Funk
Rimas e batidas do #EstudeOFunk promovem conscientização ambiental em novo EP
Divulgar a urgência da pauta ambiental. É com esse objetivo principal que ganha o mundo, nesta sexta-feira (11), o EP “Meio Ambiente”, mais novo lançamento do #estudeofunk – programa de aceleração artística e desenvolvimento de talentos do funk carioca. À partir da 00h, as cinco faixas inéditas (compostas, produzidas e gravadas pelos participantes do projeto) estarão disponíveis em todos os aplicativos de música. Com isso, a iniciativa da Fundição Progresso alinha-se às principais pautas para a juventude da UNESCO, promovendo o engajamento da cena funkeira com o meio ambiente.
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A ideia de lançar um registro de estúdio com essa temática surgiu de uma conversa de Vanessa Damasco, diretora geral do #EOF, com o ativista Daniel Calarco, da Organização Mundial da Juventude (OIJ). “Ele me apresentou as diretrizes da UNESCO para os jovens. Dentre elas, as mudanças climáticas mostram-se como uma das maiores urgências mundiais. Não tive dúvida de que este é um tema que precisava ser debatido com os artistas”, ela relembra.
Após participarem de uma oficina ministrada por Calarco, chamada “Funk, Favela e Sustentabilidade”, os artistas do #estudeofunk foram então convidados a produzirem músicas sobre o tema. Das quinze produções entregues, cinco foram reunidas no extended play. “Isso mostra o nosso som ultrapassando o senso comum, com talentos abertos a compor sobre temas importantes e transformando essa reflexão em voz e musicalidade”, Damasco comemora.
REFLEXÕES PARA O FUTURO
Como você imagina o mundo em 2026? É a pergunta que Oxy propõe ao ouvinte de “Raízes”, faixa de abertura do EP, produzida por Ardo. A letra descreve um “planeta encapsulado”, onde a chuva é radioativa e recursos se esgotaram, avisando que este futuro não está tão distante como pode-se pensar. Além disso, usa da metáfora das raízes de uma árvore para argumentar que precisamos nos enraizar ao ambiente em que vivemos, respeitando-o como se fosse parte nossa.
A reflexão se estende à produção seguinte, “Amazônia”, cujo título faz referência à maior floresta tropical do mundo – que, apenas em 2022, perdeu o equivalente a quase 3 mil campos de futebol para o desmatamento, o maior em quinze anos.
Mergulhada nos sons florestais, a canção aproveita-se dos vocais poderosos de Tabatha Aquino para denunciar a destruição da mata, citando ainda a opressão dos povos originários que vivem por lá e têm sofrido com ações criminosas do garimpo ilegal. “Se eu pudesse mudaria tudo/Plantaria árvores e frutos/Não tem como mudar o passado/O presente é que move tudo”, ela canta.
O contraste entre as paisagens verdes e os espaços urbanos (ambos vítimas de mazelas causadas por problemas ambientais) é guia da dobradinha “Terra Viva” e “Pega a Visão”. Na primeira, Kamy Mona nos convida a momentos de conexão mais profunda com a natureza. Já a segunda apresenta Duhpovo alertando para as tragédias climáticas, que denotam a urgência da pauta verde.
Enquanto isso, comoção e comunidade são tema de “Fortalece Aí”, produzida por Dee-x, com Letinzz e Sabrina Azevedo no mic. “Se Rio tá limpo eu vou nadar/Se o ar tá puro vou degustar/Se o jogo é sujo tô pra limpar”, cantam, clamando por movimentações comunitárias por um bem maior.
FUNK CONSCIENTE
Este clima, de mobilização e comunhão social, não é estranho à cena funkeira. O funk consciente é um subgênero que promove discussões sobre a sociedade, colaborando com o desenvolvimento de uma discussão coletiva ampliada entre os ouvintes. Grandes nomes contemporâneos, como MC Hariel, MC Ryan SP e MC Lipi já dedicaram produções a essa vertente.
“O EP ‘Meio Ambiente’ é um trabalho do gênero consciente pela forma com que foi desenvolvido, envolvendo debate, pesquisa e reflexão. É um projeto que veio realmente para conscientizar o público para as pautas ambientais”, salienta Vanessa. “A música é uma poderosa ferramenta de formação de opinião. Essa mensagem é para o futuro dessa galera, que precisa estar completamente atenta à questão do aquecimento global, às ações e consequências da poluição e das queimadas, e das políticas nacionais e internacionais para o meio ambiente”, completa.