Filho de Sérgio Mamberti interpreta papel de pai em peça sobre o holocausto

O Ovo de Ouro, último espetáculo de Sérgio Mamberti, falecido em setembro, volta para três sessões especiais com uma linda homenagem feita pelo filho do ator, Duda Mamberti. O espetáculo marca o retorno da programação presencial do Teatro Antunes Filho, do Sesc Vila Mariana, nos dias 15, 16 ( às 21h) e 17 de outubro (18h).

Com direção de Ricardo Grasson e texto de Luccas Papp, a peça traz ainda no elenco Leonardo Miggiorin, Rita Batata, Ando Camargo, além do próprio autor. O espetáculo que estreou em 2018 fala sobre os Sonderkommando ou comandos especiais, prisioneiros que eram obrigados a levar outros judeus à câmara de gás, queimavam seus corpos e ocultavam as provas do Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial. Quem se recusava a desempenhar esse papel, era morto.

A trama revela a vida de Dasco Nagy que foi Sonderkommando e sobreviveu ao campo de concentração de Auschwitz-Birkenau. O espetáculo se passa em dois tempos. É possível ver cenas do protagonista jovem, interpretado por Luccas Papp, e sua relação com seu melhor amigo Sándor (Leonardo Miggiorin), com a prisioneira Judit (Rita Batata) e com o comandante alemão Weber (Ando Camargo). Já no presente presente, Dasco, interpretado por Duda Mamberti, é entrevistado, já em idade avançada, por uma jornalista, narrando os acontecimentos mais horrorosos que viveu no campo de concentração.

“O texto surgiu da minha necessidade de não deixar morrer esse pedaço tão importante da História que é a Segunda Guerra Mundial, o nazismo e o Holocausto. A ideia de escrever a peça começou em 2014, quando eu fui apresentado ao universo do Sonderkommando por meio de um pequeno artigo em uma revista. Essa figura do judeu que tem que auxiliar com o extermínio do próprio povo mexeu muito comigo e minha noção de humanidade, e me incentivou a tentar entender por que eles faziam isso, por que eles não se recusavam”, explica Luccas Papp.  

Para Duda Mamberti, o espetáculo é especial, pois foi o último trabalho do seu pai em cena nos palcos. “Esse trabalho é mais uma homenagem que eu presto a ele. Eu estou muito feliz por isso. O espetáculo também é especial por ser o primeiro depois da pandemia. É um momento de felicidade, voltar a sentir o teatro, viver aquele frio na barriga, são sensações de prazer indescritível. Além da importância do texto do Luccas, que serve para alertar as pessoas que o que vale é o amor e não o ódio e que a gente tem que seguir o caminho do amor”, afirmou.

“Em tempos de pouco diálogo, imposição de ideias e ideologias, censura e extremismos é fundamental debatermos esses temas tão duros e atrozes para que os erros que provocaram tanto sofrimento no passado não se repitam. É necessário e quase que um dever recordarmos as atrocidades do holocausto nazista, para que a história vivida no final dos anos trinta e início dos quarenta, não volte a nos assombrar. Para que as novas gerações saibam o que aconteceu e onde a intolerância pode nos conduzir”, disse Ricardo Grasson.