Rock
#MaximusBR: Linkin Park supera críticas e envolve multidão no encerramento do festival
No último sábado (13), o Autódromo de Interlagos, em São Paulo, tremeu com cerca de 10 horas de muito rock ‘n roll e 15 bandas se apresentando em três palcos diferentes – o Thunder Dome, o Rockatansky e o Maximus Stage, que concentrou as principais atrações do dia.
O Maximus Festival, que está em sua 2ª edição em solo brasileiro, é um festival que contempla exclusivamente bandas do gênero heavy metal e, por esse motivo, o público que vai aos shows é selecionado, segmentado e bastante fissurado pelo som hardcore de bandas como Disturbed, Rammstein e Marilyn Manson,que estiveram no lineup de 2016. Em 2017, os destaques foram Five Finger Death Punch, Rise Against, Prophets of Rage, Slayer e Linkin Park. Os norte-americanos da Califórnia fecharam o evento com show da turnê “One More Light, que passou por Argentina, Chile e Peru antes de chegar ao Brasil.
Bastante criticados pela sonoridade que vem produzindo desde o “Minutes to Midnight” (2007), o Linkin Park foi quiçá a banda mais questionada sobre o acerto ou não da produção em chamá-los para ser headliner de um festival que tinha o Slayer – que coleciona fãs de metal desde a década de 80 – tocando um pouco antes. O assunto rendeu debates e opiniões controversas até o momento em que Chester Bennington (vocais e guitarra), Mike Shinoda (vocais, guitarra e teclado), Brad Delson (guitarra), Joe Hahn (sampler/DJ), Phoenix (baixo) e Rob Bourdon (bateria) pisaram no Maximus Stage, pontualmente às 21h e com uma bandeira do Brasil bem à mostra.
Das críticas à glória:
Os primeiros acordes de “The Catalyst”, os telões com letreiros garrafais piscando o nome da banda e os gritos histéricos de um público numeroso anunciavam a chegada do Linkin Park, quase cinco anos após a última passagem pelo país. Nesse momento, a dúvida se dissipou e a escolha da banda para headliner se justificou. Uma multidão se apertou em frente ao palco e o lounge – área nobre e com regalias que foi comercializada – ficou aglomerado de pessoas atentas e ansiosas pela performance e setlist que Chester, Mike e cia trariam para a noite. A maioria, claro, na expectativa de ouvir os grandes sucessos do “Hybrid Theory” (2000) e “Meteora” (2002), dois álbuns que marcaram os anos 2000 com hits fortes até hoje na indústria musical.
O único inconveniente aconteceu logo no início do show, mais precisamente nas três primeiras músicas. O som estava bem baixo por conta de alguma falha técnica e mal se ouvia a voz do cantor alguns metros mais afastado do palco. Após os ajustes necessários, a apresentação transcorreu sem problemas e a cerca de 1h20 teve momentos de puro êxtase, calmaria, coros de vozes em uníssono, algumas lágrimas e – é claro – os clássicos mosh pits.
A atmosfera, no entanto, de nada lembrava o show pauleira do Slayer ou Prophets of Rage – que acabara de acontecer. Com faixas bem mais midiáticas e influências ‘mainstream’, o Linkin Park conduziu o show intercalando músicas que tinham certeza que seriam sucesso de audiência e adesão do público com as baladas mais suaves e recentes, como o single “Good Goodbye” – divulgado há 1 mês e faixa pertencente ao disco “One More Light”, que será lançado no dia 19 de maio.
Uma surpresa positiva para a banda e que arrancou sorrisos de Chester e Mike veio quando os trechos da própria “Good Goodbye” e de “Battle Symphony” foram cantados integralmente por fãs fieis e de longa data do grupo. Os ‘soldiers’, como é chamado o fandom do Linkin Park, impressionaram pela participação ativa durante toda apresentação, até quando o restante do público em geral não sabia cantar e ficou apenas observando. Além de agradecer a todo momento, os músicos rasgaram elogios à plateia, colocando os brasileiros como “o público mais louco”, segundo Mike e “os melhores fãs do mundo”, para o vocalista Chester – que parecia emocionado.
São Paulo, todas as vezes que nós tocamos aqui me lembro por quê os melhores fãs do Linkin Park no mundo moram aqui. Nós temos os melhores fãs! Não importa como, temos os melhores fãs do mundo. Vocês são o público mais louco e por causa disso nós amamos vocês! – Chester Bennington
No total, o show teve 22 músicas na setlist divididas em 7 álbuns de estúdio. O maior desafio da dupla de frontmen do Linkin Park era manter a plateia sempre aquecida e atenta ao que estava acontecendo, já que a variação de tendências sonoras foi bem marcante. Para isso, eles puxavam palmas, jogavam os refrões pro público terminar de cantar, se ajoelhavam e preenchiam todo o espaço de cena com muita presença de palco, além de instigar o público com frases de efeito do tipo “São Paulo, queremos ouvir vocês! Estão conosco?”
Não foi uma tarefa tão difícil como se previa. Os gritos de Chester e as entradas estratégicas de canções do “Hybrid Theory” ou “Meteora” cativaram o público e levaram as pessoas ao delírio em muitos momentos, que podem ser divididos por categorias: “Breaking the Habit” e “Leave Out All the Rest” foram o ponto mais sensível e vulnerável do show, provocando algumas lágrimas e um mar de luzes de celulares filmando; “One Step Closer”, “Somewhere I Belong”, “Faint” e “Papercut” entram na categoria “Êxtase”, com direito a princípios de rodinhas punk, pulos e muitos cabelos esvoaçantes; “New Divide”, “Numb” e “What I’ve Done” talvez não se encaixem em uma categoria específica, mas merecem destaque pelo simples poder de hit que têm, cantados na ponta da língua e a plenos pulmões por todos.
Mas nenhuma das categorias chegou próximo do ‘acapella’ produzido pelos fãs da banda em “In the End”, clássico com mais de 300 milhões de visualizações no YouTube. Veja o vídeo abaixo e sente a vibe do público no Autódromo de Interlagos nos primeiros versos da música:
QUE LOUCURA!!!! @linkinpark pic.twitter.com/MNBiLBLXwY
— DaNi (@leliamnesia) 14 de maio de 2017
Apesar de tantos sorrisos e elogios após o show, houve mais um debate que perdurou por algum tempo entre os que adoraram e os que se frustraram com a versão alternativa de “Crawling”, apresentada no Maximus Festival com o auxílio do piano. De fato, a canção foi completamente modificada e desconfigurada da versão original. Foi a primeira turnê que a banda veio com essa proposta para o hit.
Antes das 22h30, os músicos encerraram as atividades do Maximus Brasil com a sequência “Heavy”, “Papercut” e “Bleed It Out”, cada uma de uma etapa diferente da carreira do grupo, o que define com boas nuances o que é o Linkin Park hoje em dia: aberto a novas possibilidades, uma base de fãs sólida, um som alternativo e (muito!) mais vendável, mas sem perder a atitude, força e poder de magnetizar um público ao vivo como sempre tiveram, desde outrora.
Nas redes:
A conexão da banda com Brasil é tão forte que até mensagem do atacante Neymar, do FC Barcelona, para o baixista Dave Farrell, o Phoenix, teve. O artista, que é apaixonado por futebol e admira o jogador de futebol brasileiro, gravou um vídeo em forma de agradecimento direto do palco em Interlagos. Veja abaixo!
Obrigado Brasil ! @neymarjr @phoenixlp @linkinpark pic.twitter.com/FxTVf67OcY
— LINKIN PARK (@linkinpark) 14 de maio de 2017
Outro membro da banda que fez questão de agradecer o carinho dos fãs foi Mike Shinoda. Em sua quinta passagem pelo país, o rapper fez questão de reafirmar o que disse na apresentação ao vivo através de seu twitter oficial.
In all seriousness, thank you Brazil. You guys are always amazing. Fun show tonight.
— Mike Shinoda (@mikeshinoda) 14 de maio de 2017
A página do Maximus Festival no Facebook também comemorou a passagem da banda pelo Brasil e chegou, inclusive, a postar um vídeo durante a apresentação.
Veja a galeria de fotos do show:
Setlist:*
01. Fallout
02. The Catalyst
03. Wastelands
04. Talking To Myself
05. Burn It Down
06. One Step Closer
07. Castle Of Glass
08. Good Goodbye
09. Lost In The Echo
10. Battle Symphony
11. New Divide
12. Breaking The Habit
13. Crawling (Piano)
14. Leave Out All The Rest
15. Somewhere I Belong
16. What I’ve Done
17. In The End
18. Faint
19. Numb/Encore
20. Heavy
21. Papercut
22. Bleed It Out
*mesma setlist do Maximus Argentina 2017.