Em vídeo publicado em suas redes sociais nesta segunda-feira (22), Ludmilla detalha a concepção do segmento de seu show no Coachella desde o áudio introdutório narrado por Erika Hilton. Em seu texto (em inglês), a primeira deputada federal trans do Brasil abre o show apresentando-o como um espaço onde não se tolera quaisquer tipos de preconceito.
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É fundamental entender que, durante a transmissão, houve interpretações distintas por conta de um frame em um vídeo projetado durante a música “Rainha da Favela”. E por conta deste frame, o tom de denúncia sobre as mazelas sociais idealizado pelas diretoras criativas Nídia Aranha (@nidia_aranha) e Drica Lara (@dricalara) foi retirado de contexto.
Segue o comunicado das diretoras criativas que trabalharam com Ludmilla:
“Ludmilla chegou no Coachella, uma artista com apelo popular. Uma mulher preta, lésbica e da favela, que representa uma galera gigante que se identifica com cada passo dela.
O show começa com uma mensagem bem explícita pelo fim de preconceitos e discursos de ódio na voz de uma das figuras políticas brasileiras mais emblemáticas da atualidade. É como se fosse um convite pra gente se autovalorizar e ser quem a gente é, sem se preocupar com o que os outros vão dizer, seja qual for nossa classe social, gênero, raça, religião ou origem.
Origem da favela, a “Rainha da Favela”. O que significa ser rainha da favela, se não falar pela favela e abraçar esse contexto de maneira mais verdadeira possível? Ǫuando a representamos a favela nos vídeos do show da Ludmilla, escolhemos trabalhar com uma mulher negra e de comunidade, que quer mostrar a rua e a periferia do jeito que são: lugares onde a violência e a injustiça social são rotina. As imagens de “Rainha da Favela” são uma denúncia para o que acontece nas comunidades do Brasil: pobreza, violência, abuso policial, racismo, lgbtfobia, crimes de ódio, intolerância, trabalho informal, pessoas em situação de rua e tantas outras.
A ideia nunca foi maquiar essa realidade, mas mostrar de forma direta tanto as expressões socioculturais e o lazer desse contexto, mas também o sofrimento da favela, vítima da negligência histórica do Estado. Isso é vivido por muita gente, e é isso que uma artista como a Ana Julia Theodoro (@najur) quer passar para outra artista como a Ludmilla.
Sabemos que no mundo das redes sociais, com todo mundo rolando a tela, uma única imagem pode ser interpretada de mil maneiras, e muita gente viu nela intolerância religiosa. Mas a imagem não estava lá para glorificar nada, mas sim para mostrar a realidade. A intolerância religiosa contra as crenças de matriz africana é uma triste realidade em nosso país, assim como qualquer tipo de discriminação contra grupos marginalizados em uma nação com tantos problemas e questões.
Mas como dizem que uma imagem vale mais que mil palavras, trazemos aqui outras imagens do mesmo vídeo (avance até 1min e 45 seg), que infelizmente não chamaram tanta atenção quanto aquela que está em tantas manchetes hoje em dia.
O antigo ditado Iorubá que diz “Exu matou um pássaro ontem com uma pedra que só jogou hoje” é tão rico em significados quanto a vida mesma. Hoje, trazemos uma interpretação que nos agrada muito: as batalhas que travamos agora já têm raízes profundas no passado, e Exu está em cada uma dessas lutas desde muito antes até muito depois. Lutar pela democracia, pela arte, pela cultura, pelos direitos das minorias, pela igualdade, contra o racismo e em apoio às comunidades LGBT, entre outras questões, não é novidade para aqueles que reconhecem o pássaro que Exu derrubou no passado.
No entanto, este espaço é constantemente disputado. Não há um dia de trégua, nenhum momento em que possamos descansar sem bandeiras brancas ou de paz. Aos que agora se unem nesta batalha contra a intolerância, nós os saudamos.
Para aqueles ofendemos com o vídeo, nossas mais sinceras desculpas. Mesmo que nossa intenção fosse denunciar discursos de ódio, sabemos que as pessoas são afetadas de maneiras diferentes. A essas pessoas, pedimos perdão.
Aos que estão aqui apenas para atacar Ludmilla e sua arte com informações distorcidas e inflamadas… a mensagem por trás do figurino é clara: depois de tantos golpes, estamos blindados com coletes de ouro.
Favela Chegou e a Preta venceu.”
No entanto, é importante ressaltar que em nenhum momento houve a intenção de desrespeitar ou menosprezar qualquer religião ou crença.
Ludmilla é uma artista que sempre defendeu valores de diversidade, inclusão e respeito em todas as suas performances. Sua música e sua arte têm como objetivo unir pessoas de diferentes origens, culturas e crenças, promovendo a aceitação e o amor.
“Agradecemos a todos pela atenção e pela oportunidade de esclarecer esses assuntos.“
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