Rock
Matanza faz apresentação derradeira e explosiva com lotação esgotada no Rio
Após 22 anos de uma carreira consolidada e respeitada, o grupo de rock Matanza chegou à última edição do Matanza Fest neste sábado, 28, no Rio. O anúncio do fim para outubro, por questões pessoais, aconteceu através de um post nas redes sociais da banda, há cerca de dois meses. Para os fãs, fica a sensação de que os roqueiros Jimmy London, Dony “Don” Escobar, Jonas Cáffaro, Marco Donida e Maurício Nogueira ainda tinham muito o que mostrar, mesmo após mais de duas décadas de estrada, milhares de shows, sete álbuns de estúdio. Mas ao ir a um show do Matanza, apenas uma coisa é certa: cada apresentação trará uma experiência única, embora igualmente intensa.
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No show derradeiro, essa premissa não seria – e não foi – quebrada. O Circo Voador, palco clássico dos shows do quinteto no Rio, abriu suas portas para fãs apaixonados e com desejo de aproveitar uma última vez a energia característica e presente em todos as vezes que o Matanza sobe em um palco. É algo espetacular, tanto pela sintonia e sinergia entre plateia e banda como pela entrega, presença de palco e som pesado que eles produzem. Arrepia até o mais introspectivo dos roqueiros, se é que pode-se descrever dessa forma. Definitivamente um “Pu#@ que p#$@, Circo Voador”, frase eternizada por Jimmy em todas as edições de Matanza Fest.
Para acompanhá-los no grande festival de celebração ao Rock nacional, além de muita cerveja para animar o baile, o Matanza convidou as bandas Justabeli, Carro Bomba e Olho Seco para se apresentarem no festival, que teve mais de 4h de duração. Quando Jimmy e seus parceiros de banda subiram ao palco do Circo, o espaço já estava completamente tomado por uma galera ávida por rock n’ roll. E foi isso o que o Matanza deu aos fãs, com um set que contemplou os principais hits da longeva carreira, como “Pé Na Porta, Soco na Cara”, “Clube dos Canalhas”, “Mulher Diabo”, “Eu Não Bebo Mais”, “Ela Roubou Meu Caminhão” e, pra finalizar em grande estilo, como já é tradição, “Estamos Todos Bêbados”.
Na plateia de cerca de 3.000 espectadores, a diversidade de faixas etárias e gênero deixou claro o quanto esses 22 anos de história do Matanza impactaram tanto homens como mulheres, com idades e backgrounds sociais distintos. Mesmo com a natureza caótica – cheia de moshpits, gente pulando e muito (muito!) louca – que está intrínseca a um fidedigno show de hard rock, havia entre o público pessoas de mais idade, cadeirantes, casais e etc. E a postura de Jimmy, frontman da banda, contribui muito para que o caos se instaure. Bastante à vontade na posição que ocupa, o vocalista fazia gestos sugerindo que as ‘rodinhas punk’ se iniciassem, iniciava discursos exagerados sobre o quanto a banda amava aquele cenário e tudo o que acontecia ao redor, como se estivesse realmente se despedindo a cada música que passava.
E a multidão respondeu à altura durante os 90 minutos de apresentação. Com a energia em 220v durante todo o espetáculo, os coros dos refrões nunca foram tão altos ou tão perfeitamente combinados em uníssono como neste 28 de julho. Punhos no ar, gritos histéricos de “Matanza” ou xingamentos ao vocalista, já uma brincadeira e ação tradicional e familiar entre fãs e artista. Tudo encaixou. Tudo deu certo. O objetivo de qualquer banda ao subir a um palco é a de entreter um público e mantê-lo interessado até que as luzes se apaguem. E quanto ao Matanza, isso já é uma praxe. Não existe apresentação sem envolvimento, sem olho no olho e sem entrega.
Nos dias de hoje, em que os grandes festivais são exibidos na TV, disponibilizados em plataformas digitais e nunca foi tão fácil ter acesso à uma infinidade de conteúdos relativos à música, sem precisar custear um ingresso para conhecer um som bacana e apreciá-lo, o Matanza está a caminho do encerramento de suas atividades da maneira mais honesta e digna possível: dando uma aula de comprometimento com quem compra ingressos e ainda prestigia as apresentações ao vivo; fazendo valer a pena e jus ao título de uma das bandas mais reconhecidas no meio; e, principalmente, dando vida a cada nova apresentação à máxima: “Ao vivo é outro papo.”
Farão falta.
Veja a Galeria de Fotos do Matanza Fest: