Brasil

Gênero gospel se aproxima de ritmos urbanos e ganha destaque nas plataformas

VICTIN. Foto: Reprodução/YouTube

Quando você ouve falar no  gênero trap, logo imagina-se temas urbanos, mensagens de droga, luxúria e vaidade, mas esse estilo musical também vem sendo um grande artefato nas mãos de artistas cristões que cantam e pregam as mensagens espirituais. O subgênero Trap Gospel vem representando uma nova forma da evangelização e sendo responsável por alcançar milhares de jovens que se identificam com o ritmo contagiante. 

Esse movimento vem abrindo espaço para talentos como VICTIN que expressa sua fé de uma maneira mais autêntica e moderna. Revitalizando o cenário gospel, o gênero está sendo especialmente impulsionado pelas plataformas digitais. 

Inspirado por grandes nomes da música gospel e do rap cristão com grandes influências à Thalles Roberto, Lecrae, KB e Huvey, VICTIN destaca sua visão sobre o trap gospel, onde vê sua música como um retorno à essência espiritual que acredita estar presente desde o início do hip hop. Embora o gênero tenha surgido nos ambientes urbanos, não foi uma adaptação falar de fé e espiritualidade por meio desse estilo. “Algo curioso é que o primeiro Rap do mundo, foi um rap feito por pessoas cristãs, uma mensagem cristã. Então nem considero uma adaptação, mas algo que sempre foi espiritual, algo que sempre teve uma origem, uma essência espiritual. A minha ideia e meu chamado é realmente trazer de volta a essência da mensagem sobre fé, sobre esperança, sobre Deus, então eu não considero um desafio, mas sim uma grande oportunidade de mostrar meu trabalho e também de falar de Deus, então é realmente uma grande honra fazer isso”. 

Quanto ao papel do trap gospel em atingir públicos mais jovens, o artista acredita que o estilo é uma ferramenta poderosa para alcançar aqueles que normalmente não se identificariam com o gospel tradicional. “Os jovens adolescentes têm se conectado com essa música, porque não é congregacional, não é feita para cantar dentro da igreja, mas sim na praia, na rua, dentro do seu carro, no seu fone de ouvido. Então tem conectado com bastante gente que procura uma música cristã, alto astral, bem para cima e divertida. E a recepção ao ouvirem o meu som, antigamente não era algo tão positivo, pois era algo novo no nosso mercado, mas hoje em dia a gente tem uma recepção muito calorosa, uma recepção bem significativa, que tem resultado em shows lotados”, completou. 

Na Deezer é possível observar o crescimento expressivo desse gênero. “Acompanho a música gospel há 37 anos, literalmente, e fico muito empolgado ao ver novas cenas musicais surgindo e ganhando força nesse segmento, que é o que estamos acompanhando acontecer com o surgimento de novos artistas do trap gospel. Embora esses artistas ainda não estejam com muita frequência nos charts ou no repertório das igrejas brasileiras — um importante indicador de consumo de músicas cristãs no país — alguns artistas têm se destacado em um ambiente muito favorável a eles: as plataformas digitais. Na Deezer, estamos sempre atentos e dispostos a apoiar essas novas tendências”, disse Daniel Aguiar, editor de música Latam da Deezer.

Além da trajetória de VICTIN, outros artistas como Nesk Only, 2metro, Silas Magalhães, e Brunno Ramos mostram um ótimo exemplo do impacto do trap gospel na plataforma. A faixa “Ah Teu” (Sample: Naquela Mesa), de VICTIN e Nesk Only, foi fundamental para picos de crescimento que chegaram a 136% em streams em um período curto no dia 02 de fevereiro. Assim como playlists como “100% Victin”, que cresceu em  31% em usuários únicos ao longo deste ano.

Nesk Only, por exemplo, teve um crescimento de 195% no mesmo período, assim como 2metro, com aumento de 170%. Já Silas Magalhães se destacou com um pico de 167% e um crescimento impressionante de 241% no final do mês de fevereiro. Brunno Ramos, outro talento emergente, alcançou um pico de 242% em fevereiro e mais um expressivo aumento de 265% em março. 

Esses dados da Deezer refletem uma tendência crescente na procura pelo subgênero. Mas, será que o Trap Gospel tem potencial para se expandir internacionalmente? Ou ele está mais focado no cenário brasileiro. Daniel Aguiar explica: “No Brasil, enfrentamos uma grande barreira em relação ao mercado internacional: a língua portuguesa. Até o momento, não vi nenhuma movimentação significativa nesse sentido. No entanto, falando sobre potencial, acredito muito no talento desses artistas e na capacidade de alcançarem novos públicos, além das fronteiras do Brasil com suas músicas”. 

“Tenho muito orgulho de dizer que a Deezer é pioneira em projetos com o gênero gospel brasileiro. Há quase 10 anos, a plataforma reconheceu que o gospel é um dos gêneros prioritários e, com isso, criamos o Deezer Gospel Day, que se tornou um evento icônico no cenário. Com certeza, nossos esforços continuarão centralizados em apoio à música cristã brasileira”, completou o editor de música Latam da Deezer.

Na última semana, VICTIN lançou “Me Cuida”, uma música produzida pelo renomado Cabrera, que assina grandes sucessos na música brasileira e registrou sua primeira colaboração com um artista gospel. A  faixa, com batidas de pop urbano, foge dos padrões convencionais do gospel para se comunicar de forma direta com as ruas e com a comunidade. “‘Me Cuida’ é um pop, é 100% um pop, para se comunicar com a rua, com o gueto, com as pessoas de uma forma menos religiosa e mais direta. Então “Me Cuida” é uma música que se comunica diretamente no coração das pessoas, por conta de sua intencionalidade na letra e na batida, fugindo 100% do padrão, que o mercado tem feito. Eu tô muito, muito feliz e espero que essa música alcance o coração de todo mundo e que as pessoas fiquem felizes ao ouvirem essa música e que possam entender que existe um Deus que cuida delas”, destacou o artista. 

Por fim, para quem está descobrindo o trap gospel, VICTIN deixa uma mensagem incentivando as pessoas a se aprofundarem na música de trap e pop com temas cristãos. “Que as pessoas possam mergulhar mais nesse movimento, que possam entender que, assim como eu, existem outros artistas que têm cantando sobre Jesus de uma forma não tradicional e não congregacional, mas que temos alcançado uma juventude, uma multidão com mensagem de fé, de esperança e de Deus. Nossa música não é somente para o gospel, a gente fala de esperança, de fé, de alegria, de amor, num mundo tão caótico e tão corrompido”. 

Sair da versão mobile