Rap/Hip Hop
Testemunha relata medo, ameaças e trauma em encontros com Diddy
O julgamento de Sean “Diddy” Combs por tráfico sexual esquentou nesta segunda-feira (12), com um depoimento de tirar o fôlego. Daniel Phillip, um acompanhante de 41 anos, foi chamado para testemunhar e revelou detalhes pesados de encontros sexuais que teve com Diddy e a cantora Cassie (Casandra Ventura) entre 2012 e 2014.
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Durante cerca de uma hora, Phillip descreveu com riqueza de detalhes (e bastante conteúdo gráfico) como era contratado para fazer sexo com Cassie enquanto Diddy assistia e se masturbava. Os pagamentos iam de US$ 700 a US$ 6.000 por encontro. Ele contou ainda que, em mais de uma ocasião, viu Diddy agredindo Cassie fisicamente, e que até chegou a receber MDMA durante um dos encontros.
Segundo Phillip, tudo começou quando ele gerenciava um show de strip masculino em Manhattan, por volta de 2012. Uma noite, seu chefe pediu que ele fosse até o hotel Gramercy Park para uma “despedida de solteira”. Ele achava que iria dançar para um grupo de mulheres, mas quem abriu a porta foi Cassie, sozinha. Ela perguntou se ele topava continuar só com ela. (Cassie, inclusive, deve depor ainda esta semana e já acusou Diddy de drogar e forçá-la a fazer sexo com outros homens.)
Phillip lembra que Cassie estava de lingerie, salto alto e óculos escuros, e disse que era seu aniversário, e que o “presente” tinha sido ideia do marido (Diddy). Ele recebeu alguns milhares de dólares logo de cara. Diddy também estava no quarto, de roupão branco e com o rosto parcialmente coberto. Cassie pediu para Phillip passar óleo nela, e garantiu que Diddy “não era gay” e não encostaria nele.
Durante o ato, Diddy ficou o tempo todo em um canto do quarto, apenas observando. Em outro momento, Cassie mandou uma mensagem pedindo uma foto íntima de Phillip e que ele voltasse ao quarto — e ele voltou. Assim seguiram diversos encontros, em hotéis e residências privadas por Manhattan. Sempre com o mesmo ritual: velas, óleo de bebê e lubrificante na mesa. Segundo ele, raramente usavam camisinha.
Phillip disse que os encontros duravam de uma a dez horas. Às vezes, Cassie ia para o quarto com Diddy depois do sexo e o deixava esperando por horas. Em outras, o chamavam de volta para mais uma rodada. Diddy até filmou alguns dos encontros com o celular e uma filmadora. E, em alguns casos, até indicava onde e quando Phillip deveria ejacular.
As coisas começaram a ficar mais estranhas quando Diddy tirou uma foto da identidade de Phillip e disse que era “por segurança, só por precaução”. Phillip entendeu como uma ameaça. Em um dos encontros, Diddy ofereceu MDMA, o que o deixou enjoado, mas também eufórico. Depois disso, saiu pelas ruas de Nova York distribuindo o dinheiro que tinha recebido.
Phillip garantiu que nunca se importou com o dinheiro: “Era empolgante estar perto de gente famosa. Nunca pedi nada pra eles.” Mas, com o tempo, passou a presenciar episódios violentos. Ele viu Diddy jogando uma garrafa em Cassie, puxando-a pelos cabelos e arrastando-a para o quarto, enquanto ela gritava: “Desculpa! Desculpa!”. Phillip contou que ficou em choque: “Achei que, se fizesse algo, podia morrer. Ele era poderoso demais.”
Depois disso, ele passou a ter dificuldades de manter relações na presença de Diddy. Chegou a receber Cialis para ajudar na performance, mas quando não conseguia, nem sempre era pago.
Um dos relatos mais pesados foi sobre uma vez no hotel Essex House: ele ouviu gritos e barulhos de agressão vindos do quarto. Quando Diddy saiu, Cassie se jogou no colo de Phillip, chorando. Eles acabaram fazendo sexo, dessa vez, segundo ele, mais “íntimo”. Mas, no meio do ato, perceberam que Diddy tinha voltado e estava espiando.
Em outro episódio, em uma casa de Cassie, Diddy chamou outro acompanhante, mas o clima pesou quando ele achou que o cara estava olhando pra ele durante um ménage. A discussão foi tensa.
Phillip disse que nunca mais recebeu dinheiro por sexo depois que os encontros com Diddy e Cassie terminaram, em 2013 ou 2014. Ele continuou aparecendo para ver se Cassie estava bem, e, claro, com medo de Diddy.
O julgamento de Diddy começou pra valer esta semana, com a seleção do júri e as declarações de abertura. A promotoria tenta mostrar que o rapper usava seu poder e fama para abusar de pessoas. Já a defesa afirma que tudo foi consensual e que Diddy, apesar de ter comportamentos violentos, é inocente das acusações federais.
Nesta segunda, também depôs um segurança que teria presenciado uma agressão de Diddy contra Cassie em um hotel. Um vídeo da cena, publicado pela CNN em maio de 2024, foi exibido para os jurados.