Brasil

Djavan lança novo álbum, ‘D’, e apresenta clipe da música ‘Iluminado’

Djavan. Foto: Gabriela Schmidt

Coisa de disco de numero redondo, 25, espécie de bodas de prata do artista com a sua voz e suas melodias e letras gravadas, ‘D’ talvez proponha um jogo, seja um enigma: um estilo e um pensamento artístico a serem decifrados nas canções. O título-enigma nasceu das conversas entre Djavan e Giovanni Bianco, designer brasileiro de presença internacional (já trabalhou, por exemplo, com Madonna), diretor criativo e responsável pela capa e pela direção dos clipes do novo álbum.

Produzido e arranjado por Djavan – com desenhos de sopros (explorando a abertura de ‘vozes’ e as muitas possibilidades de timbres dos instrumentos), utilização intensa da percussão e aproveitamento do estilo pessoal de cada músico da base, que atestam sua maturidade como arranjador –’D’ é antes de tudo uma impressionante safra de canções, todas com a marca do autor. Ou seja, melodias sinuosas, harmonias ricas e surpreendentes, passeio por diversos gêneros e ritmos, e sem qualquer perda do acento pop, pelo contrário. Há hits instantâneos como a própria ‘Num mundo de paz’, uma melodia irresistível sobre base de funk tradicional, as baladas ‘Primeira estrada’ ou ‘Quase fantasia’, a folk ‘Iluminado”. Como há, também, algumas canções das mais sofisticadas que Djavan fez na vida. Em canções novas, ‘D’ parece conter todas as vertentes da criação de ‘D’javan.

Djavan. Foto: Giovanni Bianco

Seguindo seu método muito pessoal de compor, Djavan fez quase todas as músicas de ‘D’ no Rio de Janeiro, a partir de junho de 2021 e no decorrer do segundo semestre do ano passado. Gravou-as todas com músicos de várias fases de sua carreira, cada canção ‘pedindo’ o músico mais apropriado para ela. Em ‘Num mundo de paz’, por exemplo, na cozinha rítmica mistura a bateria técnica, perfeita, de Felipe Alves, da banda do disco anterior, ‘Vesúvio’, com o baixo mais criativo e suingado de Marcelo Mariano, que acompanhou Djavan há mais de 20 anos. Dessa mesma época, Djavan convocou o argentino-brasileiro Torcuato Mariano na guitarra, que faz a introdução e os solos. Além do fiel escudeiro Paulo Calasans no teclado – e assistente de Djavan na produção musical. Outros antigos companheiros de banda compõem o naipe de sopros presente em várias faixas, Marcelo Martins no saxofone, Jessé Sadoc no trompete e flugelhorn, que recebem o novato do grupo Rafael Rocha, no trombone. Tal rodízio de músicos se dá em cada canção, e não uma banda fixa, o baterista pode às vezes ser o ‘antigo’ Carlos Bala ao lado do baixista Arthur de Palla, da banda de ‘Vesúvio’. Esse rodízio, não deixa de fazer parte do enigma ‘D’, o segredo de seu som.

Com as músicas prontas, arranjadas e gravadas, Djavan foi em janeiro de 22 para sua casa de praia na Alagoas natal, onde nos dois meses seguintes todas as letras foram escritas, talvez daí venha a característica tão solar do álbum. Todas, na verdade à exceção de duas: o samba ‘Êh, Êh!’ e ‘Iluminado’, duas faixas que têm origens e características diferentes das outras dez do álbum, mas que contêm igualmente grande parte do enigma de ‘D’.

Na verdade, o 25º álbum de Djavan traz esse título ao mesmo tempo simples e enigmático porque talvez ‘D’ represente aqui a continuidade da obra de um artista, o desenvolvimento dos muitos caminhos musicais propostos por Djavan, e sua busca constante por novidades, desde que começou a ouvir música, menino ainda, em Maceió. Um enigma decifrado canção a canção, disco a disco. Agora, no momento em que o ouvimos pela primeira vez. E a ser ouvido e decifrado para sempre.

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