Nesta terça, dia 4 de dezembro, foi comemorada a segunda edição do Women’s Music Event Awards. A premiação, criada em parceria com a Music 2, tem como objetivo enaltecer, fortalecer e premiar o trabalho de mulheres artistas – sejam elas diretoras, DJs, cantoras, produtoras.
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“É um enorme prazer fazer parte deste movimento social, o prêmio nasceu do desejo de fazer diferente, de passar uma mensagem que todos podemos ser e fazer. Quando eu tive a ideia de fazer um prêmio para mulheres da música a Claudia e a Monique já tinham me procurado pra apresentar a plataforma WME, e elas toparam na hora.” – Fatima Pissarra, organizadora do evento.
Como no ano passado, o WME Awards foi desmembrado em três partes: categoria voto popular, categoria voto técnico e homenageadas pelo conjunto da obra.
Pelo voto popular, foram escolhidas as categorias: videoclipe, DJ, cantora, álbum, revelação do ano e melhor música. Os votos foram colhidos pela internet, pelo site oficial da festa.
As categorias técnicas, por sua vez, tiveram suas vencedoras escolhidas por cem embaixadoras do WME Awards by Music 2, as quais utilizaram um sistema exclusivo de votação, feito para ser acessado apenas por elas. Mais VIP, impossível. Os prêmios técnicos foram: produtora musical, diretora de videoclipe, instrumentista, empreendedora musical, melhor show, jornalista musical e radialista.
As homenageadas, por fim, foram duas mulheres icônicas da música brasileira: Dona Ivone Lara, falecida em Abril deste ano e grande expoente do samba brasileiro, e Elza Soares, cada vez mais apaixonante.
Esta última, aliás, esteve presente. Recém-operada da coluna, manteve-se sentada durante toda a premiação e, ao pegar o microfone, falou baixinho, visivelmente cansada. Sua exaustão não foi o bastante para calar os uivos de apreciação e aplausos da multidão, no entanto, então: viva Elza!
Foto: Divulgação
Introdução feita, vamos falar sobre o que rolou ontem, das 21h às 23h, no palco do Cine Joia (Praça Carlos Gomes, 82), no coração de São Paulo.
Mestre de cerimônias
Quem apresentou o prêmio foi Preta Gil.
Foto: Divulgação
Munida de muito bom humor, aquela que viria a ser vencedora do award de melhor videoclipe (“Vá se benzer”, parceria com Gal Costa) brincou com a plateia, admitiu estar nervosa com a presença de Elza Soares – “tudo o que a Elza fala ganha aspas, né?”, comentou antes da homenagem principal da noite – e, em determinado momento, chamou Iza para bater um papo com a plateia. Por meio de uma chamada de vídeo, vale salientar.
Apresentações musicais
Mantendo o lema de representar todas as mulheres, o palco do Cine Joia recebeu não apenas cantoras cis, mas também trans: Mulher Pepita, num vestidinho curto e músculos à mostra, cantou “Chama a Beleza”, enquanto Linn da Quebrada falou sobre a causa LGBTQ+.
Women’s Music Event. Foto: Divulgação
Das representantes da sigla, aliás, estiveram presentes também Daniela Mercury e Lan Lahn (que deu um show na percussão).
Quadros musicais trouxeram Alice Caymmi, cantando “Eu te avisei”, Xênia França e seu “Pra que me chamas?” e uma parceria entre Letrux e Luedji Luna. As duas cantoras, de estilos diferentes, combinaram especialmente quando cantaram “Banho de folhas”, sucesso de Luedji.
Representatividade em alta
Além de ser um prêmio exclusivamente feminino – para mulheres transgêneras ou cisgêneras, como ficou evidente pelas moças que trafegaram pelo espaço durante as duas horas de evento -, o WME Awards merece aplausos por outra questão: abarca todas as sexualidades, todos os estilos de música e todas as origens.
Dia 4 de dezembro é oficialmente o dia de Santa Bárbara. Nas religiões de matriz africana, esta santa católica foi sincretizada com Iansã, orixá guerreira, deusa do trovão, do vento e feita de dendê e encanto. Xênia, após terminar a sua apresentação, exclamou um sonoro “Eparrey”, a saudação típica de Oyá/Iansã.
DJ Donna, ao receber o prêmio de melhor DJ do ano, subiu ao palco de dourado dos pés à cabeça, com um adorno de cabeça bastante chamativo. Ao receber o troféu de noite – uma simpática estátua de seio! -, bradou “Oraieiê, minha mãe!”, saudação da orixá Oxum, e fez um emocionado e emocionante discurso sobre sustentar o filho sozinha, com o poder e a ajuda da música.
Luedji Luna também não fez feio: a baiana, também do axé, exibiu nas paredes da casa de shows uma série de orixás e paramentos. A própria música escolhida, aliás, cita banhos de folhas e de ervas sagradas no Candomblé e na Umbanda.
Foto: Reprodução/Instagram (@luisasonza)
A finalização do WME ocorreu com uma retrospectiva da vida de Elza Soares e com uma apresentação de Luísa Sonza, Daniela Mercury, Tulipa Ruiz e Anelis Assumpção. Unidas, as artistas cantaram “Banho”, do álbum “Deus é mulher”, recém-lançado.
O Women’s Music Event ainda é uma festividade pequena em tamanho, com “poucas” categorias. Ainda assim, as organizadoras e participantes são enormes. Isto é o suficiente para fazer com a premiação valha muito – e em inúmeros sentidos.
Esperamos que, nos próximos anos, o WME receba ainda mais incentivo e possa crescer em categorias, em prêmios, em discursos, cantos, danças e bandeiras.
