Rock
Skank lança primeiro EP do projeto ‘Os Três Primeiros’
Estão lá os elementos que viriam a marcar o sucesso de quase três décadas do grupo: da influência do dancehall jamaicano à mescla com sonoridade brasileira e textos sempre inteligentes, sejam focados em cunho social, romantismo ou simplesmente em diversão.
Dá para dividir o primeiro dos três EPs de “Os Três Primeiros” em três vieses.
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Há as músicas que poderiam ter virado single de tão boas, mas que de certa forma foram encobertas pelos hits arrasa-quarteirão dos anos seguintes, como “O Réu e o Rei” e “O Homem que Sabia Demais” (se bem que esta foi, digamos, um semi-hit). Há as canções igualmente fortes e que possuíam cunho social, como “Baixada News” (de Zilda e seus cinco filhos na Baixada Fluminense) e “Indignação” – esta virou até canção adotada pelos caras-pintadas nas manifestações pelo impeachment do então presidente Collor.
E há uma terceira vertente que é o que divertia o quarteto mineiro, que são as versões do dancehall para standarts de soul music, mas no caso do Skank eram de Bob Dylan, “Tanto” (de “I Want You”), e “Let me Try Again”, de Paul Anka eternizada por Frank Sinatra. Na época, o Skank até tocava versões de “Partido Alto”, de Chico Buarque, e “Raça”, de Milton Nascimento.
Tudo é como se a cena de Shabba Ranks, Pato Banton, Yellowman e cia. passasse a falar português e compor no Brasil, com a bagagem original de um nativo.
“O primeiro disco foi quase uma empreitada de guerrilha, pouco tempo para gravar, pouca grana, não tem overdub, é tudo muito cru, seco, na intuição. Só remixamos para colocar mais grave, pois estava muito médio e agudo” – Samuel Rosa.
O responsável pela remixagem foi Paulo Junqueiro, que é presidente da major hoje. Um disco tão bom que, mesmo sem um hit single que o catapultasse, escalou até virar disco de ouro. Um disco tão bom que conseguiu ficar ainda melhor nesta revisita.