Brasil
“Things that they don’t know”: Sarah Meyz, brasileira radicada na Inglaterra, lança EP
Quando Sarah Meyz escreveu as letras do seu novo EP, ela conseguiu a façanha de ser literal, lírica, profunda, autocentrada e universalista. Cantora, compositora e multi-instrumentista, Meyz lança em novembro deste ano ”Things that they don’t know” (Coisas que eles não sabem, em livre tradução), como seu primeiro trabalho autoral. O trabalho vem acompanhado de um videoclipe, que a posiciona como artista pop alternativa.
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São três músicas em inglês que compõem este primeiro EP. Cada canção representa um sentimento distinto. E cada uma foi nomeada por uma letra diferente do alfabeto. “Cada letra é a inicial de alguém que provocou determinado sentimento negativo em mim. Isso me levou a refletir sobre como isso ressoou em minha vida e como soube lidar com daquilo que estava sentindo naquele momento”, diz Meyz.
A primeira letra é ‘F’. O sentimento é a exaustão. Na canção, Sarah Meyz fala sobre a necessidade de praticar a politicagem nos ambientes profissionais, os jogos de poder e a constante demanda de fazer parte daquilo para obter uma ascensão na carreira.
“A vida poderia ser muito mais fácil se a sinceridade permeasse todas as relações. Nesta música, reflito sobre o cansaço em saber que o jogo é jogado dessa forma e não tem muito como fugir disso”, pontua.
Na segunda canção, a letra é ‘J’’. O sentimento é a decepção. Aqui, Sarah Meyz discorre sobre a quebra de expectativas, ao descobrir que a admiração que nutria sobre certa pessoa não correspondia à sua real projeção.
“Essa música foi feita com muito sofrimento, porque se decepcionar com alguém é sempre muito doloroso. Foi uma situação banal que provocou a quebra de expectativa, mas foi o suficiente para destruir todo o encanto. Fiquei muito reflexiva sobre o porque aquilo que fez tão mal e só consegui resolver esse sentimento ao gravar a música”, conta.
A terceira e última música é o ‘S’. O sentimento é a frustração. Nos outros dois casos anteriores, o uso apenas da consoante foi um recurso para preservar a identidade de quem inspirou a emoção indesejada. A canção que fecha o ‘Things ‘They Don’t Know’ também usa a letra, mas dispensa o anonimato. O ‘S’ é de Sarah. De Sarah Meyz.
“Eu percebi o quanto eu provoco em mim sentimentos que me tiram do prumo. São frustrações de mim comigo mesma, uma constante insatisfação que me impulsiona a buscar coisas novas, mas não me deixam contemplar minhas conquistas do presente. Quis escrever isso sobre mim mesma. Falar dessa angústia, dessa constante ansiedade que me move, mas também me consome muito”, revela.
O videoclipe é justamente desta faixa mais pessoal. Para cada uma das músicas, há também uma capa especial, produzida em um ensaio fotográfico, utilizando elementos que dialogam com as canções.
Sarah Meyz nasceu em Jundiaí, interior de São Paulo. Hoje, com 28 anos, mora na Inglaterra e, desde 2021, trabalha no lendário estúdio Abbey Road – famoso espaço onde os Beatles gravaram seus icônicos álbuns, sendo um deles, o de 1969, homônimo ao estúdio.
No Abbey Road, Sarah Meyz ocupou-se das trilhas sonoras de filmes como Pantera Negra 2, A Sociedade da Neve, Guardiões da Galáxia 3, e Pinóquio, de Guillermo del Toro, além de ter contato com astros como Ryan Gosling, na gravação da música ‘I’m just Ken’, do filme Barbie.
Teve a oportunidade também de gravar com Matthew Bellamy, vocalista da banda Muse, e Alexandre Desplat, autor de trilhas sonoras clássicas como as dos dois últimos filmes da franquia Harry Potter. Atualmente, ela ocupa uma vaga no departamento de inovação em áudio do estúdio. Meyz é a primeira brasileira a trabalhar oficialmente na equipe de engenharia do Abbey Road.
Antes do ”Things that they don’t know”, Sarah já havia lançado outros singles (Run Away e Go Ahead) – todos produzidos de forma independente, no seu estúdio em casa. Neste novo EP, ela gravou todos os instrumentos usados nas canções: guitarra, violão, bateria, baixo, sintetizadores, piano e gaita.
A gaita é, aliás, seu porto seguro. Filho de pai baterista, Sarah encontrou no instrumento de sopro sua vocação na música. “Minha mãe me matriculou nas aulas de gaita quando eu tinha 11 anos. Eu tomei gosto por aquilo. Dali em diante, fui crescendo, participando de turnês, shows e me profissionalizando na música”, relembra.