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Marcelo D2 apresenta IBORU, que sejam ouvidas nossas súplicas

Marcelo D2. Foto: Rodrigo Ladeira

Uma nova estética musical, na qual a potência do rap é levada pela primeira vez para o terreiro sagrado do samba.  É com esta proposta inovadora que Marcelo D2 apresenta “IBORU, que sejam ouvidas nossas súplicas“, movimento artístico que é inaugurado com o lançamento de seu 9º álbum, em todas as plataformas digitais, dia 14 de junho, e que terá show de estreia na Audio, em São Paulo, em 16 de junho.

Após três décadas de uma carreira profícua e marcada pela busca da inovação, o artista se volta à própria história para propor uma nova sonoridade. Pela primeira vez, o grave do 808 se une à cadência e a formação clássica do samba no terreiro. Neste “novo samba tradicional” de Marcelo D2, cavaquinho, coro, percussão e metais dialogam harmoniosamente com os graves eletrônicos do rap.

Com 16 faixas, 12 delas de autoria do próprio Marcelo D2, “IBORU, que sejam ouvidas nossas súplicas” conta com participações de artistas como Zeca Pagodinho, Xande de Pilares, Alcione, Mumuzinho, B. Negão, Mateus Aleluia e a banda Metá Metá, além de incorporar samples de Romildo e Monarco, em homenagens póstumas aos compositores da Mocidade Independente de Padre Miguel e Portela. 

O disco traz também composições de nomes de diferentes gerações do samba, incluindo Moacyr Luz, Diogo Nogueira, Marcelinho Moreira, João Martins, Inácio Rios, Arlindinho e Marcio Alexandre, além de Zeca Pagodinho e Xande de Pilares. O trabalho conjunto com o historiador e escritor Luiz Antonio Simas, em duas músicas, evidencia a busca de D2 por aprofundar suas raízes na cultura popular brasileira.

Dividido em 3 atos, “IBORU, que sejam ouvidas nossas súplicas” convida todos a mergulharem na “ancestralidade de futuro” – conceito que permeia o álbum e todo este novo momento criativo e de vida do artista.  A partir da faixa introdutória, “Saravá”, Marcelo D2 descortina o seu novo samba tradicional, revelando o DNA experimental da obra, que segue pelas faixas “Povo de fé”, “Até clarear”, “Fonte que eu bebo” e “Só morro quando meu samba morrer”.

O segundo ato traz a ancestralidade, fonte da qual beberam rap e o samba, para a cena contemporânea. Em “Kalundu”, Marcelo D2 resgata suas raízes afetivas em dueto com Mateus Aleluia, integrante do trio Os Tincõas, que apresentou ao mundo as conexões da cultura musical brasileira com a africana. O mergulho na ancestralidade do artista segue em “Tambor de aço” e “Tempo de opinião”, com participação do trio jazzístico Metá Metá, formado por Juçara Marçal, Kiko Dinucci e Thiago França.

A veia popular do samba de terreiro transborda a partir do terceiro ato, não por acaso iniciado com faixa intitulada “Abrindo os Caminhos”. Em seguida, o artista abre a roda para participações de grandes nomes do gênero, como Alcione e Mumuzinho, em “O samba falará + alto”; e Zeca Pagodinho e Xande de Pilares no partido alto “Bundalelê”

Por fim, o ato final de “IBORU, que sejam ouvidas nossas súplicas” traz as preces para um futuro livre do sofrimento. Em “Pra curar a dor do mundo”, fruto de parceria com Luiz Antonio Simas, Marcelo D2 pede as bênçãos de Zambiapungo, o senhor de todas as coisas, e resgata a lembrança de sua mãe, Paulete Peixoto, falecida em 2021, anteriormente homenageada nas músicas “Pedacinhos de Paulete” e “Saravá”.

Movimento IBORU contempla filme que dialoga com álbum em obra multiplataforma

O movimento IBORU contempla também o lançamento do curta-metragem homônimo, com estreia em 28 de junho. Roteirizado por Marcelo D2 e codirigido com Luiza Machado, que também assina a direção de projeto, o filme é uma realização da PUPILA DILATADA – produtora do casal.

Assim como o disco, o filme integra o multiverso do artista, unindo samba, rap, cinema, artes plásticas, dança, história e fé. O curta ficcional conta a história de um encontro entre os ainda jovens Pixinguinha, João da Baiana e Clementina de Jesus, em 1923. Dizer mais do que isso revelaria spoilers que certamente estragariam a experiência da audiência.

“IBORU”, traduzido livremente do Yoruba, significa “que sejam ouvidas as nossas súplicas”. O título não é por acaso. Há dois anos, Marcelo D2 se iniciou no Ifá, religião de matriz africana. “Iboru, Iboya, Ibosheshe” é a saudação com a qual os irmãos de Ifá se cumprimentam, em honra às três mulheres que ajudaram Orunmilá, o orixá detentor do conhecimento e sabedoria. a receber as graças de Ifá, 

“IBORU, que sejam ouvidas nossas súplicas” é, portanto, um manifesto da renovação do compromisso de Marcelo D2 à cultura popular. Um ponto de partida que, paradoxalmente, emerge da tradição e abre caminho para o novo, construído com o mesmo rigor e paixão que caracterizam a trajetória do artista. Com referências estéticas do samba, participações de ícones do gênero e a introdução de novos elementos em sua sonoridade, “IBORU, que sejam ouvidas nossas súplicas” é um reconhecimento aos que vieram antes e um convite a quem quer celebrar nas rodas da vida.

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