Brasil
Do palco aos bastidores, Mulheres tomam a cena no III Sarau das Sebastianas
A vez, a voz e a palavra são das mulheres. É assim no Sarau das Sebastianas, que chega à terceira edição em 2025, reforçando seu papel como vitrine cultural e espaço de valorização da produção artística feminina na periferia do Distrito Federal. Depois de um debute presencial em 2019 e uma edição online em 2020 (devido à pandemia), o evento retorna presencialmente com duas datas neste ano: 24 de maio e 12 de julho, sempre a partir das 17h, na Praça dos Ipês, em São Sebastião.
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Realizado pelo Movimento Cultural Supernova com fomento do Ministério da Cultura, o evento é um convite à imersão na poesia, música, dança, grafite, artesanato e gastronomia feita pelas mulheres, que protagonizam toda a produção, do palco aos bastidores. “O propósito é dar ênfase à produção das mulheres da cidade, mas convidando também mulheres de outras regiões do DF”, explica Nanah Farias, produtora e idealizadora do evento. Além de dar visibilidade, o evento ajuda também a distribuir renda para uma parcela da cadeia produtiva normalmente excluída do mercado, pagando cachês justos para todas as artistas e colaboradoras, além de reunir diversas empreendedoras.
Nesta terceira edição, teremos o pagode animado do grupo Elas que Toquem, um passeio pelas mulheres da MPB com o repertório de Ana LuS e banda, a voz e o violão de Daniela Simone, poesia com Nanda Fer Pimenta e Letícia Érica, muita dança com o grupo Chicarimbó e o grafite de Mana Gabi e Carl Ayô. Ayô, aliás, artista consagrada no DF, assina as artes originais da divulgação do evento. Seu traço característico é reconhecido em centenas de paredes pela cidade, e poderá ser apreciado também com parte da decoração do evento.
Um dos destaques do evento é a entrega do Troféu Sebastianas, que reconhecerá a contribuição e a relevância de 20 mulheres da cidade em suas respectivas áreas, como saúde, educação, política, esportes e comunicação. Além das apresentações, o evento também terá feira de artesanato com empreendedoras locais, praça de alimentação com comidas típicas, espaço infantil e acessibilidade completa, incluindo intérpretes de libras, rampas e banheiros adaptados.
O Sarau das Sebastianas é Idealizado pela produtora, fotógrafa e ativista Nanah Farias, moradora de São Sebastião e atual coordenadora do Movimento Supernova. Nascida em Malta, no sertão da Paraíba, Nanah é um exemplo para as mulheres da cidade por sua luta política e cultural, como fundadora de um coletivo, artista e figura que mantém a cena local rica, ativa e acesa. Matriarca de uma família de artistas, Nanah enxerga o Sarau das Sebastianas como um reduto da potência feminina em um meio que normalmente as invisibiliza. “Acho que o grande objetivo é o encontro de mulheres. Reunir mulheres no mesmo local, tanto para fazer arte quanto para ver arte, ouvir arte, produzir arte. Acho que é isso: unir muitas mulheres artistas e não artistas, fomentar palcos e plateias femininas”, sintetiza Nanah.
O projeto nasceu de uma revista fotográfica que retratava mulheres em situação de vulnerabilidade da região em 2013 – daí o nome Sebastianas, uma ode à cidade, suas histórias e a força de suas mulheres. Apesar de ter descontinuado a revista, o projeto se transformou em uma grande festa da arte feminina e periférica. “Quando falo sobre o Sarau das Sebastianas, ou vejo ele acontecendo, eu fico num estado emocional de êxtase. Eu olho e penso: ‘Meu Deus, que coisa linda ver tanta mulher junta!’ Eu me sinto muito realizada, porque eu nasci na roça, no meio do mato, no sertão da Paraíba, então eu venho de um lugar onde a gente não tem perspectiva de criar coisas, de fazer. Para mim, isso é uma realização enquanto mulher, por mais que a gente ainda tenha sonhos maiores. Eu amo quando vejo todas as mulheres em cima do palco e fora dele, umas assistindo as outras. Eu me sinto feliz”, emociona-se a realizadora.