Há mais de 20 anos morando em Los Angeles, a paulista Gabriela Kulaif sempre quis ser atriz, mas nunca imaginou ver a sua própria história sendo contada nos cinemas de Hollywood. Casada com o ator e diretor Steven Martini, diagnosticado com autismo nos primeiros anos de casamento, e mãe de um menino de 9 anos com a mesma condição, a atriz viu sua vida virar de cabeça para baixo quando seu marido foi proibido judicialmente de ir para casa após um episódio de crise antes do diagnóstico.
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Este é o tema de “BitterSweet”, longa com Erik Marmo, William Baldwin, o próprio Steven Martini como ator e protagonista e, claro, Gabriela, como Gigi, personagem inspirada nela mesma. O filme está passando pelos principais festivais e seguirá para os cinemas de todo o mundo, ainda sem data prevista para a estreia.
“Meu marido tinha ataques de ansiedade, os chamados ‘meltdowns’, comuns em autistas. Em um desses episódios, a polícia o levou e abriram um caso em um órgão que cuida da segurança das crianças, o DCFS. Proibiram o Steven de entrar em casa por 2 meses, foi quando ele escreveu o roteiro do filme”, conta a atriz.
O diagnóstico veio após o retorno de Steven do distanciamento.
“Tudo fez sentido, aprendi a lidar com ele e com o meu filho, que também foi diagnosticado. Quando fizemos o filme, tudo se encaixou, a arte nos ajudou nesse processo de cura da nossa família.”
“Foi um processo mágico dar vida a essa história, lapidei o filme como um diamante até o máximo que pude e hoje está um produto final que me orgulho.”
O projeto já rendeu à Kulaif o prêmio de melhor produtora em um festival de Los Angeles, uma indicação de melhor atriz e 3 exibições no Marché du Film, que acontece durante o Festival de Cannes.
Gabriela já sabia que seria atriz desde pequena, mas seu primeiro trabalho foi aos 17 anos, quando subiu ao palco pela primeira vez em um espetáculo da escola de teatro Macunaíma, onde se formou em Teatro e, em paralelo, se formou também em Publicidade na FIAM.
“Atuar está na alma, mas é lógico que tive que me esforçar muito. Tive meu primeiro filho aos 18 anos e precisei colocar os pés no chão e trabalhar como publicitária por 5 anos. Aos 27, vim para os EUA sozinha com o meu filho de 7 anos”, relembra a artista, que também trabalhou como jornalista, professora de Reiki, professora de Kundalini Yoga e fotógrafa.
Apesar de não ter se mudado para Los Angeles com o propósito de se tornar atriz, tudo aconteceu com muita fluidez, de acordo com Gabriela.
“Se eu tivesse nascido aqui, talvez teria mais portas abertas, mas estou desbravando e abrindo minhas próprias portas. O processo é super engrandecedor, pois sinto que o mérito é só meu.”
Além de “BitterSweet”, Kulaif já produziu o longa “Fourth Grade”, de Marcelo Galvão, disponível na HBOMax e Prime Video; atuou em “Holistay”, terror em que também divide a tela com Steven Martini, também disponível no Prime Video, e segue fazendo budgets de roteiros para o mundo todo. A atriz afirma que gostaria de visitar mais o Brasil.
“Adoraria atuar no Brasil, em qualquer papel. A melhor parte de ser atriz é exatamente poder viver várias vidas diferentes dentro da sua própria trajetória. O cinema brasileiro, assim como a música brasileira, tem uma poesia, uma arte, únicas. Temos que continuar contando histórias relevantes e aproveitar essa visibilidade que estamos tendo agora para entrarmos mais e mais no mercado de cinema mundial”, finaliza.
Confira a entrevista com Gabriela Kulaif:
Como foi para você transformar uma vivência tão pessoal e delicada em um longa-metragem como “BitterSweet”?
Quando meu marido escreveu o roteiro eu fiquei nervosa antes de ler pois não sabia o que me esperava! Quando li achei fascinante a forma como ele transformou nossa história em uma versão mais leve e até bem humorada. Durante a filmagem foi um clima super positivo. A ficha só caiu mesmo quando assisti o primeiro corte do filme e me emocionei muito de rever tudo o que passei na tela.
Você divide a atuação e a produção do filme com o seu marido, Steven Martini. Como foi essa experiência em família, especialmente após tantos desafios juntos?
Foi uma experiência muito positiva e que nos uniu muito, nos entendemos super bem tanto na produção como atuando, senti como se tivéssemos achado a peça que estava faltando para nossa união ficar ainda mais forte.
O roteiro surgiu em um momento muito sensível da sua vida. Como você enxerga o papel da arte no processo de cura e compreensão do autismo dentro da sua família?
Fazer esse filme foi uma terapia de cura para nós dois que tínhamos passado por tanto sofrimento antes do diagnóstico de autismo do Steven, estar canalizando todos aqueles sentimentos e transformando em arte foi um processo de transmutação e cura profundo para nossa família.
O filme já foi exibido em Cannes e está sendo selecionado para diversos festivais. O que esse reconhecimento internacional representa para você?
É maravilhoso receber elogios de pessoas que assistem o filme nos festivais e ser selecionado e ainda ganhar mais ainda, esse reconhecimento faz sentir que tanto trabalho e dedicação valeu a pena.
Você já atuou, produziu, foi jornalista, professora de Reiki e de Yoga… Como essas diferentes vivências influenciam sua atuação como artista?
Atuar nos pede que vivamos vários personagens e ter essas experiência acrescenta mais no meu banco interno de onde acessar ferramentas e emoções para estar usando em cada papel.
Apesar de estar há mais de 20 anos nos EUA, você expressa o desejo de atuar no Brasil. Existe algum projeto nacional em vista ou um papel dos sonhos por aqui?
Vou amar qualquer papel! Minha vontade de atuar no Brasil é para estar mais perto da minha família e amigos.
Na sua visão, como o cinema pode ajudar a desmistificar e ampliar o entendimento sobre o autismo?
O cinema atinge audiências maiores e inspira, aprendemos muito com os filmes que assistimos, por isso acredito que trazer consciência através de veículos de massa como o cinema é muito importante.
Você mencionou que está envolvida com budgets de roteiros no mundo todo. Pode contar um pouco mais sobre esses projetos e os próximos passos da sua carreira?
Estamos com 3 projetos, um comédia romântica que passa na Itália, com eu e Steven de protagonista. A continuação de “BitterSweet” que a Gigi numa crise existencial vai para Paris. E um outro roteiro, que é um casal dentro de uma “Ikea” que é como uma loja estilo “Tok Stock” e cada cena acontece dentro de uma sala diferente como se fosse a casa deles e eles reavaliando o casamento deles, eu e Steven vamos fazer o casal.
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