Nick Souza quer construir legado com alma brasileira e som global: ‘Não corro atrás de tendência’

Ao misturar a batida do funk, a sensibilidade do R&B, a ousadia pop e até elementos do jazz latino, Nick Souza tem criado um som próprio — ou como ele mesmo define, algo entre “FunknB” e “RnBaile”. Em entrevista ao PopNow, o cantor e produtor fala sobre o lançamento da faixa Posso Fingir, a colaboração com MC Binn, e como transforma temas atuais como a solidão digital em música pop de verdade. Com uma visão autêntica e uma bagagem musical plural, Nick representa uma nova geração de artistas brasileiros que pensam e produzem em escala global — sem abrir mão da alma local.

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Confira a entrevista com Nick Souza:

Nick, seu som é uma fusão muito interessante entre o pop, R&B, funk e até jazz latino. Como você define o seu estilo hoje?

Definiria meu estilo com o nome “FunknB”. Ou talvez “RnBaile”. Acho os dois nomes maneiríssimos [risos].

“Posso Fingir” fala de sentimentos que muita gente vive no mundo digital: fingir ser algo pra se encaixar. Como você vê isso no universo pop?

Acho que é um grande paradoxo de hoje em dia. Com a internet estamos mais conectados do que nunca, mas ao mesmo tempo nos sentimos mais sozinhos do que nunca. E às vezes para preencher esse vazio de sentir-se sozinho, a gente finge ser ou sentir algo. Esse tema é muito popular hoje em dia e, queira ou não, é um sentimento popular. Então faz sentido tocar nesse tipo de tema no universo pop.

MC Binn trouxe o funk direto da quebrada pro topo das paradas. O que você mais aprendeu com ele nesse processo de colaboração?

Acho que com ele eu aprendi um pouco mais sobre o meu propósito na musica brasileira. Batemos em varias portas para tentar alinhar esse feat, e ele foi o único a se mostrar disposto a entrar no som. E um detalhe: ele não cobrou nada. Esse tipo de alinhamento só acontece quando as caminhadas dos artistas têm muito a ver. E como o MC Binn, de certa forma, furou uma bolha do Baile Funk pro resto do mundo, ele entrando nesse som confirma que eu também tenho o potencial e a bagagem para fazer isso.

Qual foi o maior desafio — e a maior surpresa — de produzir uma faixa que mistura tantas sonoridades e línguas?

Acho que pra mim o maior desafio foi a incorporação da voz pitchada pro agudo no refrão. Pra deixar a voz com aquele efeito, dentro do tom, tempo da faixa e ainda soar de uma forma natural e não tão robótica foi meio difícil. A maior surpresa foi que essa faixa em particular foi bem fácil de produzir. Ela fluiu de uma forma bem natural. Eu até tenho outras faixas onde essas misturas de sonoridade e línguas acontecem, mas o processo foi um pouco mais longo e complicado comparado a ‘Posso Fingir’. Então a maior surpresa pra mim foi a facilidade de encaixar a produção.

O que você acha que torna sua música diferente no cenário atual do pop global?

Acho que é minha bagagem como músico. O fato de eu mesmo fazer a produção, composição, mixagem e masterizacão, a minha incorporacão do sax, o uso do inglês e do português nas letras e também a mistura de vários ritmos que não são tradicionalmente “comerciais”. E mesmo assim conseguindo criar algo que soa de uma forma comercial.

Em tempos de algoritmos e tendências, como você mantém a autenticidade nas suas criações?

Eu não ligo muito para ritmos ou estilos que estão em alta. Se você deixa isso te influenciar demais, você estará sempre correndo atrás de trends em vez de construir algo que é genuinamente seu. O processo pode ser mais longo e dolorido, mas quando seu momento chega, você vai ter a base para usufruir de um sucesso mais duradouro.

Você acompanha a cena pop brasileira? Algum artista que você admira e gostaria de colaborar?

Acho que o pop brasileiro, tal como o próprio Brasil, transborda influências de outros lugares do mundo. Acho isso muito legal, e me lembra muito da cena musical de Toronto, a cidade que eu fui criado no Canadá. Eu adoraria colaborar com a Ludmilla, Anitta, Kevin o Chris, Luisa Sonza, Baco Exu do Blues… Acho todos artistas únicos e ótimos.

Já recebeu retorno de fãs de fora do Brasil sobre “Posso Fingir”? Como tem sido esse diálogo?

Sim! Ironicamente eles gostam mais dessa música do que os meus sons em inglês [risos]. E o feat com o MC Binn mostrou pra muita gente que está fora do Brasil que meu propósito musical tem um lugar junto aos grandes. Isso foi uma grande virada de chave para mim.

Se você pudesse descrever sua fase atual em três palavras, quais seriam?

Aprofundamento, aventura, realização. 

Ouça o novo single: