Era o último dia de gravações do álbum autoral de Alok (com previsão de lançamento neste ano ainda). Uma cerimônia espiritual foi organizada pelo cacique Mapu Kuî, importante liderança indígena do povo Huni Kuî, em forma de agradecimento aos trabalhos desenvolvidos ali no Sonastério, espécie de QG musical onde o DJ e sua equipe produziram as faixas.
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No meio da celebração, Mapu pediu para que algumas das pessoas presentes compartilhassem rezas e cantos tradicionais. Foi nesse momento que Ixã fechou os olhos e começou a cantar. Ao abrir os olhos, o jovem de 19 anos de idade viu Alok emocionado. O DJ extasiado pela voz de Ixã fez o convite: “você aceita gravar comigo?”.
“Meu amor” é o resultado desse encontro mágico entre os artistas e chega às plataformas de streaming nesta sexta-feira (04) com direito a videoclipe disponibilizado na mesma data pelo canal oficial de Alok no Youtube.
“Eu estava tão entregue à cerimônia, tocando de olhos fechados, que cantei por volta de quatro músicas. Quando abri os olhos, o Alok e a esposa dele, Romana, estavam na minha frente. Para mim, foi surreal, as pessoas olhando para mim muito felizes. Sou muito agradecido ao Alok, a sua equipe e ao meu Epã (pai) por tudo que venho vivendo e sei que ainda viverei ao lado dessas pessoas e profissionais tão importantes para mim“, diz Ixã.
Hugo Gabriel Messias Pantoja, nasceu fora da comunidade indígena, em Porto Velho, RO. Foi apenas mais tarde com a união de sua mãe com Mapu Kuî que o menino passou a viver no Centro Huwã Karu Yuxibu (Centro de Fortalecimento da Identidade Cultural do Povo Huni Kuî), em Rio Branco, AC, e se identificar com as tradições ancestrais indígenas. Desde cedo, ele já demonstrava interesse pela música. Aos nove anos de idade, revelou-se autodidata e começou a tocar violão sozinho. Foi a partir daí que começou a compor. Sua avó materna, ao perceber o talento do neto, o matriculou em uma escola de música. E, desde então, já possui mais de cinquenta composições próprias.
“Ixã despertou a sensibilidade de todos ali presentes quando olhamos para sua história de vida: um garoto não indígena que junto da mãe passa a integrar a vida e cultura do povo Huni Kuin e então, passa a se encantar com a musicalidade tradicional, integra-se ao universo indígena, se pinta, se veste e vive como um indígena. Ele traz a sua poesia sobre o amor à sua música. Vi em Ixã um vetor de conexão entre os dois mundos, sua história vai na contramão dos enredos que estamos habituados a presenciar”, fala Alok.
“Meu amor” é a estreia de Ixã no mercado fonográfico. Com letra em português, a música tematiza um dos sentimentos mais caros aos humanos e também um dos mais enigmáticos: “Volta para cá / deixa eu falar / que eu te amo / mesmo sem conhecer o amor (…) Meu amor é seu / se o seu amor sou eu“.
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