Vinda de uma família onde a música não era vista com bons olhos, Manaia, a nova estrela em ascensão do pop/rock nacional, contou para o PopNow como largou uma faculdade de Engenharia e um emprego de escritório para dedicar-se ao sonho de ser cantora.
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Não apenas dona de uma voz bonita e marcante, ela também é compositora e tem já um registro de mais de 300 canções escritas com os mais diversos temas e ritmos, que surgiram principalmente durante o tempo em que seu talento musical era reprimido.
Porém, hoje, depois de muita persistência, Manaia lançou mês passado o primeiro álbum da carreira, chamado “Na Borda“. As canções “Baby” e “Medo” foram as primeiras a serem lançadas, falam sobre seus problemas com Boderline e Depressão, bem intimista, e têm videoclipes incríveis!
Conheça mais sobre a Manaia em nossa entrevista:
PopNow: Manaia, qual o significado do seu nome artístico, e como foi a sua trajetória para estar aqui hoje?
Manaia: Então, esse nome surgiu de origem “verde”, vamos falar assim, eu queria um nome que tivesse uma simbologia de verde, que trabalhasse o chakra da garganta que é o equilíbrio e eu descobri esse anjo guardião da tribo Maori, que tem cabeça de pássaro, corpo de homem e cauda de peixe. E fala do equilíbrio do céu, da terra, do mar. E eu acho que tem tudo a ver com o que eu queria. Ter o equilíbrio do verde, a espiritualidade do céu, a terra que é o ser humano, que é a matéria, e a cauda de peixe eu achei perfeita que eu sou de Peixes, vivo no mundo da lua, então, foi bacana. Procurei vários nomes para realmente ter um significado, mas tudo que eu procurei, a missão era buscar equilíbrio.
PopNow: Que legal! Vimos que você é muito ligada no mundo espiritual, no seu Instagram tem um destaque para astrologia, né?
Manaia: Isso, eu adoro astrologia, eu adoro espiritualidade, no caso, eu sou cristã, mas eu também sou muito devota à Deus e todas as suas energias e eu queria demonstrar isso de alguma forma também na minha música!
PopNow: E você lançou agora o seu primeiro álbum, o “Na Borda”, e como está sendo a repercussão do seu trabalho até agora?
Manaia: Esse meu álbum é bem bacana porque ele vem de uma parte minha de quatro, cinco anos atrás, então é bem legal que ele é bem artístico, as pessoas têm mandado mensagem, escutando bastante ele. E é interessante que eu tava numa fase mais sofrência, mais “Ai Meu Deus” e hoje eu já estou numa fase mais moderada, e hoje eu vejo, com 24 anos eu tinha uma cabeça e hoje com 30 eu tenho outra. Então eu tô olhando pra esse álbum e já pensando “cadê o próximo?”. Mas eu tô gostando muito da recepção, o pessoal falando bastante das músicas. A maioria das minhas amigas mulheres gostam da música “Cobra”, que fala de empoderamento feminino, e meus fãs postam muito a música “Laranja” .
PopNow: Tem muito tempo que você escreveu as músicas desse álbum?
Manaia: Então, eu comecei a escrever essas músicas com 24, 23 anos, eu tava com uma outra cabeça, algumas eu não cheguei a cantar profissionalmente, algumas eu tava ainda trabalhando em escritório e aí eu escrevia quando o computador travava! Porque eu trabalhava com dois computadores nos lugares. Eu era aquela nerd, aí quando um travava era o momento que eu tinha de escrever música. Aí eu escrevia e guardava na gaveta. Aí vieram muitas música dessa fase mesmo.
PopNow: Você já tinha influência musical na família? Porque você falou que não trabalhava com música né. Como aconteceu esse despertar para a música?
Manaia: Não, ninguém nunca foi muito músico na minha família. Meu pai tocava bateria na adolescência dele, mas ele não seguiu isso profissionalmente, mas, já teve um avó que tocava violino, mas ninguém nunca foi músico. A questão de fazer música na família era errado, eu escutei minha vida toda: “Coloca o pé no chão!” Minha vó lavava minha boca com sabão quando eu falava que ia viver de música. Aí eu adiei meus sonhos, música na minha família era um problema. Vêm de uma sociedade onde o correto é ser médico, advogado , engenheiro. Mas hoje meus pais já tão de boa com isso, me aceitam. Mas foi uma longa jornada. Só com 25 anos eu consegui que eles aceitassem.
PopNow: E quando você percebeu que era isso mesmo que queria?
Manaia: Ah, desde criança eu sempre quis ser mas meu pai não deixava. Já fui em estúdio com 13, 14 anos, meu pai parecia gostar, mas chegava em casa brigava comigo… Eu lembro que eu passei um ano fazendo faculdade de Eng. Industrial aí um ano depois eu liguei pro meu pai e falei “Não é isso que eu quero da minha vida, eu vou largar tudo e fazer música!” Mas ele falava “Não, se quiser fazer faz um curso de verão”, então nunca podia, música era uma coisa errada. Então eu fui e me formei e falei pra ele “Então tá bom, me formo, coloco o diploma na sua mão e vou fazer música”, ele nunca esqueceu dessa frase [risos]. Mas meus pais super me apoiam. Veio da infância, a música sempre esteve lá mas eles não enxergaram, eu com seis anos de idade comecei a tocar, já tava querendo música. O que faltava era o apoio mesmo.
PopNow: E como você define seu estilo musical? Porque suas músicas são bem diferentes uma das outras. Alguns clipes têm pegada pop lembrando até mesmo Britney Spears e têm “Medo” que é um rock melódico!
Manaia: Eu me vejo como pop/rock alternativo mas eu tô querendo dar uma “popzada”, porque eu tô muito indefinida para o Brasil, sendo que o que eu sou existe há muito tempo no mercado internacional. Porque existe o pop alternativo né? Que tem uma pegava meio rock, com muitas influências, mas o brasileiro têm os estilos muito definidos com o sertanejo, rock, aí não conseguem me definir aí fica uma coisa eclética. Mas é como se fosse um pop internacional o que eu faço!
PopNow: Tem alguma música no seu novo álbum que é a sua favorita?
Manaia: Sempre que me perguntam, eu respondo “Baby” é minha favorita. Porque diferente de “Medo” e “Laranja” que eu escrevi pra uma pessoa, “Baby” eu escrevi pra mim! É uma música de libertação, de alma, de amor próprio.
PopNow: E quando vai sair o clipe completo de “Vitrine?”
Manaia: Estamos vendo pra março. Porque o ano só começa depois do carnaval né? A música fala de depressão mas de um jeito fofo. “Coloque quem você é na sua vitrine e não coloque máscaras”.
PopNow: Seus clipes são muito bonitos! Como surgem as inspirações? Você participa do projeto visual também?
Manaia: Eu participo! Até opino. No clipe de “Baby” eles tinham várias idéias e eu não gostei de nenhuma! Aí os meninos figurinistas falaram “A gente tem uma ideia de fazer uma roupa baseada em uma gaiola” Aí eu “Então tá! Vamos partir daqui!” Então tudo foi pensado antes pelo figurino pra entender como seria uma gaiola, como a gente ia conseguir fazer sem ser uma gaiola gigante porque ia ficar muito caro… E ficou muito bacana. Em “Medo” me deram uma ideia de festa, que foi aprovada na hora. E “Vitrine” teve várias ideias mas a gente gostou da simplicidade, de trazer pessoas e falar mais de ser humano mesmo. Várias pessoas, cores.
PopNow: E já tem definido os próximos singles do álbum? Os próximos passos de divulgação?
Manaia: Depois de lançar “Baby”, “Medo” e “Vitrine”, esses já foram os singles do álbum. Aí depois a gente vai trabalhar em umas coisas mais acústicas do próprio álbum também. E mais tarde eu vou querer dar uma olhada em fazer singles diferentes um pouco mais pra frente. Porque o “Na Borda” fala sobre quem eu sou. “Prazer, sou a Manaia e agora vamos falar de música!”
PopNow: E quais foram as inspirações para o “Na Borda”? Você disse que são composições antigas, aí você ainda lembra quais foram os artistas que te inspiraram? Se são os mesmos que te inspiram hoje…
Manaia: Eu geralmente sou fiel as coisas que eu escuto, nesse álbum eu estava escutando a Lorde, um pouco de Sia também. Eu já ouvia a Sia antes dela estourar com “Chandelier”. De resto, eu sempre tive uma onda muito Evanescence, Linkin Park, Bon Jovi… Aquele rock dos anos 90 também… Um pouco de indie. Música sertaneja também! “Medo” veio de música sertaneja. “Maresia” veio muito de Lorde. Taylor Swift, Katy Perry… Bem eclética mesmo. Ah, Red Hot eu também não canso [de ouvir]. Eu gosto de rock, metal e pop rock!
PopNow: E você fala abertamente sobre sofrer de Borderline, Depressão… E como você lida com essas questões ao mesmo tempo que você tá investindo na sua carreira, você vai se expor. É uma grande responsabilidade falar isso pras pessoas né? Como você está se preparando para fama, exposição?
Manaia: Olha, eu sou bem forte pra muitas coisas. Não é o exterior que me abala. Eu fico mais chateada com alguma coisa que meu pai fale pra mim do que minha mãe fale pra mim do que um término de namoro por exemplo. Pra mim, o jeito que eu lido, é o jeito que eu quero ensinar as pessoas a lidarem também! Porque a gente sempre viu isso como um bicho de sete cabeças né? E eu não gosto de ver assim “Vamos lutar contra a depressão”, “Vamos eliminar a tristeza!” , e eu acho que não é isso. É você entender a depressão, trocar uma ideia com ela e perguntar “Por que você está triste?” e “O que a gente vai fazer pra melhorar?” E quando a gente realmente deseja analisar o problema, a gente encontra solução. Por isso que depressão não deveria ser tabu! Todo mundo deveria falar, porque quando um fala, todo mundo quer falar também. Eu quero que as pessoas possam encontrar em mim um ombro amigo, que vejam que eu tenho e tô ali forte e pensar “Eu também quero ser isso!”
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