Que Katy Perry faz um sucesso estrondoso por onde passa, todos já sabem e não é nenhuma novidade afirmar que seus shows seguem o mesmo exemplo. Neste domingo, 18, a norte-americana desembarcou no Rio de Janeiro com sua “Witness: The Tour“, a turnê de seu último álbum, após passagens por São Paulo, Porto Alegre, e alguns países da América do Sul. A apresentação do Rio aconteceu apenas um dia após a épica performance que contou com o maior público de toda a turnê: 40 mil pessoas.
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Esta foi a primeira vez que o Rio de Janeiro recebeu um show solo de Katy Perry – foi a terceira vez que a artista se apresentou na cidade -. Em suas duas passagens anteriores, a estrela recheou o line-up do Rock in Rio (em 2011 e 2015). A história de Katy com o festival é grande, e a cantora já tem performance marcada na edição 2018 do Rock in Rio Lisboa, que aterriza na capital portuguesa em junho.
O show
Com pouco mais de 20 minutos de atraso, às 21h27, Katy Perry surgiu ao palco usando uma roupa toda vermelha, que envolvia seu corpo. O costume contava ainda com uma espécie de véu que cobria parte de sua cabeça. Em todo o show, minimamente coreografado, mas que dava direito de a estrela andar todo o palco e mostrar sua interação com o público, Katy parecia se divertir. “Witness“, faixa-título de seu mais recente álbum e atual turnê, foi a responsável pelo início do que seriam as quase duas horas da última apresentação no Brasil.
Com uma banda incrível com sete músicos e diversos bailarinos – em sua maioria mulheres -, Katy abriu a segunda faixa da noite, “Roulette“. Usando óculos escuros vermelhos, a norte-americana mostrou gingado e envolvimento coreografado ao lado dos dançarinos. A pose típica de uma diva fez os fãs gritarem.
Katy Perry. Foto: Divulgação/Tuiki Borges
Logo no início da terceira música do show, o sucesso “Dark Horse“, Katy fez questão de iniciar o que seria um show de muito contato com os fãs que se agraciavam com a apresentação. Após jogar seus óculos para a plateia, a loira conversou com seus katycats.
“Vocês estão prontos para hoje? Vamos celebrar e nos divertir!” – Katy Perry
Katy então seguiu para a parte traseira do palco, onde cubos de LED estavam posicionados, subindo e descendo em movimentos peristálticos. Ao final da performance da música, a artista imitou a pose de um pugilista, jogando seu microfone no chão.
Katy Perry. Foto: Divulgação/Tuiki Borges
Pouco antes do início de “Chained to the Rhythm“, a loira começou a brincar com o público carioca. Gritando “Miga, sua loka“, poderoso jargão da internet que aprendeu com os fãs brasileiros. Em seguida, entraram no palco suas dançarinas com grandes “capacetes” em formatos de uma TV de tubo antiga, com antenas, e dois bailarinos vestindo uma espécie de boneco de Olinda, estruturas com cerca de três metros de altura em formato de homens de terno e gravata e com uma grande “cabeça de TV”.
Katy Perry. Foto: Divulgação/Tuiki Borges
Após sua primeira saída para troca de roupa, surge um momento diferente no show. Este, passa a remeter a era “Teenage Dreams” com cores chamativas e berrantes. Contrastando com o tema, Katy surge em um terno quadriculado branco com listras pretas e muda de microfone, que antes era vermelho e combinava com sua roupa, agora era rosa. Katy estava atenta a tudo o que estava acontecendo. Foi neste momento que a artista falou com pessoas que viam seu show de um viaduto na Avenida Trinta e Um de Março, local ao lado da Praça da Apoteose, local onde aconteceu o show da cantora.
“Olá pessoal aí do fundo, eu vejo vocês! E todo esse pessoal aqui [apontando para os fãs na Pista Premium]. Eu não falo muito português, então gostaria que vocês me ensinassem, ok? Como se fala ‘hot’? [recebendo gritos de ‘quente’]. ‘Quentchi’? Ah, ok! Como se diz ‘cold’? [Recebendo gritos com a resposta.] Frio? Oh, ‘quentchi’ e frio! E como se diz ‘flamingo’? Oh, é a mesma palavra. Flamingos, vamos lá. Por favor recebam os meus flamingos!” – Katy Perry.
Katy estava reluzente e se mostrava muito à vontade com seu palco. Com 17 anos de carreira, desde que lançou álbum gospel, a californiana estabeleceu um alto padrão em apresentações.
Katy Perry. Foto: PopNow/William Ferreira
Com um tripé rosa que combinava com seu novo microfone, Katy retornou à parte dos fundos do palco. Após tirar seu blazer, a estrela revela uma maravilhosa novidade tecnológica, um top todo em LEDs que mostra palavras da música sincronizadas com o canto da artista. “Oi, flamingos”, disse a estrela em português.
Na sétima música da apresentação, o sucesso “California Girls“, a blusa de LEDs passa a mostrar imagens de guarda-chuvas girando, fazendo menção à roupa que Katy usava em sua antiga turnê, a “California Dreams Tour“, onde seu figurino contava com dois pequenos guarda-chuvas girando.
Tu-tu-barão!
O novo show de Katy aposta na diversão, mas também na audácia. Poucas vezes, no Brasil, se viu um show tão bem estruturado e com tantos elementos visuais para compor o palco de um artista. É fato que, algumas grandes turnês mundiais, chegaram ao país meio “capengas”. Até próprias apresentações da artista.
Logo após a performance do sucesso “California Girls“, Katy recebeu a cômica presença de um tubarão no palco. Em resposta, a cantora encenou uma briga com o personagem, dando socos, chutes e se jogando em cima do animalzinho. Até que, após tanta “briga”, os dois se abraçam e fazem as pazes.
Katy surpreendeu a todos quando, durante a briga, “caiu” no chão abrindo um espacate, tradicional posição do balé onde a pessoa “se senta” no chão com as pernas abertas formando um ângulo de 180º, algo que, além de muito difícil e exigir árduo treinamento, torna-se ainda mais desafiador se feito sem alongamento. Katy então deita-se no chão fingindo-se de morta, aos gritos de “morta linda“, outro famoso meme da internet tupinikim que a norte-americana conheceu e ajudou a popularizar.
Fã se emociona no palco
Foi justamente neste momento que Katy chamou ao palco o jovem Raphael Riad. Carioca, ele disse ter aguardado dez anos para a oportunidade de estar frente à frente com a cantora. E ele conseguiu. Ao subir no palco, Raphael parecia estarrecido e sem saber o que fazer diante amplitude de vossa realeza. Afinal, quem em sã consciência iria acreditar poder estar tão perto de um artista que ama.
Raphael, neste momento, passou a ser o tradutor de Katy para que a cantora falasse em português com seus súditos.
Em entrevista ao PopNow após a participação no show, Raphael Riad, que era assediado por fãs da cantora que pediam fotos com ele, contou sobre a experiência.
“Eu esperei dez anos para isso. Eu montei um look e falei ‘Vou usar este aqui porque, quando ela cantar ‘Swish Swish’ com a turnê, eu vou subir. Ela vai me chamar para subir [no palco], para jogar basquete. Só que ela não trouxe [a estrutura que imitava uma cesta de basquete], então eu falei ‘Não vai ser dessa vez!’. Cheguei aqui por volta das 5h da manhã e falei: ‘Vai ser o meu dia! Espero, né?’. Eu sou do Rio mesmo, estava viajando e vim só para o show. Não tenho palavras ainda, não caiu a ficha, o pessoal está vendo, me chamando… Desde 2011 [vou aos shows], desde a primeira vez dela no Brasil – passei cinco dias na fila do Rock in Rio em 2011-, fiquei na grade. Em 2012 eu subi numa árvore [durante a Première do documentário de Katy Perry], ela jogou os ingressos do outro lado, depois eu fui para o aeroporto, eu fui para um lado, ela para o outro. Isso estava escrito no momento certo e na hora certa” – Raphael Riad
https://www.instagram.com/p/BggTxqjn8-S/?taken-by=raphriad
Pole-dance no palco
Após a segunda saída para trocas de roupa, um novo estágio do show é montado, com estruturas de mais de dois metros de altura com rosas sendo montadas na passarela do palco, bem próximas ao público. O porto-riquenho Fernando Miro, que é bailarino do espetáculo Varekai, do Cirque Du Soleil, sobe ao palco para uma performance sem igual. Ao lado de Katy Perry, o artista sobe e desce em uma barra de ferro fazendo movimentos de pole-dance em pleno show.
No palco, o acrobata mostra parecer ser fácil tanta maestria e tamanha leveza com que executa os movimentos ao lado da estrela da noite.
Após “Tsunami“, Katy apresentou seu acrobata que teria ainda mais uma apresentação no show antes de “Wide Awake“, quando surge acima de uma esfera fazendo uma bela performance corporal.
“ET”
Uma planta carnívora enorme surge no fundo do palco: “ET” chegou. E com um dos maiores sucessos de Katy Perry, um grande “inseto-ET” surge no palco. Em cima de pernas de pau de mais de 1 metro de altura, um de seus bailarinos performa ao lado da cantora. Originalmente gravada com o rapper Kanye West, Katy fez questão de cantar ao vivo toda a faixa, inclusive a parte em que o norte-americano apresenta o rap da música, em playback.
Durante a apresentação, Katy percorreu todas as extremidades de seu palco.
“Marielle, presente”
Um dos momentos mais emocionantes de todo o show foi quando Katy Perry exibiu no telão uma imagem da ex-vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, morta no dia 14 de março em um local relativamente próximo ao do show da artista na cidade. Visivelmente sensível ao assassinato da brasileira, Katy Perry se sentou à frente da imagem exibida no fundo do palco.
“Rio, essa próxima música é para todos vocês, para todos vocês! Não importa onde você viva, de onde você vêm. Se você vem das favelas ou de lugares muito legais. Isso é para vocês, não importa a cor da sua pele. Esta música é para vocês, é um amor incondicional” – Katy Perry
Foi neste momento que a artista chamou ao palco a irmã e a filha de Marielle Franco, que falaram sobre a ex-vereadora e, emocionadas, abraçaram a cantora. O momento promoveu uma comoção pública e um sentimento de angústia, de busca pelo esclarecimento do fato. Foi quando várias pessoas começaram a gritar enfaticamente pedidos de “Justiça” e a frase “Fora Temer“, clamando pela deposição do atual presidente do país, Michel Temer, que assumiu o governo após o impeachment da ex-presidente Dilma Roussef, escolhida democraticamente nas eleições de 2010 e 2014. A cantora pediu um minuto de silêncio, sendo atendida pelo público presente.
Veja o vídeo do momento:
Após o momento, foi difícil para alguns fãs se reconectarem ao show, mas Katy não deixou a peteca cair e, apesar do abalo e após o momento solene, seguiu a apresentação.
“Esta próxima música é para vocês que têm o poder. E vocês têm o poder” – Katy Perry
Imagens que remetiam aos vídeo-games dos anos 1980 e do icônico jogo PacMan surgiram no telão como introdução para a faixa “Power“.
Sem Gretchen
Durante quase duas horas de show, Katy Perry provou por mais que não está de brincadeira. Com seus principais sucessos na setlist, a californiana se divertiu, chorou, cantou e encantou o público carioca, que tanto aguardava a apresentação solo da artista na cidade. Foi quando anunciou a performance de “Swish Swish“, seu último clipe cuja participação especial é de ninguém menos que a brasileira Gretchen.
Mas apesar dos pedidos e da constante expectativa da participação da famosa no show, Gretchen não compareceu ao show do Rio. Em São Paulo, as duas protagonizaram um dos momentos mais divertidos da turnê.
A faixa abriu espaço para a penúltima música do show, “Roar“.
“Firework”
Após a última saída do palco, uma enorme mão inflável foi erguida na parte frontal da passarela do palco de Katy Perry. Em uma plataforma, a artista apresentou a última música de sua passagem pelo Brasil com a Witness: The Tour, “Firework“.
Katy Perry. Foto: Divulgação/Kevin Mazur/Getty Images
Mas nem tudo foram flores. Sem nada que a escorasse e a mais de dois metros de altura em cima do palco, Katy se deparou com um problema: seu longo vestido estava prendendo. Apesar de atrapalhar, a situação não abalou o fim do show, que contou com a descida solene da norte-americana enquanto a mão cenográfica parecia se fechar.
Veja fotos e vídeos do show:
Veja a setlist do show:
