Caso Diddy: Dawn Richard acusa Diddy de agressões e ameaças em julgamento

O julgamento de Sean “Diddy” Combs por tráfico sexual continuou nesta segunda-feira (19) com um depoimento bombástico: Dawn Richard, ex-integrante de um dos grupos do cantor, subiu ao banco das testemunhas e falou sobre episódios de abuso envolvendo Diddy e sua ex-namorada, Cassie (Casandra Ventura). Dawn também comentou sobre o uso de drogas e ameaças feitas por ele.

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Pra quem não lembra, Dawn fez parte do trio Diddy, Dirty Money entre 2009 e 2011. Antes disso, ela integrou o grupo de R&B Danity Kane, também vinculado à gravadora de Diddy, a Bad Boy Records. Em seu depoimento, ela disse ter visto Diddy agredir Cassie várias vezes, socando, enforcando, arrastando e até chutando a cantora. (Vale lembrar que, na semana passada, Cassie também prestou depoimento e acusou o rapper de estupro e anos de violência física.)

Dawn contou que, toda vez que Cassie tentava se impor, ele respondia com agressividade. Ela citou um episódio em que Diddy teria tentado atacá-la com uma frigideira e depois a arrastado escada acima. No dia seguinte, ele teria ameaçado Dawn dizendo que ela poderia “sumir” caso contasse algo a alguém, o que ela interpretou como uma ameaça de morte.

O depoimento de Dawn parece reforçar o padrão de comportamento que outras vítimas já relataram sobre Diddy. Mas, durante o contra-interrogatório feito pela advogada de defesa, Nicole Westmoreland, surgiram algumas inconsistências. A advogada destacou que Dawn já havia se reunido com os promotores oito vezes antes de testemunhar, e que o que ela contou no tribunal não bate com o que disse nessas conversas.

Por exemplo: em 2024, Dawn afirmou que apenas ouviu a frigideira bater na parede, mas não viu Diddy atacando Cassie com ela. Já em março de 2025, disse que viu o cantor jogando ovos em Cassie e depois largando a frigideira. No tribunal, nesta segunda, ela disse não lembrar dessas versões anteriores.

Outro ponto questionado foi a ameaça de “sumir”: por que ela só mencionou isso na última conversa com os promotores, há pouco mais de uma semana? A defesa ainda perguntou: “Era uma ameaça de morte que você esqueceu de contar sete vezes diferentes?”

Sobre outro episódio, Dawn chegou a culpar seus advogados por terem passado sua fala de forma errada. E, quando perguntada por que antes tinha dito que nunca viu Diddy usando cocaína, e agora afirmava o contrário, ela respondeu: “Na época, eu não me lembrava.”

A advogada então perguntou diretamente: “Seu depoimento mudou, não é?” Dawn respondeu: “Mudou.”
“Você concorda que, com o tempo, sua história vai mudando?” “Sim”, respondeu ela.

Outro ponto que a defesa trouxe foi o fato de Dawn ter mantido contato com Diddy nos anos seguintes à separação do grupo. Westmoreland foi direta: “Você procurou o Sr. Combs várias vezes. E você tinha tanto medo assim dele, né?” num tom irônico.

Dawn explicou que esse contato foi na tentativa de reunir o grupo Dirty Money novamente. Mas a advogada rebateu: “Ele te ameaçou. Você entendeu essas ameaças como de morte… e mesmo assim quis trabalhar com ele de novo?”

A defesa tentou pintar Dawn como alguém ressentida, que culpa Diddy por ter “arruinado” sua carreira ao encerrar os grupos Danity Kane e Dirty Money. Em um momento tenso, Westmoreland soltou: “As músicas que você lançou sozinha não chegaram ao mesmo nível de sucesso, né? Sem ofensas.”

Ela ainda lembrou ao júri que Dawn está processando Diddy desde setembro de 2024, alegando que ele a apalpou, a submeteu a condições de trabalho abusivas e espancou Cassie diversas vezes. Esse processo civil ainda está em andamento.

Já na reavaliação com os promotores, Dawn teve a chance de reforçar que tudo que relatou aconteceu há mais de 10 anos, e que certas memórias realmente demoram a voltar. Mas deixou claro que não tem dúvida de que viu Diddy tentando acertar Cassie com a frigideira e arrastá-la escada acima.

Ela também frisou que, apesar de estar buscando indenização no processo civil, não tem nenhum ganho financeiro relacionado ao julgamento federal, onde Diddy é acusado de tráfico sexual e formação de quadrilha. Se condenado, ele pode pegar prisão perpétua.