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Editorial

Brasil e Angola: dois países de uma expressão cultural e artística ao mesmo tempo similar e diferente

Foto: Juca Varella / EBC

Todo mundo sabe que o Brasil e a África tem várias coisas em comum. Sejam elas por causa das influencias culturais ou do passado obscuro que dividem.  É difícil não pensar na escravidão e nos comerciantes portugueses. Eles superlotavam os porões de seus navios de africanos, para colocá-los a venda de forma desumana e cruel como se fossem mercadorias aqui no Brasil, para utilizá-los como mão de obra escrava nos engenhos de açúcar no nordeste do país.

Fora esse lado tenebroso, nós brasileiros e africanos compartilhamos muitas outras coisas das quais podemos nos orgulhar – traços culturais no idioma, nas manifestações religiosas, na culinária, ritmos e danças. Mas… tem um país em especial dentro desse continente gigantesco, o qual o Brasil tem um relacionamento especial – Angola!

O Brasil e a Angola tem muito mais coisas em comum do que nós brasileiros podemos imaginar. A Angola foi um dos países africanos que mais contribuiu para nossa cultura. Os dois países compartilham o mesmo idioma e influências culturais nas crenças, na comida e no próprio jeito de se comportar e de se vestir.

Mas quando se trata de ritmo e dança. Ah! Nós praticamente nos tornamos um só! As semelhanças entre os dois países saltam aos olhos, a criatividade, a animação, o bom humor,  aquele sorriso amigável e o gingado incomparável são as marcas registradas dos dois povos, tanto nas coreografias quanto nas letras e percussões de suas produções musicais.

E falando de ritmo e música, você  sabe como nasceu o samba? Não?! O samba nasceu no século XIX de uma expressão artística angolana chamada “Semba”, ritmo de matriz africana, especificamente angolana, que é dançado como se fosse um sapateado em ritmo um pouco mais acelerado, mas que em um momento os movimentos resultam no encontro do corpo do homem com o da mulher; o cavalheiro segura seu par pela cintura e puxa-a para si provocando um choque entre os dois, que resulta em uma umbigada. Assim como o samba, o maracatu, batuque e a nossa famosa capoeira, foram trazidas pelos povos angolanos.

O cantor Martinho da Vila fez muito sucesso por lá e ainda faz, pois até escreveu uma autobiografia em 1998 chamado “Kizombas, Andancas e Festanças”, onde faz uma homenagem a Angola, seus ancestrais e os bons momentos que passou no país. Porém, as homenagens a esse povo que tanto contribuiu para nossa música não fica somente por aí. O artista gravou inúmeras músicas para exaltar nossas raízes angolanas, uma delas se chama “Semba dos Ancestrais”, um tributo ao povo, ao samba e o semba.

O que podemos dizer da canção “ Morena da Angola” de Chico Buarque interpretada por Clara Nunes? “Musicão”! A qual tem tudo a ver com a Angola como sugere o próprio título. A canção tem uma história linda de amizade e viagens a terras africanas.

Tudo começou depois de uma viagem que Clara Nunes fez em maio de 1980 a Luanda, Angola, a convite de Chico Buarque. Ela e o cantor e compositor construíram um laço de amizade tão forte, que a pesar do seu repertório para ser disco estar fechado, ela ligou para Chico pedindo que este compusesse uma música para ela, assim como havia lhe prometido durante a viagem. E foi assim que Chico Buarque, compôs “Morena de Angola” e enviou a Clara Nunes.

O brega pop também chegou por lá com a banda Calypso e claro que eles fizeram uma música em homenagem ao país: “Som da África”, a qual tem participação especial do cantor angolano Anselmo Ralph, um dos cantores mais popular e estimado pelos os angolanos.

Sabe aquele passo rápido com as pernas que tem embalado o funk brasileiro? É esse mesmo, “O Passinho” que veio à tona em 2008 com o grupo “Dream Team do Passinho”, lá na favela do Rio de Janeiro, quando um vídeo viralizou na internet. Então, os passos do Passinho têm tudo a ver com os passos do kuduro, de Angola, uma dança que foi criada na década de 1980 no país pelo dançarino Tony Amado, que se inspirou na coreografia de luta do ator Van Damme no filme “Kickboxer – O Desafio do Dragão”.

https://www.youtube.com/watch?v=s-OZGXkzbsA

Aliás, existe uma oura coisa em comum, ambos se originaram na periferia e viraram fenômenos dentro e fora dela, com passos rápidos e inusitados, como vocês podem ver nos dois vídeos, tando o do artista angolano Tony Amado quanto do grupo brasileiro Dream Team do Passinho.

Atualmente, conforme o site Rede Angola de Informações, os artistas “Pop do Brasil” que são favoritos entre os angolanos estão: A cantora Paula Fernandes, que tem uma lista extensa de 280. 873 fãs angolanos no seu Facebook, Luan Santana com 203.851 seguidores e a dupla sertaneja Zezé Di Camargo & Luciano com 226.803 fãs angolanos no Facebook.

Por fim, uma cantora que não é muito conhecida aqui no Brasil, mas que tem uma relação especial com a Angola: a cantora Kataleya. A artista que nasceu no Rio de Janeiro, mas que viveu até aos seus quatro anos de idade no Brasil e depois emigrou para a Suíça, é popular no país africano por conta de um ritmo angolano muito famoso: o “kizomba”, mais ouvido nos cinco países africanos de língua portuguesa. A palavra Kizomba quer dizer divertimento e é influenciado pelo semba e por outros ritmos africanos e pela música europeia.

Certamente, a Angola contribui muito para nossa história e cultura e sabemos disso, mas hoje é a Angola que conhece muito mais o Brasil do que os brasileiros conhecem dos angolanos. As telenovelas (a globo é o canal número 1 no país), passando pela literatura, cosméticos (PS: os cremes, relaxantes e alisantes para cabelos são bem procurados, principalmente a compra dos cabelos brasileiros naturais, eles valem muito no país) e chegando à música. Além disso, eles também têm a mesma forma de vestir, de se maquiar e pentear. Com tantas coisas similares, mas também diferentes – é uma pena que esses dois irmãos cresçam separados por um oceano e não podem se interagir e descobrir mais um sobre o outro!

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Written By

Jornalista, nascida e criada na jovem capital da esperança, Brasília. Começou sua carreira em uma rádio comunitária, logo depois trabalhou em uma rádio na cidade de Salamanca, na Espanha. Descobriu que gosta de escrever em 2016, quando foi se aventurar na arte da redação para uma empresa em Cidade do Cabo, na África do Sul. Apaixonada por música escuta um pouco de tudo, desde clássica à funk, passando pelo samba, pop, MPB e rock, mas confessa ter uma caidinha por heavy metal. Ama viajar, é fascinada por conhecer novas culturas e pessoas e sonha com o dia em que dará a volta ao mundo!

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