Rap/Hip Hop
Cassie chora ao relatar estupro e abusos de Diddy durante julgamento por tráfico sexual
O julgamento de Sean “Diddy” Combs por tráfico sexual teve um momento intenso e emocionante na tarde desta quarta-feira (14), quando a cantora Cassie (Casandra Ventura), ex-namorada do rapper, desabou em lágrimas durante seu último depoimento.
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Cassie falou sobre os momentos finais do relacionamento de 11 anos que teve com Diddy, marcados, segundo ela, por agressões físicas e abuso psicológico.
Um dos relatos mais pesados veio ao lembrar de uma noite em 2018, depois do término. Segundo Cassie, eles saíram para jantar em Malibu, num clima aparentemente amistoso, buscando um “encerramento”. Na época, ela já estava em um novo relacionamento com seu atual marido, Alex Fine. Ela descreveu Diddy como “romântico”, “brincalhão” e “gentil” durante o jantar, e disse que os dois riram bastante. Mas tudo mudou quando ele a levou de volta ao seu apartamento, em Hollywood.
“Ele me estuprou na minha sala de estar”, disse Cassie com a voz baixa. “Eu lembro que chorei, disse ‘não’, mas tudo foi muito rápido.”
Segundo ela, os olhos de Diddy “ficaram pretos” enquanto ele a violentava, ignorando seus gritos e suplicando para que parasse. Ela contou que ele ejaculou dentro dela e, em seguida, foi embora como se nada tivesse acontecido.
A promotora federal Emily Johnson perguntou se Cassie teve relações com Diddy depois disso, e ela respondeu que sim, por escolha própria, em uma ocasião em que ambos estavam felizes, depois da festa de aniversário de uma amiga. Quando questionada sobre por que teria dormido com ele mesmo após o suposto estupro, Cassie explicou: “A gente ficou junto por mais de 10 anos. Você não desliga os sentimentos assim, de uma hora pra outra.”
O último encontro dos dois foi ainda em 2018, no funeral de Kim Porter, ex de longa data de Diddy.
Cassie também falou sobre sua vida em 2023, já casada e com dois filhos pequenos, e esperando o terceiro, como deixou claro a gravidez visível durante o depoimento. Em fevereiro daquele ano, ela contou que teve uma crise profunda: “Eu não queria mais viver.”
Ela disse que uma noite teve um surto de flashbacks causados por TEPT (transtorno de estresse pós-traumático) e falou para o marido, enquanto os filhos dormiam: “Você consegue seguir sem mim.” Em seguida, tentou sair de casa e se jogar no trânsito, mas o marido a impediu. Aos prantos, ela precisou pausar o depoimento para pegar lenços de papel.
Depois disso, Cassie buscou ajuda em terapia especializada para traumas e passou por reabilitação por uso de drogas. Ao fim do tratamento, começou a escrever um livro contando tudo que viveu ao lado de Diddy, com apoio da mãe. Ela revelou que a motivação era fazer com que Diddy lesse o livro e entendesse “a dor que me causou desde os meus 22 anos”, quando, segundo ela, começaram os episódios dos chamados “freak-offs” — festas privadas com sexo e drogas organizadas por ele.
Cassie disse que sua advogada enviou o livro ao time de Diddy, mas que a resposta foi que “não levaram a sério”. “Eu queria ser compensada por todos aqueles anos… e por toda dor.”
Foi aí que, em novembro de 2023, ela entrou com um processo civil contra Diddy, acusando-o de estupro e anos de agressões. O caso foi encerrado apenas 24 horas depois, com um acordo em que ela recebeu US$ 20 milhões.
Mesmo tendo recebido a indenização, Cassie explicou por que decidiu prestar depoimento no julgamento federal, onde Diddy pode pegar prisão perpétua por tráfico sexual e organização criminosa:
“Eu tô aqui pra fazer a coisa certa. Eu não aguentava mais carregar isso… a vergonha, a culpa.”