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BRAZA lança seu novo álbum, ‘Tijolo por Tijolo’

"Tijolo por Tijolo". Foto: Ronaldo Land.

BRAZA. Foto: Ronaldo Land.

O baile do BRAZA é na rua. É das ruas que vem a urgência das letras. É a rua que inspira a mistura vertiginosa de ritmos produzida por Nicolas Christ (bateria),Danilo Cutrim (guitarra e voz) e Vitor Isensee (teclado e voz)ao lado de seu time afiado de parceiros e músicos convidados. “Tijolo por Tijolo”, o segundo álbum do BRAZA, cumpre o que seu título promete: é propriamente uma tijolada sonora. Ou melhor: são vários tijolos, que, sobrepostos e cimentados por uma massa consistente de influências, formam um muro de groove e drive, na melhor tradição dos sound systems jamaicanos e dos paredões do funk carioca. Nesse muro, como se versos fossem grafites, fica exposta em cores vivas a poesia aguda do grupo.

Tijolo por Tijolo” começou a ser moldado nos dois primeiros meses de 2017. Ao longo do período, a banda gravou as bases de guitarra, teclado e baixo no Neblina, estúdio caseiro de Danilo. (O nome faz referência ao Nas Nuvens do produtor Liminha, com quem o trio chegou a trabalhar quando integrava o Forfun.). Do Humaitá para Santa Teresa, a obra foi terminada no começo de maio, no estúdio Cantos do Trilho, do produtor Pedro Garcia. Lá, acrescentaram levadas de bateria acústica, arranjos de metais (a cargo do saxofonista Lelei Gracindo) e mixaram as canções. Baterista do Planet Hemp, Garcia já havia trabalhado com o BRAZA no disco anterior (2016), batizado com o nome do grupo.

São dez faixas, uma delas instrumental: “Dubrasilis”, reggae irresistível, adornado por vocalizes e atravessado por elementos de dub e rock. “Ande”, primeiro single e clipe do álbum, parte de um riff eletrônico (que remete a games clássicos como Space Invaders) para desembarcar num poderoso reggae cuja letra dá a receita do BRAZA: “Ande/ Não pare de mexer para que a massa não desande”. Movimento, busca e mistura. “Moldado em Barro”, por exemplo, tem rap na voz, afrobeat na guitarra, repique na percussão e reggae no baixo. Na olaria do BRAZA, além do ritmo jamaicano – e variações como ragga, dub e riddim – entram funk, jazz, hip-hop e ritmos africanos e brasileiros.

A faixa-título, quinta do álbum, é construída sobre o contraste entre a força da base rítmica e a delicadeza dos solos de flauta de Lelei. Em “Chão Chão Terra Terra”, hip-hop e jazz soam harmônicos no copia-e-cola musical do grupo. “Amor não tem sinônimo/ Alma não tem gênero/ Poder não é virtude/ E a vida é sopro efêmero” é o toque da letra. “Racha a Canela” tem pegada mais pop. Descendente espertíssima da tradição reggae brasileira de Paralamas do Sucesso e Skank, manda um recado direto: “Não tem pulseira, nem crachá, nem log-in/ Fala Tupi, Iorubá ou Latim/ Simples assim: não é não, sim é sim/ Cuido de tu e você cuida de mim”.

A despeito de, a rigor, ser um trio, o grupo na prática funciona como um coletivo. O baixista Pedro Lobo (olho e ouvido nesse músico!) é uma espécie de ‘BRAZA honorário’. Ao longo de “Tijolo por Tijolo”, suas linhas ao mesmo tempo completam e empurram o groove do baterista Nicolas. Bruno Negreiros (ou Zé), produtor técnico da banda nas turnês, além contribuir com as letras, é responsável por fazer contato com convidados mais do que especiais. Se no disco anterior a parceria se deu com o ex-Black Uhuru Mykal Rose, neste segundo álbum é a cantora Sister Nancy, uma das precursoras do dancehall jamaicano,que dá a letra na pacifista “Exército sem Farda”.

Com “Tijolo por Tijolo”, o BRAZA repete o frescor e a gana do seu disco de estreia, acrescentando, porém, mais maturidade, controle e criatividade. Nas palavras do tecladista Vitor Isensee:

“Comparado com o primeiro, nesse segundo disco a gente chegou mais perto de uma identidade.”

Ou, como eles mesmos cantam na letra de “Ande”: “Bora, nego! Bora que a vida anda pra frente”. Bora!

Ouça o álbum “Tijolo por Tijolo:

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