PopEntrevista

Rodrigo Suricato fala sobre nova fase do Barão Vermelho, desafios e projeções futuras

Rodrigo Suricato. Foto: Reprodução/Instagram (@rodrigosuricato)

Entrevista e decupagem: Amanda Nunes
Edição e finalização: Danielle Barbosa

Um dos principais nomes do cenário do rock nacional, Rodrigo Suricato é definitivamente um artista multifaceta. Com talento e carisma de sobra para estar à frente de uma das bandas que mais marcaram gerações, o Barão Vermelho, o músico de 39 anos vive um auge de sua carreira.

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Sem deixar o projeto paralelo com o Suricato de lado, Rodrigo parece firmar cada dia mais raízes como líder do Barão. Bem à vontade na função de frontman, o artista traz para o Rio de Janeiro nesta sexta, 28, o novo show do grupo, em comemoração ao seu último lançamento, o single “A Solidão Te Engole Vivo”.

Em bate-papo bastante descontraído com o PopNow, ele contou um pouco sobre a nova turnê, a receptividade do público com a nova fase da banda, seus projetos dentro e fora do Barão e outras curiosidades.

Confira a entrevista!

PopNow: No seu ponto de vista, como está sendo a recepção do púbico para esse novo single do Barão, “A Solidão Te Engole Vivo”

Rodrigo: Foi maravilhosa! As pessoas reconheceram o DNA do Barão Vermelho. Uma vez que os dois fundadores [Guto Goffi e Maurício Barros] ainda estão dentro do conjunto, em alguma coisa na melodia, na voz, remete ä essa característica [da originalidade]. Além de ser um rock com uma letra inteligente! Está sendo maravilhoso encontrar as pessoas na estrada, o feedback está sendo maravilhoso! 

PopNow: Que bom! E como está a expectativa para o show do dia 28 no Circo Voador? Porque vai ser um “Show lançamento do single”, né?! E apesar de você já ter saído em turnê antes com a banda, essa é a primeira musica com vocal original seu, então não tem aquela coisa de pegar referencia na voz de outra pessoa.

Rodrigo: Para mim é uma delícia interpretar todas as canções que eu já conheço, mas tem um sabor especial cantar um single novo do Barão Vermelho depois de tanto tempo. A banda tava parada, não tinha nada de tão relevante há tanto tempo, e eu to há aproximadamente 1 ano e meio na banda e me apresentei no Circo Voador umas 3 vezes com eles. E com meu projeto Suricato também, tantas vezes. Então, é o nosso “amigo oculto” de fim de ano quase, [risos]. E eu achei bacana para testar a reação das pessoas ao vivo com a faixa agora que faz parte do nosso repertorio! 

PopNow: E vai ter algo de diferente/especial nesse show?! Ou vai manter o repertório do Barão mesmo?

Rodrigo: O repertorio do Barão já é muito abrangente, inclusive com algumas releituras de alguns clássicos que foram feitos pela banda como “Quando o sol” do Legião Urbana, tem Caetano Veloso também no repertorio, “Amor meu grande amor”, aquela canção que ficou conhecida pela Ângela Ro Ro e depois gravada pelo Barão, entre algumas clássicas do Cazuza, então, é tudo meio que farinha do mesmo saco dentro do repertorio [risos]. Entao, o show tá muito bacana, uma grande festa!

PopNow: E o novo single, foi uma composição do Mauricio com o Guto e o Fernando. Como está sendo a sonoridade do Barão pra você que chegou agora? Você está chegando a participar da composição de alguma outra canção da banda?

Rodrigo: Sim, junto dos outros “barões”, entre composições que eu compus sozinho, e outras com os outros “barões”, talvez seja umas 5 ou 6 canções [com participação] minha no próximo disco. E embora [A solidão de engole vivo] não seja minha composição, ela tem participação absoluta minha – No arranjo, na maneira de tocar, o que fazer, qual seria o refrão, enfim, a estruturação da canção, junto com o arranjo, levando ela pro rock, a maneira de cantar… Entao, embora não seja minha canção, composta por mim, é algo construído por mim.  Me sinto a vontade de interpretar também.

PopNow: E tem previsão para um novo single ou para o próprio álbum? A quantas anda o processo criativo do Barão?

Rodrigo: A gente quer lançar o próximo single até fevereiro, ou fim de janeiro. Em fevereiro eu lanço o meu terceiro disco solo como Suricato, e o Barão Vermelho vai lançar mais um single e depois, talvez a gente coloque já o disco todo. A gente precisa ensaiar e fechar o repertório completo do disco. A gente já tem aproximadamente umas 7 musicas gravadas, falta complementar aí com mais umas 3 musicas e tá tudo certo.

PopNow: Legal! E conta pra gente, como surgiu o convite pra ser vocalista do Barão? Você já tinha contato com eles? 

Rodrigo: Eu fiquei amigo do Mauricio Barros, num projeto muito grande que correu o Brasil todo, que chama-se Nivea Rock Brasil. Eu fazia parte da banda como guitarrista, uma banda formada por artistas. Tinha o Nando Reis, Paula Toller, Paralamas, Liminha dos Mutantes, Dado Villa Lobos do Legião, o Mauricio Barros nos teclados e eu representando a nova safra do rock brasileiro, ali como Suricato, tocando guitarra. 
Ficamos muito amigos, uma afinidade perfeita. Ele viu o quanto eu gostava do Barão Vermelho, aí passou-se  aproximadamente uns 9 meses e toca meu telefone e pra minha surpresa era o convite para participar da banda. E eu disse pro Mauricio: “Olha, desde que eu não tenha que escolher entre o Barão Vermelho e o meu próprio trabalho, tá tudo certo, vocês podem contar comigo sempre!” E foi uma maravilha estar junto com eles, compor com eles. Eu costumo dizer que eu já era Barão, eles que não sabiam! 

PopNow: E como você tá conseguindo conciliar o Barão com o Suricato? Ainda mais que o Suricato está em uma fase que é só você! Está sendo muito trabalho? 

Rodrigo: Eu vou para a estrada agora, A partir de fevereiro eu vou começar a fazer os meus shows junto com a agenda do Barão Vermelho, mas é só uma questão de programação mesmo, de logística. Tem uma frase aqui no Rio de Janeiro que a gente diz nos blocos de carnaval quando eles estão muito cheios, que é assim: “ Se organizar direitinho todo mundo transa!” [risos]. É realmente só organizar direitinho a agenda, uma vez que o meu empresário também é empresário do Barão Vermelho, então fica um pouco mais simples de poder organizar esse tipo de coisa. E quanto eu ter uma carreira solo, é mais que sabido pra todos eles e acredito que seja uma alegria pra todos eles então. 

PopNow: E como está sendo para você com dois trabalhos, acaba meio que confundindo a sonoridade de um trabalho com o outro? Quando você vê já tá tudo misturado? Ou você consegue separar? “Esse aqui é meu trabalho com o Suricato, esse aqui é o meu trabalho com o Barão”? Tem alguma diferença pra você?

Rodrigo: Essa é uma boa pergunta! Pensando bem, eu acho que eu tenho tudo isso no meu DNA, sabe? Eu tenho o rock muito presente, o blues muito presente na minha formação, as vezes como compositor no meu trabalho solo elas se baseiam mais no violão, no folk, e agora indo pra um trabalho um pouco mais pop solo.  No Barão Vermelho, qualquer ideia minha que eu ver com o meu DNA, eu assumo uma outra característica porque tem mais outros 3 seres pensantes ativos e muito ativos. Entao, o barato de ter uma banda, é isso. É você ser interferido e ver a sua ideia se transformar em uma outra coisa. Não necessariamente em uma coisa que você imaginou, mas em outra coisa, porque tem essa interação! E é legal eu ter meu próprio trabalho para eu ser o ditador que eu quero ser no meu trabalho né? [risos], Exatamente como eu quero, então eu recomendo para todas as pessoas! Muitas bandas não terminariam se as pessoas tivessem um cantinho para elas poderem expressar o que elas querem sozinhas. E não se expressar apenas através de uma banda, em uma democracia.

PopNow: E você está sentindo alguma pressão pessoal ou do público em relação a sua interpretação? Comparação com o Frejat, coisas do tipo?

Rodrigo: Ah, teve estranhamento no início, quando deu a notícia, imagina, a banda que já teve o Cazuza e o Frejat, de repente entra um menino barbudo e de chapéu. Entao as pessoas estranharam muito, a gente demorou muito… Foi um erro nosso, da noticia que eu entrei na banda até o primeiro show. Então as pessoas começavam a falar de uma coisa que elas não sabiam como iria ficar. Mas, foi dar o primeiro acorde no show no Circo Voador lotado que todo mundo entendeu que aquilo era o Barão Vermelho. Inclusive muitos críticos musicais que estranharam a noticia, e até falaram um pouco mal também dizendo que o Barão tinha acabado, eles foram ao show e se retrataram publicamente, que aquilo era Barão Vermelho sim. Entao a partir daí, que tá sendo muito gostoso encontrar esses fãs,  inclusive eu, que estavam carentes desse repertorio, tocados com esse vigor. O Barão tá correndo muito agora de novo, sabe? É muito legal ver os fundadores, compositores de canções tão importantes, protagonistas da sua própria história. Isso é importante. Ver o Guto protagonista da sua história, ver o Maurício protagonista da história, cantando algumas canções com a gente, o Fernandao com o verdadeiro reconhecimento que lhe cabe. E no final das contas, o publico quer alegria mesmo, não quer saber se tem fulano, se tem ciclano, ele quer cantar aquelas musicas que fizeram parte da vida deles. 

PopNow: Depois de já ter feito uma turnê e agora entrando em mais uma, mudou algo na sua percepção como musico e frontman? Se sente mais desinibido?

Rodrigo: Muda, mas eu sempre tive isso para dar. Eu conheci o Maurício fazendo show pra 180 mil pessoas, com o Mauricio, Paralamas do Sucesso no palco. Sou completamente desenvolto com isso. Mas é legal estar em uma máquina como o Barão Vermelho que me permite andar a 220 por hora. Entao, eu consigo render muito no Barão como guitarrista e como performer porque o show tem uma movimentação muito grande. E no meu show solo eu fico basicamente no mesmo lugar tocando vários instrumentos ao mesmo tempo, então a movimentação é diferente. E é legal tocar canções tão conhecidas né!  Onde você tem uma reação imediata do público. Entao, respondendo à pergunta, muda sim, te envolve, mas não é algo que eu não tivesse para dar, não invento. 

PopNow: Pra encerrar, o que você costuma ouvir nas suas horas vagas e qual seria seu projeto musical dos sonhos?

Rodrigo: Eu andei ouvindo muito no passado hip hop, ouço muito um núcleo criativo chamado  Bom Iver, James Blake, e volta e meia eu costumo escutar os clássicos tipo Oasis, Led Zepplin, Beatles. Eu sou muito interessado por musica eletrônica agora também e as suas possibilidades de fusão com folk, com rock. 

PopNow: E com tantos ritmos diferentes, será que existe a possibilidade de uma fusão disso na sua música? 

Rodrigo: Na minha musica certamente, Suricato é um núcleo criativo no qual eu sou síndico, no qual eu to indo pra o terceiro disco. O meu primeiro disco a frente do Suricato foi mais rock, o segundo mais folk e esse terceiro eu to vindo um pouco mais eletrônico. Uma pegada mais eletrônica com o folk característico. O Barao Vermelho eu acho que talvez morra fazendo rock, mas agora um pouco mais pop, uma vez que tem o Mauricio Barros que tem um DNA super pop assim como eu a frente da banda. Entao as pessoas podem esperar guitarras distorcidas, mais letras e refrãos poderosos!

PopNow: Muito obrigada Rodrigo! Pode deixar um recado para os leitores do PopNow?

Rodrigo: Queridos amigos do PopNow, muito bacana estar ao lado de vocês, boa sorte, vida longa e excelente 2019 para todos!

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