O poeta e escritor Robert Louis Stevenson disse, certa vez: “Um bom vinho é poesia engarrafada.” O poeta francês Raoul Ponchon foi ainda mais sintético: “Vinho dá poesia, poesia dá vinho”. E o cantor e compositor Pernambucano Mateu não só disse como demonstrou tais ideias, pois foi justamente depois de uma dessas noites em que o vinho e o amor se misturam que ele compôs a canção “Vinho”, que está lançando agora como single. Foi o vinho, o amor ou a virtude (como diria Baudelaire) que inspirou os versos: “Nós somos galáxias em colisão espalhando estrelas pelo universo”, ponto de partida para uma canção onírica, sensual e apaixonada, que alia o pop rock ao pop alternativo.
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Oriundo de uma cidade do interior, Belém de São Francisco, o artista quer falar sobre suas experiências e raízes, sem se limitar a elas: quer ganhar o mundo e se tornar um astro. Nem o céu é o limite: de Belém até as galáxias há pouca distância para um poeta apaixonado, que acredita que uma experiência particular pode ser tão universal a ponto de conquistar o público dos mais distantes lugares – o tipo de conexão que só o vinho e a música proporcionam.
Veja a entrevista a seguir, em que o artista fala sobre inspirações, aspirações e composições:
Qual foi a inspiração inicial para compor “Vinho”? Você mencionou uma saída com vinho e amigos, mas como essa memória evoluiu para a letra final da música?
A inspiração inicial para compor “Vinho” veio de um passeio com uma pessoa que eu estava conhecendo em 2019. Muitas vezes, eu vou escrevendo ideias e versos, ou gravando pequenas melodias, até transformar em uma canção. A letra da música veio da sensação de estar conhecendo alguém e gostando do que estava acontecendo, e tentei envolver os versos em toda aquela atmosfera aconchegante e brilhante que é estar se apaixonando e conhecendo algo novo. Para mim, experiências novas são muito excitantes e eu fico muito animado, então quis colocar toda essa empolgação e paixão recém nascida na letra da música.
A frase “Nós somos galáxias em colisão espalhando estrelas pelo universo” tem um tom poético e visual. Como ela reflete a essência da canção?
A primeira vez que eu pensei sobre isso foi em uma aula de artes no ensino médio, quando a professora nos pediu para refletir um pouco sobre pessoas que se vão, mas acabam permanecendo vivas na memória dos outros – seja por um perfume que fica marcado ou por uma lembrança boa. Naquele momento, associei isso a estrelas, que muitas vezes continuamos vendo o brilho mesmo quando elas já não estão mais ali. Quando você está conhecendo alguém e é uma pessoa um tanto intensa, você acaba sentindo tudo com muita força. Comigo, particularmente, foi assim. Qualquer contato ou novidade era uma explosão por dentro. O encontro de duas pessoas pode ser muito bonito e deixar marcas que permanecem mesmo quando aquele encontro já não existir – como essa música, por exemplo. Então imaginei o encontro de duas pessoas como a colisão de galáxias diferentes porque, quando duas galáxias colidem, o material estelar delas se une e pode formar novas estrelas.
Como você descreveria o equilíbrio entre a leveza e a profundidade em “Vinho”?
Acho que seria a mesma sensação de beber algumas taças de vinho. Eu, particularmente, me sinto um pouco mais calmo e tranquilo, mas de alguma forma consigo liberar um pouco mais do que está preso dentro do meu coração. Acho que essa é uma boa representação do que eu quis transmitir com a música.
Como foi trabalhar com Gabriel Fontes na produção de “Vinho”? O que ele trouxe para a canção que você considera essencial?
Foi uma experiência muito boa e importante para mim, e também serviu muito para que eu pudesse me aperfeiçoar como cantor e compositor. Sempre busco guardar algo de toda interação que eu tenho. Além disso, acredito que ele captou a essência que eu queria transmitir naquela música e conseguiu dar vida da melhor forma possível ao som que, no começo, estava só na minha cabeça.
Como a experiência de crescer em Belém do São Francisco moldou a sua visão artística e o estilo das suas músicas?
Acredito que a minha visão artística está sempre em movimento. Muito do que eu tenho vem de ser um menino de uma cidade muito pequena, aspirando coisas grandes E muito, também, vem de estar vivendo um dia após o outro e sempre guardando alguma parte de tudo que eu vivo para transformar em arte. Crescer em Belém acabou me motivando a aflorar a minha criatividade e imaginar maneiras diferentes para me expressar.
Você sente que existe uma conexão especial entre a sua música e o público de cidades pequenas como sua cidade natal?
Quando você cresce no interior, acaba perdendo algumas oportunidades e vivências, ou adiando o acontecimento delas. Algumas das minhas músicas falam sobre essa sensação de querer explorar coisas novas e viver mais intensamente, então acho que, sim, algumas pessoas de cidades pequenas podem se conectar com essa sensação.
Quais são suas expectativas para a recepção de “Vinho”?
Eu sempre fico com um frio na barriga, ansioso para saber se as pessoas irão gostar de algum som que eu fiz. Mas eu espero que todos possam curtir a música ao máximo e se envolver nesse som. Eu sinto “Vinho” como uma música romântica, leve e tranquila que você escuta pensando em alguém ou envia para aquela pessoa que você está curtindo. Então eu espero que a música evoque bons sentimentos nos outros, como brilho que a gente costuma sentir nos primeiros dias em que está se apaixonando.
Sua música mistura elementos de indie pop e pop rock. Você acredita que isso cria uma ponte entre o público jovem atual e a nostalgia dos anos 2000?
Acredito que sim! Eu vejo como uma oportunidade para a música brasileira se conectar um pouco mais com o pop rock, que não tem estado no mainstream atualmente. “Vinho”, além de trazer a nostalgia dos anos 2000, também é um som novo e atual e se conecta bastante com o ouvinte de hoje.
Em que momento você percebeu que a música seria a sua forma de expressão principal e uma carreira a ser seguida?
Eu sempre amei a música e sempre gostei muito de cantar e criar. Desde criança, eu escrevia diversos poemas e compunha várias músicas, porém, com a correria da “vida adulta”, acabei me distanciando um pouco dessa minha parte. Mas sempre parecia que faltava algo. Acredito que o momento em que eu realmente percebi que esse era o meu caminho foi quando eu estava passando por uma fase muito difícil em minha vida, em relação a minha saúde mental. Eram momentos bastante sombrios que me sufocavam muito. Até que um dia eu escrevi uma música chamada “Lítio”, e senti um alívio muito grande, pois consegui colocar ali naquela letra e naquela melodia todo o sufoco que estava reprimido no meu coração. E foi a partir daí que percebi que precisava me reconectar com essa parte minha e passei a me dedicar mais à música e à minha arte.
O que você espera que o público sinta ao ouvir “Vinho”?
Vontade de ouvir mais vezes [risos]! Eu espero que quem escutar possa se sentir agradável, aproveitar o clima quente com aquela companhia boa, mesmo que seja a sua própria, e comigo também, e que se permita apreciar o novo.
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