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Oscar 2018: Melhor Figurino e Direção de Arte
No dia 4 de março, acontece a grande festa do cinema – o Oscar! Até lá, o PopNow te deixará a par de tudo sobre a premiação, que este ano chega à sua 90ª edição. Hoje vamos conhecer melhor os indicados de duas categorias, ambas essenciais para estabelecer o universo de um filme.
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MELHOR FIGURINO:
A Bela e a Fera:
A figurinista britânica Jacqueline Durran teve a missão de transpor para o modo live action o vestuário do clássico conto de fadas – que tem peças, como o vestido amarelo da Bela e o terno azul da Fera, já cravadas no imaginário popular. Tanto é que a figurinista tomou a animação da Disney, de 1991, como referência principal, e usou a moda francesa do século 18 como fonte adicional de inspiração para vestir a galeria de personagens desta versão de 2017, estrelada por Emma Watson.
Durran já foi anteriormente indicada 4 vezes ao Oscar, tendo levado a estatueta, em 2013, pelo trabalho em Anna Karenina.
O Destino de uma Nação:
Jacqueline Durran conseguiu o feito de ser indicada por dois filmes este ano, e o segundo é este retrato dos dias em que Winston Churchill se tornou Primeiro-Ministro da Inglaterra em meio à Segunda Guerra Mundial. Os figurinos refletem o ano em que se passa o filme, 1940, mas, seguindo o tom geral de tensão política, segue uma linha mais sóbria – e a figurinista ressalta, de fato, que trabalhou com uma paleta mais limitada de cores.
Vale notar que esta é a quarta vez em que Durran é indicada por um filme do diretor Joe Wright. Os outros foram Orgulho e Preconceito (2005), Desejo e Reparação (2007), e o já citado Anna Karenina, que a consagrou vencedora.
Trama Fantasma:
Este é um indicado, digamos, um tanto óbvio da categoria, já que a trama do filme gira em torno de um estilista de alta costura, interpretado por Daniel Day-Lewis, e, sendo assim, vários modelos de vestidos são mostrados durante o filme – como criações do personagem Reynolds Woodcock. O figurinista Mark Bridges procurou manter fidelidade aos anos 50, mas usando as peças como elementos de leitura do filme, espelhando o estado de espírito dos personagens. “Nossas escolhas nunca são aleatórias (…) Há sempre algum tipo de ressonância”. Ainda segundo Bridges, os protagonistas, Day-Lewis e Vicky Krieps (que veste boa parte dos modelos no filme) também se envolveram na criação dos figurinos.
Mark Bridges venceu esta categoria, em 2012, por O Artista, e foi indicado, em 2015, por Vício Inerente, de Paul Thomas Anderson – mesmo diretor deste Trama Fantasma.
A Forma da Água:
Para caracterizar os personagens de A Forma da Água, Luis Sequeira trabalhou muito de perto com a equipe de direção de arte e de fotografia – juntos, sob o comando do diretor Guillermo del Toro, fizeram uma sistematização das cores utilizadas no tratamento visual do filme. Sequeira pesquisou em fábricas americanas para criar as vestimentas do laboratório de pesquisas – e os tons pastéis evocam o clima de opressão e paranoia do contexto Guerra Fria. Para a personagem Elisa, foi usado o recurso de transição gradual de seu figurino para a cor vermelha ao longo do filme, refletindo a evolução do relacionamento da personagem com o homem-peixe na trama.
Esta é a primeira indicação de Luis Sequeira ao Oscar. Ele desenhou os figurinos de filmes como Mama (2013) e Carrie: A Estranha (2013).
Victoria & Abdul:
A figurinista irlandesa Consolata Boyle foi responsável por criar, aqui, os figurinos de uma corte inglesa do ano de 1887, época do jubileu da Rainha Victoria – que, no filme, forma uma amizade com o servo indiano Abdul. Num trabalho que marca pela pompa, ressalta-se o peso das vestimentas usadas por Judi Dench no filme e a predominância inicial da cor preta nas vestes da rainha (segundo a figurinista, muitas pessoas ficavam permanentemente de luto naquele tempo), mas que na evolução da personagem vai evoluindo para tons de cinza escuro e roxo escuro.
Esta é a terceira indicação de Boyle ao Oscar e todas elas foram em colaborações com o diretor Stephen Frears: A Rainha (2006), filme sobre outra monarca britânica, a contemporânea Elizabeth II, e Florence Foster Jenkins (2016).
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE:
A Bela e a Fera:
Um trabalho certamente grandioso o de criar toda a ambientação desse universo de conto de fadas. Mesmo com o uso de efeitos de computação gráfica, a produção de arte quis um alto nível de realismo e detalhismo nos sets, tendo como grande referência o rococó francês. Mas não apenas; por exemplo, a biblioteca do castelo foi inspirada em uma biblioteca existente em Coimbra, Portugal, ao passo que a decoração da ala oeste foi baseada no barroco italiano. Além disso, a equipe complementou os designs dos objetos animados (Lumière, Horloge), com relação à versão de 1991.
A dupla Sarah Greenwood e Katie Spencer já havia sido indicada 4 vezes anteriormente, mas nunca venceu.
Blade Runner 2049:
A equipe de Dennis Gassner e Alessandra Querzola foi a responsável por criar o mundo distópico, pautado pela brutalidade (como o diretor Denis Villeneuve definiu a essência do filme), da continuação de Blade Runner – “um mundo duplamente distópico”, se comparado ao original, segundo Gassner. O designer de produção também revelou que sua a prioridade foi a atualização do Spinner, o veículo policial voador, que estabeleceria um padrão de linguagem visual a ser aplicada ao restante daquele universo.
Essa é a sexta indicação ao Oscar de Dennis Gassner, que venceu, em 1992, por Bugsy. Já para Alessandra Querzola esta é sua primeira indicação.
O Destino de uma Nação:
Novamente, assim como na categoria Figurino, a mesma equipe de A Bela e a Fera se repete aqui. A designer Greenwood conta que “o desafio era recriar a Londres histórica de um modo que parecesse autêntica e se encaixasse naquela era (da ascensão de Churchill ao poder)”. Elas tiveram que recriar locais famosos da capital inglesa, como o Parlamento, o Palácio de Buckingham, a Downing Street, sempre encaixando-os, num trabalho conjunto ao da fotografia, na atmosfera densa que o filme pedia.
Assim como a figurinista Jacqueline Durran, Sarah Greenwood e Katie Spencer são colaboradoras de longa data do diretor Joe Wright, já tendo sido indicadas por outros três filmes dele: Orgulho e Preconceito, Desejo e Reparação e Anna Karenina. Elas possuem uma outra indicação pelo trabalho no filme Sherlock Holmes (2009).
Dunkirk:
O production designer Nathan Crowley assinou a direção de arte de todos os filmes de Christopher Nolan desde Insônia (2002) e comentou que “enquanto Interestelar (o filme anterior de Nolan) foi o mais pesado em termos de trabalho de design, este foi o mais rigoroso fisicamente”. Crowley se refere às condições de filmagem em locação, com desafios logísticos e meteorológicos. Além das embarcações e aviões, sua equipe teve que recriar o molhe, que é uma estrutura de pedras entrando no mar, semelhante a um píer, que teve papel fundamental na Batalha de Dunkirk.
Crowley tem 3 indicações anteriores, todas por filmes de Nolan: O Grande Truque (2006), O Cavaleiro das Trevas (2008) e Interestelar (2014). O decorador de set Gary Settis, por sua vez, também tem a indicação por Interestelar, mas suas outras duas são por outros filmes: O Poderoso Chefão – Parte III (1990) e A Troca (2008).
A Forma da Água:
Para criar a ambientação do mundo fantástico de Guillermo del Toro, a equipe de arte procurou, primeiramente, se situar no período (1962). O laboratório onde a protagonista Elisa trabalha e conhece a criatura aquática foi baseado na arquitetura brutalista, enquanto os cenários dos apartamentos sobre o cinema se encaixam na lógica visual de cores do filme – enquanto o de Elisa tem uma aura verde, o de seu vizinho Giles é infundido com marrons calorosos e dourados.
O designer de produção é Paul D. Austerberry e os decoradores de set são Shane Vieau e Jeff Melvin. Essa é a primeira indicação ao Oscar dos três.