Talento nato não se explica: reconhece-se. No caso da música de Mateus Beurlen (pronuncia-se “bóirlen”), a convicção é imediata. O disco de estreia, Sunflower – com lançamento em 24 de novembro, pela LAB 344 – soa como flerte à primeira audição.
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Violão em punho e coração aberto, a persona inesperada e surpreendente das Alagoas abre asas para soltar canto arrebatador. Está tudo ali: voz, sonoridade e composição. E o melhor, como artista contundente, para apreciação integral.
SOUND + VISION
A musicalidade intrigante de Mateus Beurlen chega revestida num pacote completo, com imagem, atitude e conteúdo genuinamente autorais. Seja em inglês (no álbum) e também em português (nos shows), seu canto é para o mundo.
E como canta. O timbre grave e aveludado revela crooner potente e visceral. Apesar dos 21 anos, ataca as cordas (vocais) com musicalidade e poesia de gente gigante. Liricamente, nutre-se do drama existencial para oferecer reflexões sobre relações humanas, sexualidade – na condição de não-binário – e perda da inocência em tempos distópicos. “Love is never wrong” (“O amor nunca erra”), dispara no alvo.
SUNFLOWER – O ÁLBUM
Ao dar a partida em Sunflower no dedilhado ao violão, a viagem com Mateus Beurlen parece levar inicialmente à arriscada fronteira entre o anacrônico e o atemporal. Mas logo, a habilidade em transitar com conforto por referências variadas no tempo e no espaço se revela na conexão com a própria época.
Após a introdução, a paisagem sonora de “Star in the Sky” estampa maturidade elegante, e por si já garante o passeio.
Na sequência, em “Wild and Young”, confirma-se melodista irretocável. Capaz de celebrar influências – de Elliot Smith a Ed Sheeran – sem derrapar, rumo ao destino imprescindível para toda criação: a originalidade.
Para tanto, confiou direção musical a Dinho Zampier (Cris Braun/Wado/Figueroas). Outro alagoano a extrapolar divisas, o tecladista brilha como produtor/arranjador/músico em Sunflower. A regência sensível e vigorosa extrai o melhor das composições para revesti-las ou lapidá-las em arte-final impecável, cujo resultado potencializa o verdadeiro tesouro musical chamado Mateus Beurlen.
Em boa companhia, com talento e coragem na bagagem, Mateus (já) vai longe. Na travessia pela condição humana, chega a camadas mais profundas na dilacerante “Whole”. Com o frescor do trap como base a sustentar vocais reverberantes, a canção segue a plenos pulmões, de peito aberto, em total entrega, por inteira. Comovente. “Maybe” não deixa dúvidas: Beurlen sabe o caminho das pedras. Vide o acento folk de “One Last Night” no violão e voz que se bastam. “Sunflower”, a faixa-título, anuncia chegada à penúltima estação no melhor estilo: como obra-prima, para então voarmos com “Fly” e ouvir todo álbum novamente.
LAB 344
Estreia maiúscula, Sunflower chega sob a chancela da LAB 344. Os três singles e dois videoclipes – ambos dirigidos pelo craque Henrique Muniz (MODU) – lançados previamente chamaram a atenção da gravadora que logo ofereceu acolhida para o début fonográfico.
O selo abriga “conterrâneos” de peso no cenário alternativo nacional, como Wado e Cris Braun, e responde pela distribuição no Brasil de ícones internacionais, como Moby e Mayer Hawthorne.
Videoclipe
O lançamento de Sunflower pela LAB 344, no dia 24 de novembro, chega turbinado com videoclipe para a faixa Love is Never Wrong, numa espécie de cartão de visitas para o álbum.
O clipe tem direção de Henrique Muniz, que também responde como produtor e diretor artístico de Mateus Beurlen.
SHOWS
Com mais de 30 shows na carreira, Mateus almeja palco e plateia. Whole batiza a turnê do álbum Sunflower em dois formatos: com banda ou voz e violão. Ambos com duração de 2h30min e roteiro e direção assinados por Henrique Muniz.
O repertório contempla as faixas do álbum, músicas não-lançadas e versões para clássicos e contemporâneos da música pop gringa (de Elton John a Bruno Mars) e brazuca (de Céu a Erasmo Carlos). Solo ou com banda, a entrega de corpo e alma chegam com a mesma medida.
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