Brasil
Guto Melo, idealizador do Prêmio Jovem Brasileiro conta os desafios, bastidores e polêmicas do evento, que completa 20 anos
Com votações populares e júri especializado, as premiações, sejam voltadas para o mundo da música, séries ou cinema, caíram no gosto do público assumindo uma proposta mais interativa, ainda mais na época, aonde a maioria dos jovens estão na internet, consumindo e engajando milhares de conteúdos diários. E é nesta questão e na resposta dos fãs que o Prêmio Jovem Brasileiro se encaixa. Mas quem é o jovem brasileiro?
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É nesta busca constante que se encontra Guto Melo, idealizador do evento. Sempre antenado no que está acontecendo no mundo jovem o PJB foi criado para valorizar os jovens na sociedade e comemorar o Dia do Jovem (13/04) e o Dia da Juventude no Brasil (22/09). Com mais de 20 categorias em diversos segmentos, se tornou a maior premiação jovem do mundo!
A premiação é toda feita pelos fãs! A primeira etapa é uma enquete para que os indicados sejam realmente quem os jovens curtem no momento. O engajamento é absurdo e hoje conversam com mais de 1 milhão deles. Além disso, o PJB serve como espelho para milhares de jovens que os acompanha pelas redes e eles ficam ligados quais artistas que sobem no palco e pensa naqueles que podem fazer a diferença.
Completando 20 anos em 2021, a premiação alcança hoje 1 milhão da geração Y, que vota em seus ídolos em diversas categorias, de influencer, passando por música, esporte e fandom. Em todas as edições, uma personalidade é convidada para apresentar a premiação, e já subiram no palco do evento nomes como Anitta, Monica Iozzi, Caio Castro, Serginho Groisman, Marcelo Tas e Fiuk.
E para entender melhor a premiação, os bastidores dela e tudo o que motivou o criado Guto Melo, à tocar este projeto para frente, o PopNow conversou com ele, em um papo exclusivo, compartilhando polêmicas dos bastidores e os maiores desafios para estar no mercado por tantos anos. Confira!
- Da onde surgiu essa ideia na sua vida de começar a premiação para valorizar os jovens e a força deles na internet?
Guto: O prêmio nasceu em um sonho que eu tive no meio da noite, com o nome Prêmio Jovem na cabeça e aí escrevi num papel, no dia seguinte, fui pesquisar na internet e vi que tinha o dia do jovem e ninguém fazia nada, vi que tinham outras datas também; como o internacional do jovem trabalhador, o dia da juventude, o dia mundial da juventude;, o dia da juventude no Brasil e ninguém fazia nada pros jovens, e não tinha nenhum evento, festa, e na hora pensei em comemorar isso de alguma forma. E aí o premio nasceu através disso, de poder homenagear e destacar os jovens em varias áreas. - Quais foram os maiores desafios no inicio de todo o projeto, para fazer ele acontecer?
Guto: Por mais que seja um nome forte no mercado e todo mundo aceitou bem, eu tinha 17 anos quando eu fiz a primeira edição do prêmio, e as pessoas duvidavam muito da minha capacidade por fazer isso, por não acreditarem que um jovem poderia fazer algo grande e diferente. Muitas pessoas criticaram, alegando que eu não era filho de nenhum famoso ou algo do gênero e achavam na época pra realizar esse tipo de sonho ou fazer esse evento, era preciso ser influente. Quando a gente começou inclusive não existia rede social e o mais difícil do inicio foi esse, provar para as pessoas que um jovem que não tem uma posição tão privilegiada poderia construir algo grandioso assim, foi por muita batalha e acreditar no sonho. Para ter uma ideia, eu consegui dois patrocínios, onde cada empresa deu 150 reais, e eu fiz o evento apenas com 300 reais e deu super certo, saímos nas mídias de todo Brasil. Inclusive na revista Caras. Foi incrível! - Ao mesmo tempo que a internet é saudável e estimula a comunicação e criatividade, batemos de frente com a cultura do cancelamento, cyberbullying, como você acha que a premiação contribui para gerar da internet um melhor lugar?
Guto: É muito difícil, pois cada ano percebo que a internet vira uma arma para o bem e para o mal, não tem como saber quando as pessoas irão usar para o lado positivo ou negativo, mas acredito que nos último anos as pessoas estão ficando mais agressivas, sem papas na língua, acho que falta compaixão, se colocar no lugar da pessoas, e acho que esse termômetro, já extrapolou. Principalmente a gente que brinca, que faz esse lance de premiação e votação, tenho que lidar muitas vezes com fã-clubes xingando, fazendo ameaças de morte, falando que favorecemos um artista em decorrência de outros. Eu mesmo já recebi ameaças, ‘cancelaram’ o prêmio, chegando a ficar nas trending topics. O lance do cancelamento precisa ser revisto, e tenho dó das pessoas que começam esse tipo de movimento, pois o tempo que essa pessoa perde transmitindo ódio, ela poderia estar correndo atrás dos seus sonhos. - Para a premiação ter 20 anos, as tendências e gerações já mudaram bastante, estilos musicais populares, virais, enfim, como você faz pra ficar antenado nas grandes novidades e mudanças, principalmente da geração atual?
Guto: É com a galera, com os jovens! Desde a primeira edição a gente já criou uma espécie de ‘rede social’ da época, que era chamada de prancheta. Eu ia para a Avenida Paulista, passava em escolas, perguntando qual eram as bandas e artistas favoritos dos jovens, quem era o cantor do momento, o ator, sempre demos voz aos jovens para eles escolherem. Eu fico atento aos termômetros das votações, já que foram muitos artistas que começaram suas carreiras na nossa premiação e depois viraram grandes fenômenos da música brasileira, como Vitão, Lucas Lucco, enfim, realmente é um termômetro pro entretenimento e para o mercado. - Como foi a experiência de realizar a premiação ano passado na pandemia no formato drive in?
Guto: Foi um momento muito louco, pois com tudo que aconteceu no mundo, a gente ficou naquela expectativa, sem saber o que iriamos fazer e se iriamos fazer uma live, enfim, ficamos meio perdidos. Então tivemos a ideia de fazer no drive-in mesmo quando começaram a permitir esse tipo de evento. Então fizemos em um espaço grande, e os artistas saíram do carro, apenas para pegar o prêmio! A gente deu sangue, ficou muito bacana, foi uma experiência diferente e incrível, e eu fico até preocupado com a edição deste ano, pensando em como vamos superar a do ano passado, pois foi realmente incrível! - Quais novidades podemos esperar da premiação deste ano, que completa 20 anos de existência?
Guto: A gente tá pensando desde o ano passado, na edição deste ano que é especial, mas ainda não podemos falar nada, só que as votações vão começar em Junho, um pouquinho depois, mas vamos ter uma programação bem grande, não apenas no dia da premiação, mas o que eu posso adiantar é isso. - Olhando por todo o percurso da premiação, quais foram os momentos que mais te marcaram?
Guto: Foram vários episódios marcantes, até tretas e polêmicas na premiação, como por exemplo do Paulinho Vilhena e o Rafinha Bastos, onde o Rafinha subiu no palco e agradeceu o prêmio falando que ‘não é só o galã de novela, malhadinho que ganha um prêmio’. E aí o Paulinho Vilhena depois subiu e falou que o galã que fica sem camisa na cena, ralou muito pra chegar aonde chegou! Teve também o episódio da Wanessa Camargo, que cantou grávida no palco e acabou que o Rafinha Bastos fez aquele comentário no CQC. Uma das cenas que mais me marcaram foi com o Chorão, do Charlie Brown, que na hora de receber seu prêmio, ele agradeceu que a galera votou nele, mas ele entregou o seu prêmio, para um amigo dono de uma ONG e que ajuda comunidades, então foi muito bacana ver ele dando prêmio, para incentivar essa outra pessoa. Teve até uma participante do Big Brother, que eu não vou falar o nome. mas que estava com um assessor que exigia demais, coisas que outros artistas maiores nunca pediram, reclamou que o avião era na classe econômica, da companhia aérea, reclamou da van de transporte, do hotel, e enfim acabou que não cedemos e eles não quiseram de princípio, mas depois ligou pedindo para ir de novo. Depois de ter sido extremamente grosso, e aí falamos que não teria mais como. - O que você pode falar para os jovens que querem se tornar artistas e que estão começando e usam a premiação como espelho para um dia estarem lá?
Guto: Antes era tudo muito limitado, hoje as pessoas tem nas mãos uma ferramenta que quebra barreiras, você precisa ser visto, precisa ser notado, utilize as redes sociais para o bem e tenho certeza que se você gosta muito, e corre atrás e tem um sonho e não ouve quem quer te dar uma rasteira. Você gosta de cantar? canta. Gosta de tecnologia? Mergulha nesse mundo! Acho que o importante ser destemido, arregaçar as mangas e ir atrás dos seus sonhos, assim como foi com o Prêmio Jovem, cada dia é uma batalha diferente!