muito bem aceitos pelo público.

Todas Elas é um disco que traz essa Vanessa da Mata de muitas faces, de olhares diversos sobre a vida, sobre a mulher, sobre o amor. E esse olhar singular acaba nos fazendo acessar essas diversas possibilidades em cada uma de nós. Feito aquelas bonequinhas, uma dentro da outra, este disco vai desdobrando estas diversas mulheres que vivem em cada mulher. Somos todas, somos uma. Somos múltiplas, desdobráveis como já disse Adélia Prado.

“Esperança”, música de trabalho do disco, traz uma mulher madura, que já sabe o valor  de cada gesto, por mais ínfimo que seja, o mais belo gesto e também o mais difícil de ser vivido. O amor que se dá no verbo amar, no exercício do amor e não em sua posse. Não há posse no amor se não o seu exercício, a sua ação sempre aberta ao inusitado, ao incontrolável, ao mundo. E ela diz: “Eu era capaz e não sabia,” desse amor maior, não sabia porque me feria com tantos nãos que a vida nos dá. As dores cristalizadas fecham nossa percepção, mas o amor me mostrou o amar. O amar que liberta, desconstrói e encoraja, incentiva, renova. Isto está presente na música Esperança, mas de algum modo permeia todo o disco, esta capacidade de amar a vida que se conquista, quando se conquista, na maturidade.

A bela música “Demorou”, um dueto com o incrível João Gomes, começa como uma estranheza, uma tensão: a guitarra tocando no contra do reggae, num movimento não usual, e que aos poucos vai se encontrando, se ordenando, trazendo uma sensação de alívio, de tranquilidade, refletindo no som aquilo que a letra agrega: ali estamos diante de uma mulher que sabe viver encontros esporádicos, intensos, provisórios, sem se culpar. Do mesmo modo que a música, a letra nos leva a amar o inusitado, o diferente. Afinal é preciso se fortalecer nestes breves encontros para encarar a realidade muitas vezes dura do viver “Somos adultos”, ela diz.

E tem aquela que transborda pelos lados, afinal este disco fala do aprendizado de uma vida que não se economiza. Vanessa da Mata não se economiza, uma mulher enorme, nos diversos sentidos da palavra, que não cabe nos modelos estabelecidos, especialmente sobre a mulher. Tudo em comum com “Maria Sem Vergonha” que abre o disco. Ela é aquela que não pode soltar sua risada, seus palavrões: não se assanhe, não se arreganhe, senão não poderá ser amada; se manifestar o seu desejo, se transbordar não será aceita. Mas Maria sem vergonha quer ser feliz. O tempo não volta, ela afirma.

Mas ela também desdobra essa mulher que ama de um jeito antigo e sofre aprisionada em uma relação abusiva. A linda interpretação de “Nada Mais”, única que não tem a assinatura da Vanessa da Mata, lida com a imensa dor de ser trocada, preterida, de saber que outra pessoa está onde você gostaria de estar, no corpo, no coração de alguém. Afinal quem nunca? Mas ela traz também a que, enfim, se olha de fora vendo a vida até aí vivida, e tem a coragem de ir embora e nunca mais voltar, se livrando de vez daquela dor. Sim, é preciso falar sobre as coisas mais difíceis de serem ouvidas, de serem ditas. Esta música lembra uma folia, uma congada, com violas e traz um interior sofisticado musicalmente, para fazer valer esta mulher que não quer mais estar no mesmo lugar, vivendo um ciclo viciado. Ela precisa ter coragem pra viver.

Em “Me Adora”, ela expõe esse laço esquisito com um conquistador compulsivo, que quer, mas não quer, que não explicita, que joga, se esconde. E em uma bela parceria com o talentoso Jota.pê nessa música leve e simples, “Troco Tudo”, essa mulher quer viver esse amor com beleza. E, em Quem mandou, essa mulher que lutou para manter um relacionamento vê de um modo distinto tudo o que viveu: chegou da boemia dizendo que a nega tava aqui pra te servir. Mas não tá mais não meu amigo. Agora não adianta chorar pra voltar.

E ela luta, sempre, porque carrega em si esta mulher severina, uma referência à força da mulher brasileira em Morte e vida Severina, aquela que vive a luta diária pela sobrevivência, pela dignidade humana em sua “Ciranda”. Mas ela também desdobra esta mulher que, enquanto luta, se diverte, dança. “É por isso que eu danço/ danço canto e vivo/ danço mesmo comigo”, e segue levando todo mundo a dançar junto.

O disco também traz uma declaração de amor ao Brasil e ao jazz, no suingado samba jazz Um passeio com Robert Glasper pelo Brasil.  Esse jazzista que figura como uma das principais apostas do jazz é apresentado à musicalidade brasileira e ao seu saber viver.  

Além da necessária “Eu te apoio em sua fé”, que fala da violência contra cultos religiosos de matriz africana manipulada por aqueles que exploram em nome da fé, impondo um Jesus de horror.  “intriga de quem lucra com os seus e quanto mais se fragiliza, mais o medo paralisa”.

Todas Elas é enfim um disco maduro tanto em seu conceito bem amarrado, que a cada música reforça e refaz o que está sendo dito, alinhando em uma as diversas faces desta mulher, quanto em sua musicalidade cada vez mais própria e consistente. Uma música forte, que marca presença, como a própria Vanessa da Mata, suingada, rítmica e melódica como é a brasilidade que ela tanto honra e admira. Sejam bem vindas Todas Elas.

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Written By

Jucilene, pernambucana, nascida em Recife. Formada em Produção Publicitária. Apaixonada por musica, filmes, séries e redes sociais.

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