A música é um instrumento poderoso de educação e entretenimento, sendo uma das poucas formas de arte que podem unir as duas coisas e prender a atenção de uma criança sem prejuízo de sua atenção. O grupo paulistano de forró Bando de Régia propõe, através dessa premissa, o projeto Forró pra Criançada, que visa ser um ponto de fomento de salvaguarda e longevidade do gênero musical de origem nordestina e reconhecido pelo IPHAN como patrimônio cultural e imaterial do Brasil. As apresentações acontecem a partir de hoje, 15 de outubro, todas as terças e quintas-feiras.
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Cada apresentação tem duração de 60 minutos e contará com tradução em Libras. O espetáculo passeia pela diversidade dos ritmos nordestinos como forró, xote, xaxado, coco, baião, arrasta-pé e ciranda. Além das apresentações, serão oferecidas 10 oficinas de formação para os docentes da Rede Pública de Ensino Municipal em Musicalização, Educação Patrimonial e Cultura Popular.. Todo o projeto conta com gratuidade garantida.
Kelly Marques (Voz), Lucas Coimbra (Sanfona/Coro), Lello Araújo (Triângulo/Coro) e Vitor Coimbra (Zabumba/Coro) farão 20 shows em escolas públicas municipais (CEI, EMEI) das cinco regiões da cidade de São Paulo, focando na construção do público infantil. “A criança gosta muito de música, de instrumento musical, se movimentar, dançar, elas aprendem muitas coisas através de música. É interessante entrar nesse universo infantil tão musical e usar a cultura popular do forró para transmitir o saber. Através desse gancho começamos a pensar nesse projeto”, conta Kelly.
O forró é um gênero que está na rotina do público infantil e infanto-juvenil por ser extremamente popular entre os adultos, ainda que em sua versão menos raíz, com mais inserções de elementos eletrônicos e temas menos sertanejos. O Bando de Régia trará em suas apresentações nas escolas a sonoridade “pé de serra” que levou o grupo a realizar uma bem-sucedida residência artística no Theatro Municipal de São Paulo e um elogiado show ao lado do Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo, ambos em 2023.
A gênese do Forró pra Criançada foi em 2020 e, desde então, o Bando de Régia propõe uma aventura musical para formar os forrozeirinhos do futuro. O carisma do grupo também é um fator para cativar a molecada e fazer da iniciativa uma potente e promissora maneira de preservar as raízes culturais regionais de um povo, afirmando sua origem e identidade, não só pela música em si, mas da cultura popular, incluindo a literatura oral, a história dos ritmos e dos instrumentos tradicionais da cultura forrozeira.
Como recursos lúdicos que encorpam as apresentações, há coreografias, a indumentária pensada exclusivamente para a garotada e momentos de uso de fantoches, carimbos, apitos e outros elementos que vão ajudar a compor as histórias.
“Levaremos essa coisa mais orgânica do Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Anastácia, Dominguinhos. Se quisermos que as pessoas ouçam, não adianta obrigar. Disponibilizando para as crianças, damos escolhas, o contato dela com o estilo. Não será uma aula, mas uma grande festa, uma vivência, uma balada para crianças. Falamos dos nomes importantes, usamos o lúdico, mas basicamente queremos uma versão para os pequenos do que é o forró para os adultos. Já testamos e tem sido muito bonito” – Kelly Marques
A vocalista do Bando de Régia não é iniciante no campo da difusão da importância sobre a preservação da memória da cultura popular. “A gente trabalha com os clássicos e também músicas do universo infantil cantando em forró. Aproveitamos que elas já conhecem essas músicas para enriquecer a apresentação. Nós simplificamos algumas canções também, por exemplo, ‘Asa Branca’ não terá todas as estrofes, porque a ideia é prender a atenção deles. Buscamos interagir, mostrando os compositores como se fossem personagens, heróis das histórias em quadrinhos. É surpreendente ver a animação deles conhecendo Alceu Valença, Luiz Gonzaga e Anastácia de uma forma que eles se identificam”, declara Kelly.
Para o Bando de Régia, que já se apresentou com a Rainha do Forró, Anastácia, esse processo de ocupação dos espaços escolares via forró tem um significado gigantesco. “Para além da parte pedagógica, é um ato de resistência. A gente também aprende muito. As crianças começam a falar do Nordeste, sabe? São Paulo é a cidade que mais recebeu fluxo migratório, então todo mundo, em algum nível, tem relação com os estados nordestinos. Trabalhar com o forró é uma forma de engrandecer esse povo, nossos artistas, né? Afinal, por exemplo, o Luiz Gonzaga é insuperável. Você fala ‘Gonzaga’, todo mundo já traz uma imagem poderosa. Ele abriu a porta para muita gente que veio depois e se a musicalidade nordestina anda tão pulsante, é porque tivemos Luiz Gonzaga. E colocar essa e outras histórias em nossas apresentações nas escolas é um estandarte, continuar a espalhar o legado”, conclui.
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