Música
Gabo Maré lança o álbum ‘Meus Inimigos’ abraçando dualidade dos sentimentos
O cantor e compositor Gabo Maré lança o aguardado álbum de estreia “Meus Inimigos“. Passeando por uma sonoridade entre o pop experimental e música eletrônica, o trabalho foi totalmente produzido e composto pelo artista no seu home studio. Marcado por uma atmosfera noturna e digital que mescla elementos eletrônicos e orgânicos, ele oferece uma exploração profunda das sombras e dualidades dos sentimentos humanos.
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Em meio a pandemia, depois de lançar meu primeiro EP, “Broto”, resolveu trabalhar em um disco que fosse mais duradouro e que marcasse a etapa da vida que estava vivendo. “Embora quisesse compor músicas mais felizes, reparei que, durante o processo terapêutico do momento, não era a felicidade meu sentimento de maior constância”, revela.
Com essa característica e sentimento predominante, Gabo decidiu ser fiel às suas emoções, resultando em um álbum que pretende passar a mensagem de que é possível extrair força das nossas próprias sombras. A primeira faixa composta, “Troco”, foi a que estabeleceu a estética sonora do trabalho.
Cada canção subsequente foi uma tentativa de compreender e transformar sentimentos considerados negativos em algo poderoso. Esse processo de produção e gravação levou três anos para ser concluído, um longo processo de autoconhecimento: “Todas as músicas possuem mais de uma linha de voz cantada ao mesmo tempo, que optei por representar diversas ideias, pensamentos, verdades que passaram na minha cabeça”, diz.
Acompanhado do lançamento do álbum, cada uma das faixas ganha também seu visualizer. A predominância de instrumentos eletrônicos, como baterias, baixos e sintetizadores programados, é equilibrada com o uso de guitarras e sopros orgânicos, o que cria uma sonoridade psicodélica e noturna.
O álbum abre com a faixa “Intro”, apresentando um coral de fundo e a frase ‘vai e canta seu canto da vez’, convidando o ouvinte a explorar as emoções mais profundas. Na sequência, “Muito Perto” retrata os altos e baixos de uma relação, com uma sonoridade que alterna entre momentos tranquilos e intensos, representando a esperança e os conflitos. “Fuego”, com a participação de Camilobers, amiga de infância de Gabo, celebrando as noites eletrônicas paulistanas com um toque experimental, falando sobre força e momentos de leveza.
“Alvo Errado” é um pop eletrônico que legitima sentimentos negativos e questiona expectativas em relações, com uma sonoridade agressiva. Em “Só, sem você”, o soul aborda a sensação de refúgio e segurança em uma relação aberta, com foco na presença constante do outro. “Meus Inimigos”, faixa-título, explora o confronto com as próprias sombras e o reconhecimento de versões desconhecidas de si mesmo.
“Troco”, a primeira música composta para o disco, questiona como lidar com memórias de relações passadas e sentimentos de culpa e rancor. Já “Amém” é uma faixa mais dançante que representa a confusão mental e a tentativa de encontrar alívio através da dança. “Dois ouvidos, uma boca” é uma crítica à auto-promoção e superioridade, com um synth bass agressivo e tom irônico. Fechando o álbum, “Me block” é a mais experimental de todas as anteriores, abordando críticas destrutivas disfarçadas.
Entre as referências de Gabo para a produção do disco, encontram-se nomes contemporâneos como Billie Eilish e Lorde. “Eu sinto como se o álbum fosse a concretização de um sonho que eu duvidei muito da minha capacidade de finalizar. É a finalização de um ciclo pessoal e a abertura de muitos outros”, completa.